A EMIGRAÇÃO PORTUGUESA E OS SEUS MEIOS DE COMUNICAÇÃO
A EMIGRAÇÃO PORTUGUESA E OS SEUS MEIOS DE INFORMAÇÃO
Apesar de que várias medidas recentemente implantadas no campo da comunicação social, ainda há muito que fazer para que os emigrantes portugueses se sintam satisfeitos e nutram esperança de que possam vir a ser informados do que ocorre no nosso país e tenham as suas iniciativas divulgadas junto à opinião pública portuguesa.
Um dos problemas que mais preocupam a emigração no campo da comunicação social, refere-se, não só ao que ocorre em Portugal, como também a divulgação junto à população portuguesa dos eventos e realizações das comunidades portuguesas do estrangeiro. Todos nós sabemos e muito se tem dito e escrito sobre este importante tema, mas a verdade é que as respostas a esses questionamentos têm se apresentado insuficientes e quando positivas, chegam em dosagem de conta-gotas.
As últimas medidas de acção governamental adoptadas na Agência Lusa, na RTP-Internacional e na RDP-Internacional, que revelavam que algo de muito importante estava a ser feito e que prometia revolucionar a comunicação social para as comunidades portuguesas, demonstraram-se insuficientes e fica a impressão de que tais iniciativas fracassaram.
Com referência à RTP-Internacional, cuja fundação criou grandes expectativas na nossa emigração mas que, no decorrer do seu funcionamento, tem sendo alvo de inúmeras queixas quanto ao conteúdo da sua programação, está a passar por uma saudável alteração nas suas transmissões, produzindo programas de maior interesse e conseguindo uma intercomunicação entre as nossas comunidades e delas com o território português, o que é uma realidade altamente positiva. A existência de programas como “A Praça da Alegria” e “Portugal no Coração”, que são transmitidos simultaneamente através do Canal 1 da emissora e da RTP-Internacional, vêm permitindo um conhecimento maior por parte de população portuguesa do que acontece nas comunidades portuguesas do estrangeiro, o que resultará, sem sombra de dúvida, num maior respeito e consideração para com os nossos emigrantes. Há notícia de que, em breve, teremos programações diferenciadas para a emigração, resolvendo um dos problemas apresentados com grande frequência pelos telespectadores, que é a diferença de fuso horário em que os programas são transmitidos.
A RDP-Internacional passou também por novas e importantes alterações, dotada de novas instalações a funcionarem no mesmo prédio da RTP, o que, além de reduzir o custo, permitem-lhes uma interacção de objectivos. Novas transmissões e ampliação das existentes, com uma programação mais abrangente, dão-nos a esperança de que os emigrantes estarão melhor informados no que diz respeito à radiofonia, que é o sector que consegue atingir as nossas comunidades mais longínquas.
Na Agência Lusa é que se tinha notícia de mudanças mais abrangentes, aguardando-se uma acção diferenciada e com mais qualidade para a área de Comunidades, pois o noticiário da nossa emigração, ao invés de ser disponibilizado como até há pouco, isoladamente, passou a integrar a rede de noticiário nacional, atingindo toda a comunicação social que utiliza a agência noticiosa oficial. Por outro lado, a Agência Lusa, além do seu tradicional serviço noticioso de texto, que inclui as principais notícias nacionais, internacionais, desportivas, económicas e de África, passaria a disponibilizar mensalmente, 120 peças de imagem com som e 120 registos magnéticos. Esses serviços, designados como Comunidades TV e Comunidades Rádio, ainda contariam com a cobertura fotográfica dos principais acontecimento nacionais, serviço este denominado Comunidades Foto, que assegurariam uma cobertura, sem comparação, aos órgãos de comunicação social das nossas comunidades emigrantes, mas que, na prática, pouco resultaram.
Foram promessas cuja aplicação tem sido pouco sentida e que precisam vir a merecer a atenção do governo, pois, nos últimos meses nota-se uma clara redução de informações na área das comunidades emigrantes, deixando os portugueses residentes no estrangeiro preocupados e descrentes da validade das providências adoptadas, que deveriam apresentar resultados inversos, considerando-se os elevados recursos gastos e ao interesse anunciado pelo governo de produzir um trabalho mais eficiente para a informação das nossas comunidades emigrantes.
EDUARDO NEVES MOREIRA
Ex-Deputado da Emigração na Assembleia da República
Presidente do Elos Clube do Rio de Janeiro
Vice-Presidente da Academia Luso-Brasileira de Letras