Libertação e Compromisso
LIBERTAÇÃO E COMPROMISSO
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Benjamim Abdala Junior e Samira Youssef Campedelli afirmam em seu texto Libertação e compromisso que o episódio do “grito”, em 1822, foi a forma que o príncipe D. Pedro I encontrou para preservar o regime monárquico que estava sendo ameaçado pela ascensão política e o apoio da Inglaterra, sendo este um ato menos heróico e mais uma atitude de conciliação política.
O Romantismo de Gonçalves de Guimarães se destaca neste contexto com objetivo de definir uma cultura brasileira nos padrões ideológicos da monarquia, evitando assim um radicalismo ideológico que poderia conduzir à idéia de República. Destacam-se também alguns movimentos, tais como, a Cabanagem, a Balaiada, a Sabinada, e duas revoluções, a Farroupilha e a Juliana, que atravessaram o século XIX até a atualidade, com correspondências literárias. Os escritores deste período dividiam-se entre os regionalistas e os que idealizavam uma cultura nacional com base em modelos românticos importados. Os padrões estéticos da literatura clássica constituíam verdades absolutas da mesma forma que sua situação social, ao contrário do Romantismo, em que a beleza artística seria histórica e de ação individual, buscando as fontes da criatividade artística. No Romantismo encontramos o culto ao conhecimento intuitivo, a rebeldia individual e a procura por motivações para uma aproximação com a realidade, numa tentativa de libertação do gosto estético contra os padrões estipulados e imitáveis. A realidade para o romântico era o ponto de partida para a manifestação de suas emoções, numa tentativa de distanciar-se de um cotidiano utilitarista para um mundo de sonho, registrado em folhetins e livros (meios de comunicação da época).
A crítica literária considera o Romantismo como um movimento contraditório, uma reação emocional e irracional contra o racionalismo da burguesia. Desse subjetivismo podemos destacar algumas das principais características do movimento: a subjetividade, a evasão da realidade, a procura da natureza, o ideal de reforma da sociedade, a descoberta da história e a idealização do amor. A amplitude temática e o exagero emocional do Romantismo não se adequaram às regras estáticas do Classicismo, rompendo-se os esquemas da poesia, transformando o romance em uma epopéia em prosa. Há contradições e diferenças nacionais em relação a esta prosa: progressista na França e conservadora na Alemanha, de um lado um romantismo preocupado com questões democráticas e sociais; de outro, um romantismo nacionalista e conservador. No Brasil o processo de afirmação da Independência coincidiu com a instauração do Romantismo, com um forte apelo nacionalista, tendo como marco inicial à publicação de Suspiros poéticos e saudade de Gonçalves de Magalhães, em 1836.
Segundo a crítica literária, podemos classificar as produções românticas em: a) Primeiros românticos, iniciado com produções comprometidas com a estética clássica, chamado de Romantismo oficial com as seguintes características: preocupação com a poesia lírico-religiosa e dá destaque ao nacionalismo literário. Integram-se a esse agrupamento os autores que foram influenciados pelos escritores ingleses e franceses e introduziram na literatura brasileira o conto, a novela, o romance e o teatro. São eles: Gonçalves de Magalhães, Araújo Porto Alegre e Dutra e Melo; b) Romantismo nacional e popular, voltado para o passado nacional e para o romance indianista na busca de raízes nacionais. Destacam-se aqui, José de Alencar na prosa e Gonçalves Dias na poesia. Dentro desta perspectiva nacional e popular, figuram escritores que romperam com o Romantismo encaminhando-se para a caracterização mais realista: Manuel Antônio de Almeida, Franklin Távora, Alfredo D’Escragnolle Taunay e Bernardo Guimarães. C) Romantismo individualista, subjetivo ou ultra-romantismo, em que predomina o negativismo do Mal do século, destacando-se a angústia, a desilusão e a obsessão pela morte. Destacam-se os poetas Álvares de Azevedo, Junqueira Freire, Laurindo Rabelo, Fagundes Varela e Casimiro de Abreu. D) Romantismo político-social em que se destacaram poetas preocupados com a questão política-social. São eles: Castro Alves, Luís Gama, Pedro Luís, Narcisa Amália e o mais recente descoberto pela crítica, Joaquim de Souza Andrade.
Para Antonio Soares Amora o romance ganhou o gosto do público com a incorporação da técnica folhetinesca, classificando-se da seguinte forma: Romance histórico, em que há a intenção de estímulo de condutas do presente, através de exemplos do passado; Romance de atualidade ou urbano, com temática indígena e o Romance regionalista, voltado para o homem das regiões interioranas. Já a poesia romântica dá ênfase ao social e ao lirismo subjetivo, dividindo-se em: primeira geração, indianista; segunda geração, ultra-romântica e terceira geração, condoreira. No teatro romântico destacam-se peças como: Antônio José ou o poeta e a Inquisição de Gonçalves de Magalhães, O juiz de paz da roça, O Judas em sábado de Aleluia, O noviço de Martins Pena, Camões e o jaú de Casimiro de Abreu, Leonor de Mendonça de Gonçalves Dias e o Demônio familiar de José de Alencar.
Os autores ainda dão destaque ao jornalismo como um novo espaço para a literatura e grande veículo de divulgação desse período, em que foram publicadas, nos principais jornais, as novelas de folhetins, editadas em capítulos, dos grandes poetas e escritores da literatura brasileira.