VOCÊ VAI VOTAR EM CANDIDATOS COM "FICHA SUJA"?

Interessante se faz abordar sob o ponto de vista social e cultural no Brasil, as horríveis cenas que nos deparamos diariamente no cenário político em todas as suas vertentes. Essas situações advêm principalmente da ausência da ética e compromisso de gestores e agentes públicos para com a sociedade sejam na malversação do dinheiro público, no desvio de verbas de convênios de toda ordem, na corrupção ativa e passiva, peculato, tráfico de influência, formação de quadrilha, etc.

Esses acontecimentos vêm se firmando como um expoente do cotidiano nefasto de um Brasil - Colônia, onde a subserviência de oportunistas aliada à arrogância de alguns gestores impera de certa forma, suplantando a idoneidade da maioria dos brasileiros, que vêem os seus impostos serem barbaramente usurpados pelos "parasitas de plantão", ou melhor, algumas autoridades constituídas por nós, cidadãos, através do voto.

Mas, o que fazer? Se a malfadada legislação favorece àquele "mau político" no exercício do poder, outorgando-lhe toda a condição para que esteja sempre sob a égide da impunidade através do que chamam de “imunidade”? Acredito que o poder nas mãos de gestores insensatos é resultado do conformismo cultural e inevitável que se instaurou infelizmente no país. Quantos de nós, trabalhadores incansáveis, somos bombardeados pelos meios de comunicação de massa, diariamente? Ações e diligências da Polícia Federal e do Ministério Público que alguns teimam em mostrar para os incautos como rotineiras, nada mais são que as próprias evidências contestadas pela força do "capitalismo selvagem", a ambição desmedida, tendo como resultado essa hipocrisia reinante na quase totalidade do território brasileiro.

Essas operações da Polícia Federal por sua vez, batizadas com os mais diversos e exóticos codinomes representam unicamente a significante força desses órgãos de fiscalização e autuação, responsáveis que são em zelar pela probidade público-administrativa na devida aplicação das verbas públicas, da moral e dos bons costumes, dentre outros fundamentos não menos importantes nesse universo de crimes e delitos em sua maioria impunes e, que nos deixa indignados.

A saúde, educação, as políticas tidas como sociais, as obras de infra-estrutura e saneamento (o maior canal para o desvio do erário público), a cultura, o turismo, em especial, servem como esquema de lavagem de dinheiro por pessoas insensíveis ao drama de milhões de brasileiros que há muito estão à margem das garantias e benefícios constitucionais que nada mais são que os direitos fundamentados e legitimados por nossa Carta Magna.

É notória a atuação de pessoas que se dizem "políticos profissionais" e, por conseguinte, abusam da inteligência de um povo, promovendo barbaramente atos desonestos e, todavia, confundindo as pessoas com toda a sorte de abusos. Políticos de todas as esferas que têm uma ficha criminal sem precedentes desfilam imponentes pelas ruas das cidades. Adquirem sem nenhuma dificuldade, emissoras de rádio e TV, (verdadeiros monopólios da comunicação governamental, diga-se, (de lavagem cerebral), concessionária de veículos, rede de supermercados, imóveis urbanos e rurais, dentre outros instrumentos fazedores de fortunas.

Como uma autoridade que responde a crimes, inclusive hediondos administra um Estado ou Município? O que será das nossas famílias? O que essa nova geração terá como premissa na construção de uma sociedade sem traumas, baseada na lei e na ordem? E os valores pontuais, a moral e o civismo, infelizmente serão na sua integralidade renegadas a um segundo plano?

Quando no simples atraso de pagamento de um carnê, um brasileiro assalariado tem o seu CPF negativado, ficando o mesmo numa situação caótica e deveras constrangido perante toda uma sociedade. Coisas do gênero não ocorrem com os políticos, que mesmo sendo alvo de investigação, continuam ostentando a vil superioridade.

Nesse ano de eleições municipais, o Ministério Público Estadual e Federal; AMB - Associação de Magistrados do Brasil; CNBB - Confederação Nacional dos Bispos do Brasil; OAB - Ordem os Advogados do Brasil, alguns ex-ministros do STF - Supremo Tribunal Federal, dentre outras personalidades e instituições que zelam pela moralidade, defendem sabiamente através de investidas e manifestos, que o político com "ficha suja" deve e pode ser penalizado com a impugnação de sua candidatura. Mas assim não pensa o STF e acredito até com justa razão, em não havendo subsídios legais para tal.

A matéria se esbarra na própria jurisprudência, onde, se oferta ao suposto réu a denominada "presunção de inocência", que (pasmem) se tornou o jargão jurídico do momento, não obstante a força das Leis e da ordem. A legislação nacional, por uma questão de mérito, em muitos aspectos é o que se autodenomina como aberração casuística, pois, ao mesmo tempo, pune e absolve, reiterando as disposições em contrário. Por outro lado, a mesma usurpa a hegemonia dos órgãos reguladores, fiscalizadores e detentores da justiça, fazendo com que esses mesmos atuem com reservas diante de ações que abrem precedentes para a tal e não menos revoltante impunidade.

E o pior se dá quando ouvimos nos bastidores da política provinciana, que um fulano de tal, Governador de um Estado ou um simples Prefeito de um Município qualquer “rouba, mas faz”. Será um sinal do fim dos tempos ou apenas, ausência de espírito crítico, onde a honestidade se reduziu à moeda de barganha? Sem dúvida, nós brasileiros precisamos nos inteirar dos acontecimentos e não constantemente fugir deles. Querer colocar uma "venda" nos olhos e achar que tudo está bom em não estando nada mais é que uma profunda covardia. É preciso ousar! Necessário e urgentemente se faz reciclar e, sobretudo, o mais importante: SABER VOTAR! Até porque, não precisamos de nenhuma ideologia para viver e, na atual conjuntura, para quê?

Pirapora/MG, 22 de julho de 2008.