Completando 18 anos o Estatuto da Criança e do adolescente (ECA), não sabemos o certo se temos algo para comemorar, pois durante ao longo do tempo podemos constatar a fragilidade desse Estatuto, apesar dos avanços.
Sabemos que a história da infância no Brasil foi marca pelo preconceito e pela exclusão das crianças. Nos estudos, há evidências, que na frota de Pedro Álvares Cabral já havia adolescentes, que juntos aos degregados, vieram para executar o trabalho pesado e insalubre.
Nas décadas e séculos se enraizou na sociedade, que os menores eram seres sem direitos ou adultos em miniaturas, onde a população infanto-juvenis indígenas, negras e seus descedentes, eram vítimas de uma ideologia que os caracterizavam, quando muitos, de filhos de seres humanos "inferiores"
Houve o Código de Menores de 1927, baseada na dura lei americana cuja a visão desse documento era ao mesmo tempo, discriminatório e assistencialista sobre a infância.
Esse dispositivo jurídico reinou por mais de uma dácada, só em 1979 o pa´s atualizou o diploma, com a Lei 6.697 ( ainda sob a égide da ditadura militar): vigiar e punir a "infância irregular".
Sabemos, que os 18 anos do ECA é um período curto para dar conta de uma mudança radical como propõe o estatuto com relação à infância. Porém a falta de vontade politica dos poderes públicos contribuem para que os objetivos do ECA avancem de uma forma tão lenta.
No Livro I Das disposições preliminares, diz:
ART.3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da PROTEÇÃO INTEGRAL de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades.
Diante desse artigo, da Lei que deve ser cumprida, pergunto: Os Conselhos Tutelares possuem estruturas, para poder atuar com eficiência no atendimento, que as nossas crianças e adolescentes necessitam? As dezenas de crianças que morreram na maternidade ? E as nossas milhares de crianças e adolescentes que sofreram abuso sexual e físico e muitas que foram mortas? Onde se encontram as nossas crianças abandonadas e perdidas? A polêmica sobre a questão da maioridade penal? O trabalho infantil, às barbas da sociedade e dos poderes públicos? `As nossas crianças fora das salas de aula para irem para sinaleiras? Como o nosso País pode depender dessa crianças futuramente se um futuro digno lhe é negado?
O Estatuto deveria sair da folha do papel , ser respeitada e aplicada corretamente, dando prioridade absoluta em favor das crianças e dos adolescentes, pois uma lei sozinha nada muda, é necessário o engajamento de todos: sociedade e os poderes públicos .