PORTUGAL 2006: O INÍCIO DE UMA NOVA ERA PARA A EMIGRAÇÃO PORTUGUESA?

PORTUGAL 2006: O INÍCIO DE UMA NOVA ERA PARA A EMIGRAÇÃO PORTUGUESA?

A partir da eleição do Prof. Aníbal Cavaco Silva para a Presidência da República, a nação portuguesa passa à expectativa de ter alcançado o período de tranqüilidade democrática há muito desejado pelos portugueses, pois que na situação actual vêm demonstrando um certo cansaço confrontados que têm sido pela agitação resultante dos recentes e freqüentes processos eleitorais e por alguns picos de instabilidade política que se refletem numa crescente apatia por novas iniciativas no processo produtivo nacional e pela reduzida intervenção da iniciativa privada na actividade económica carente de um clima mais favorável e afirmativo, mas de absoluta necessidade para a realidade do nosso país.

Com a posse do novo Presidente da República, o governo chefiado por José Sócrates terá, pela primeira vez, oportunidade de governar sem estar pressionado pela proximidade de novas eleições e adoptar as medidas mais necessárias ao país sem a preocupação de que as mesmas sejam as mais “politicamente corretas” para a ocasião, pois não há o que temer quanto à avaliação política das mesmas pelo povo nas urnas, visto que eleições agora, só em 2009.

A população portuguesa emigrada, (cerca de 4.500.000 indivíduos) mas com uma participação política na vida nacional muito aquém do que seria desejável e aceitável, também está com grandes expectativas considerando que o Prof. Cavaco Silva anunciou que, se eleito, fará criar na Presidência da República uma assessoria especial para os assuntos das comunidades portuguesas no estrangeiro e, sempre que se divulga uma nova acção que possa vir a corrigir a deficiência verificada para com os emigrantes, estes reagem com um clamor de esperança quanto ao seu futuro e quanto ao reconhecimento do seu devido valor, elementos fundamentais para a sua real integração no espaço português e nos destinos da nossa nação. Embora a política relativa às comunidades portuguesas emigrantes tenha a tutela do Ministério dos Negócios Estrangeiros através da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, o facto de haver uma assessoria política voltada para auscultar os interesses e os anseios dos portugueses espalhados pelo mundo é uma notícia alvissareira, de grande alcance e que poderá trazer resultados muito importantes para uma maior integração entre todos os portugueses.

Os resultados auferidos das últimas eleições presidenciais com referência aos portugueses residentes no estrangeiro são desanimadores: dos 187.370 recenseados (o que já é um número muito abaixo do que podia se esperar), apenas cerca de 10% deles exerceram o seu direito de voto, o que estimula o surgimento de muitas questões entre as quais:

a) Porque os emigrantes não se recenseiam?

b) Porquê tão poucos exercem o seu direito eleitoral?

A resposta a estas e outras questões é que poderão produzir resultados que se traduzam num melhor posicionamento dos emigrantes no contexto nacional e na sua participação no quotidiano do país, aumentando a sua capacidade de integração pela via do seu posicionamento ímpar nas terras em que vivem, fruto de um universalismo que as nossas navegações nos legaram e que as gerações actuais ainda conseguem manter com as suas obras, suas realizações e o seu trabalho desinteressado em prol da continuidade da nossa presença em todos os continentes.

Esperemos que a promessa de S. Exa., o novo presidente de todos os portugueses, seja o augúrio de uma nova era em que os portugueses residentes no estrangeiro e os seus descendentes possam vir a ter uma vida mais participativa nas decisões nacionais, contribuindo com o seu devotamento, a sua fé e o seu patriotismo para a construção do Portugal maior que todos nós desejamos.

Eduardo Neves Moreira

Ex-Deputado pela Emigração na Assembleia da República

Presidente do Elos Clube do Rio de Janeiro

Vice-Presidente da Academia Luso-Brasileira de Letras

Eduardo Neves Moreira
Enviado por Eduardo Neves Moreira em 07/02/2006
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