a morte!

"Morrer é uma destas duas coisas: Ou é igual a nada, e não sente nenhuma sensação de coisa nenhuma; Ou, trata-se duma mudança, uma emigração da alma, do lugar deste mundo para outro lugar. “Se não há sensação, se é como um sono que nada vê nem sonha, maravilhosa vantagem seria a morte (SOCRATES)”.

Tudo o que sabemos e como sabemos com relação à morte, nada tem a ver realmente com o substrato real de seu significado. Quando vemos certa pessoa se aproximar de seus sessenta anos, logo se deduz que seu fim está próximo. Reduzimos nossa idéia da morte ao tempo. Ele quem pode definir quando e quem morrer. Mas será que isso é realmente assim? Será que o tempo tem esse poder definitivo?

Desde a antiguidade, esta idéia paira na sociedade. Não é muito difícil perceber isto, até mesmo dos sábios, que tinham em sua aljava um verdadeiro arsenal de coerência e distinção com relação aos demais. Para servir de exemplo vou tomar aqui a figura filosófica de Sócrates. Este, quando estava diante do tribunal para se defender das acusações que lhe imputaram, argumentava que não tinha mais nada a perder, dado que já estava de idade avançada. No entanto, não deixou de se defender para prolongar sua vida. Mas de modo geral, pode-se perceber que, para que a morte não seja um suplício ou uma desventura, deve-se de maneira mais dinâmica e direta, compreender qual o motivo de estarmos aqui, passando esta "curta temporada". Será que tem uma finalidade prévia para estarmos realmente aqui? Ou será que viemos da conseqüência do destino simplesmente, como dizem muitos?

Heidegger afirma que o homem é um ser no tempo, um ser dado a existência. Mas por quem? Para que? Será ele apenas um ser igual todos os outros, com um começo e um fim determinado? Devemos na verdade perceber, que não somos simples seres dados a existência, que não fomos dispostos diante da realidade existencial apenas para nascermos, crescermos e num determinado momento morrermos. Temos algo que nos diferenciam dos outros seres. Primeiro, a razão; segundo, um substrato de divindade; terceiro, que somos construtores. Isto já nos diferencia de todos os outros seres, e põe de qualquer forma em xeque a definição heideggeriana de “dado” de “ser aí” simplesmente, nos responsabiliza. Para Sócrates havia dois princípios que seriam fundamentais para o homem viver: o primeiro era uma vida, segundo a qual, respeitasse todas as manifestações humanas que levasse o ser humano ao pleno sentido da vida, ou seja, a justiça fundada nos valores da democracia em busca do bem comum; o segundo era viver segundo a prescrição dos deuses.

Para Sócrates, o homem que vivesse nestes moldes jamais poderia temer a morte, porque como exposto no início, era bem mais venturoso morrer do que ter uma vida desregrada. Pois, só na morte que se poderia contemplar as maravilhas do limbo, poderia contemplar os verdadeiros juízes. Não é diferente quando tomamos o modelo cristão, dado que para os cristãos a vida deve ser uma vida repleta de justiça e caridade, ou seja, no amor mútuo. É evidente que, segundo essa premissa, não teria motivo algum o lamento e a angústia com relação à morte, pois, as pessoas que praticasse todos os atos de caridade e “perfeição” não teria outro destino senão a contemplação da face de DEUS na eternidade.

Mas, como muitos os exemplos nos mostram que a realidade da morte deixa, mesmo no mais preparado, certa angústia, pode-se levar em conta a enigmática dúvida que isso nos remete. Ou seja, não sabemos qual é a segurança no “post - mortem”. Realmente este mistério nos afoga de medo, e porque não dizer angústia. Terá afinal uma saída para esse impasse aterrorizador? Pascal responderia da seguinte forma: temos duas opções: ou você vive uma vida pautada nos valores e vive bem; ou vive segundo os prazeres não levando em consideração nada do que se conhece por justiça, mas apenas, seguindo seus instintos. Se depois da morte existir vida e você estiver vivido segundo os valores e caridade, diz Pascal, terá ganhado a salvação, " tudo"; por outro lado, se gozou de todos os prazeres terrenos você estará de um todo, em prêmio a “condenação”, o que seria eterna amargura.

Por fim, no pior das hipóteses, é necessário que, com relação à morte sigamos o exemplo dos “sábios” que não teria alternativa, senão, o viver e contemplar a vida com solicitude e gratidão defendendo aquilo que acreditamos e professamos com relação à divindade. Segundo os deveres e direitos da sociedade, para vivermos em harmonia e gratidão conosco mesmos e com os outros. E, aqui, uma última questão; não seria mais coerente uma vida assim?

Joseiton Nunes
Enviado por Joseiton Nunes em 23/07/2008
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