ACIDENTE DA TAM - ATÉ QUANDO?

Um ano se passou e as chamas continuam queimando o coração de centenas de pessoas, familiares, amigos, mestres, colegas de estudo e de trabalho das 199 vidas ceifadas no “crime”, divulgado pela imprensa como “acidente aéreo”, ocorrido em Congonhas, em 2.007. a fumaça parece que aumenta a cada dia, diante das investigações (?), ocultando a verdade.

Eu não me julgo pessoa muito culta, mas pelo pouco que conheço, como advogado e leigo em aviação, posso até concordar que as tais investigações não estejam totalmente conclusas e que se encontram dentro do prazo considerado normal pelos padrões internacionais, mas tenho certeza que em países mais civilizados, pelo menos uma dezena de responsáveis estaria aguardando essas conclusões atrás das grades.

Mas aqui sente-se no ar a tentativa de imputar parte da causa da tragédia aos pilotos, que não podem mais falar e tinham sua competência ilibada, exaustivamente comprovada e até invejada.

Qualquer viajante sabe que, em início de vôo ou aterrizagem, os pilotos estão à mercê dos controladores de vôo e até estes vivem submissos a ordens superiores.

Naquela fatídica semana vários incidentes precederam a tragédia, pilotos e controladores, com os nervos a flor da pele, alertavam para a falta de condições do aeroporto, mas interesses maiores e escusos, com raízes nos órgãos responsáveis, atropelaram o respeito à vida. Após o crime começou o costumeiro jogo de empurra que culminou com os apagões nos principais aeroportos. Quantas vidas isso custou? Órgãos a serem transplantados que não chegaram ao seu destino, profissionais da saúde, da justiça, da agricultura, do meio ambiente, etc., que tiveram seus trabalhos interrompidos...

Anac, Infraero, Ministérios, empresas como a própria TAM, a VARIG, a GOL e todas as outras também incumbidas de zelar não só pelos lucros, mas por milhares de vidas, continuam usufruindo da impunidade que graça em nosso cotidiano.

Até quando?

Até quando o cidadão brasileiro com lisura de caráter, trabalhador honesto e “contribuinte” vai continuar sustentando tantos órgãos públicos que só servem para dar emprego e posições politicamente estratégicas a pessoas sem competência e sem espirito de cidadania.

Até quando assistiremos banqueiros, indignos desse título, sendo presos e soltos em menos de 24 horas, enquanto processos contra corruptos confessos, mas em liberdade, se arrastam ano após ano, sem possibilidade de conclusão?

Hoje, impotente e envergonhado, só consigo me solidarizar com familiares e amigos de 199 brasileiros e, junto com eles gritar: ATÉ QUANDO?

SP. 17/07/08

Fernando Alberto Couto