Espanha/Atentados
Espanha
Quando começaram a aparecer nos noticiários imagens do que tinha acontecido no sistema de transporte da Espanha, dentro de meu pensamento surgiu logo uma interrogação. Quem foi?
Depois das notícias, imagens e das cenas de desespero e dos comentários dos “ entendidos”, que procuram encontrar uma lógica para os atos, fico recolhido dentro de meus pensamentos e novamente surge uma pergunta. Somos civilizados?
Enquanto o tempo transcorre e as opiniões vão mudando de acordo com as investigações que surgem e apontam um novo e provável culpado para a barbárie que é apresentada perante o mundo, novamente minha lógica interroga. Para onde estamos indo?
Diante de tantas perguntas que serão respondidas apenas parcialmente, surgem outras alternativas que procuram deslocar o centro das atenções para um outro rumo que não aquele que nos é apresentado como única vertente e verdade.
Se observarmos o mundo de forma honesta, imparcial, sem paixões ideológicas e mesmo preconceitos talvez seja mais fácil entender e conseguir resolver todas as crises que afetam a nossa sociedade. Hoje matamos em nome de normas, separações ideológicas, religiosas e econômicas.
Cada um se coloca por traz de suas fronteiras, seus castelos e muros e imagina que não será alcançado por seu rival. Aquele que se sente preterido e apenas sobrevive dentro de um mundo de divisões, que segrega toda forma de pensamento, acha a motivação para todo o tipo de atitude de terror.
O terror não é apenas a explosão que mata e mutila centenas de pessoas, mas, sim o medo que fica instalado dentro da sociedade e de cada um de seus cidadãos.
O que provoca o terror e medo não são apenas motivos religiosos, políticos mas, sim a própria exclusão.Não podemos aceitar tudo que nos é imposto ou seremos relegados ao um segundo plano como se valor algum tivéssemos.
Diante deste plano excludente, que aumenta cada dia mais a diferença entre a pobreza e a riqueza, iremos cada vez mais ver atos de estremada loucura, que se encontram revestidos de certa legalidade dentro da cabeça daqueles que se encontram à margem da sociedade atual.
Não podemos aceitar que nossa sociedade seja civilizada, quando deixa milhares de pessoas morrer de fome, enquanto alguns poucos se exibem em faustos banquetes que criam uma verdadeira afronta a todos os excluídos.
Diante da exclusão, surgem aqueles que ainda pensam e, insatisfeitos com o estado de coisa, tomam as dores dos desvalidos, porque o seu pensamento não é aceito. Diante de tais circunstâncias, assumem o papel de defensores de pobres oprimidos e excluídos. Aí surge, além do aspecto econômico, o lado religioso.
No caso específico da Espanha, não podemos esquecer que a nação foi uma das primeiras a apoiar as loucuras e mentiras do governo Americano. Em razão disso passou as ser vista como uma invasora.
Hoje os gritos de dor e desespero são mostrados em todo o mundo, as falas são repetidas em todos os canais de tv. Buscamos um culpado, um terrorista para que possamos descarregar em cima dele nosso ódio com o sinônimo de justiça. Sempre esquecemos os momentos que antecederam e motivaram a insanidade dos terroristas.
Nosso mundo se encontra dentro de um sistema que cada dia mais irá aumentar as diferenças e com isto outros terroristas irão aparecer para tentar chamar a atenção de governos e pessoas sobre o fato..
E se, depois de tanta dor, não conseguirmos entender a mensagem que nos é mandada todos os dias, só nos restará esperar que sejamos a próxima vítima, não dos terroristas mas sim, dos próprios governos que se mantêm no poder, através da força, mentira, enganos e exploração de outros que não podem e não têm poder para se libertar.
Não podemos esperar também que o terrorismo irá acabar se prendermos “os Bin Laden” que existem por aí, disseminados pelo mundo.Sempre surgirão novos terroristas, enquanto o mundo não for igual, tolerante e eqüitativo e que a diferença entre a riqueza e a pobreza não seja tão grande.
Outros atos extremados irão acontecer em outros lugares, milhares irão morrer. A única saída não será chorar, procurar culpados e criar mártires , mas,sim transformar a nossa sociedade.
De nada adiantará uma louca caçada aos culpados, se não houver uma mudança de atitude dos governantes. Temos que combater não só os “terroristas” pois eles são frutos da exclusão social e econômica, mas este sistema que mantém meia dúzia no topo da pirâmide social, enquanto a maioria não passa de pobres diabos que apenas sobrevivem.
Só iremos combater e conseguir acabar com os terroristas, quando diminuirmos as diferenças, formos tolerantes e conseguirmos amar o nosso semelhante. Isto, porém, é algo que nenhum politico deseja, apenas faz parte do discurso.
13/04/04-VEM