Um mês da Lei Seca
Quando se discute a Lei Seca, vejo que se fala em diminuição de acidentes, isto é algo muito positivo. Também vejo que a mídia quando faz matérias jornalísticas, mostram os agentes autuando, mas não motoristas com baixo teor de álcool e sim, bêbados no volante. Fazem questão de entrevistar tais bêbados para sensibilizar a sociedade.
Algo interessante é que, com raríssimas exceções algumas mídias fazem matérias mostrando o lado contrario, por exemplo, pouco se vê matérias de especialistas no assunto, que são contrários a Tolerância Zero.
Quanto a redução de acidentes eu prefiro acreditar que esteja ocorrendo não pela tolerância zero, mas sim, pela fiscalização que se tem feito, coisa que certamente com a antiga lei caso fosse aplicada reduziria também.
Neste tempo em que a Lei Seca está em vigor o que estamos observando? As vendas de bebidas alcoólicas estão sendo vendidas normalmente, sem diminuo do consumo. As blitz estão acontecendo e os motoristas estão criando meios ( jeitinho) de se safarem, seja por meio da corrupção, comprando agentes de transito ou mesmo desviando das blitz.
No caso das cidades menores, não está havendo blitz – que normalmente é feito pela policia militar – pois entre suas atribuições há outras prioridades, haja vista outros tipos de violências, e a população se sente desprovida de segurança. Enquanto se disponibiliza carros, vários militares para blitz a cidade fica sem segurança. Sendo assim, somente há punições para aqueles que dirigem embriagados quando cometem algum acidente e são surpreendidos pela policia militar.
Enfim, ainda que a mídia procure criar uma situação de formar opinião de que a lei está correta, e assim conquistar a população para que a adere, vemos que ela não está sendo ingerida pela sociedade. Talvez o que esteja reduzindo os acidentes é o fato dos agentes estarem nas ruas fazendo a lei ser aplicada, repito; caso fosse a lei anterior reduziria da mesma forma. Enfim, o que leva o cidadão a não respeitar leis é a impunidade e a falta de estrutura de sua aplicação.
Não acredito que são os bebedores sociais os responsáveis pelo numero expressivo de acidentes no transito, mas sim, aqueles que dirigem embriagados, pois se levarmos em conta o numero de pessoas que consomem álcool em relação aos acidentes causados por ingestão de bebidas veremos que a porcentagem não passa de um digito. E os dados estatísticos da saúde demonstram que dentre aqueles que fazem uso de bebidas alcoólicas 10 % são dependentes ou fazem uso abusivo do álcool.
Finalizo dizendo, sou favorável que todo aquele que dirija embriagado deva ser penalizado com rigor, afinal é um homicida no volante e quantas vidas são ceifadas por estes irresponsáveis. No entanto, o rigor da nova Lei é o maior fator dela não ser aplicavél, pois se torna utópica e sem condições estruturais de serem aplicadas. Já estamos observando que, a cada dia que se passa vai sendo menos aplicada, os próprios agentes vão caindo na realidade que é impossível sua aplicação, haja vista o transtorno que ela causaria caso fosse cumprida ao pé da letra.