Luis Braille

A imaginação aliada à ação nos leva aos cumes da realização, quem não imagina acaba por perder-se nas sombras da mesmice, e arrasta-se pela vida sem utilizar uma das mais fantásticas potencialidades do ser humano – a capacidade de imaginar.

O que muitas vezes parece predestinado a não acontecer, pode acontecer se utilizarmos a imaginação.

E para imaginar não precisamos possuir parruda inteligência, ou algum predicado especial, para imaginar, precisamos apenas dar asas a essa capacidade inerente a todos os seres humanos.

E como imaginou um jovem de nome Luis!

Imaginou que um dia, mesmo sendo cego, poderia oferecer a seus companheiros de deficiência visual possibilidade de dias melhores.

Imaginou que todos são iguais e merecem atenção e respeito, nada de discriminações e espetáculos bizarros. Certa vez, na cidade de Paris, na feira de Santo Ovídio, o bondoso Valentin Haüy, homem que inaugurou a primeira escola de educação a cegos, presenciou fato lamentável; um empresário sem escrúpulos fazia dez cegos exibirem-se como fantoches.

A falta de respeito leva não raro às pessoas cometerem absurdos!

Aquilo indignou Valentin Haüy, criatura generosa, foi o precursor do método Braille, trabalhou como nunca pelo bem dos deficientes visuais, em sua escola fez adaptações que possibilitavam aos deficientes visuais perceberem as letras em alto relevo, e assim tomarem contato com as palavras, formando algarismos, números, frases.

Mas voltemos a Luis Braille:

O pequeno francês Luis nascido a 04 de janeiro de 1.809 na cidade de Coupvray, aldeia próxima à cidade de Paris, feriu um de seus olhos quando brincava na oficina do pai, o ferimento infeccionou e logo transmitiu-se para à vista saudável, não tardou para o garoto vir a ficar completamente cego ainda criança.

Ficou cego, mas não sem imaginação, porquanto, o verdadeiro cego não é aquele que não enxerga, mas sim, o que não imagina.

Em 1.819 foi internado na instituição de jovens cegos. Em 1.821,o Capitão Carlos Barbier interessou-se pela escrita dos cegos, apresentou sua escrita noturna, que após várias evoluções consistia em grandes caracteres em auto relevo, porém, a dimensão dos caracteres deixava o sistema pouco prático.

Todavia, foi a base para que Luis a partir de 1.825 realizasse seus trabalhos, e com o apoio de outros tantos deficientes visuais, desenvolvesse o sistema de sinais que herdou seu nome - Braille – o método ganhou força, e graças ao esforço dos deficientes visuais que lutaram para sua implantação, proliferou-se pelo mundo descortinando a eles portas até então inimagináveis, colocando-os em interação com o universo das letras, dos livros, da poesia...

Desde então, os deficientes visuais puderam enxergar a vida de uma forma mais colorida.

A Porta do conhecimento estava aberta, Braille dera a todos a chave para desenvolver suas potencialidades. Toda uma revolução na vida dos deficientes visuais, nada de isolamento, agora, a vida de fato se abriria a eles.

Poderia ele se acomodar à situação, poderia Braille ficar inerte diante da fatalidade que a vida lhe reservara.

Fatalidade? Na vida não há fatalidade, a Luis Braille estava reservada a missão de trazer luz para seus amigos de deficiência visual.

Em o Livro dos Espíritos, questão de nº 924, Kardec indaga os mentores que o assistem:

P – 924 - Existem males que independem da maneira de agir e que atingem até o homem mais justo; tem ele algum meio de se preservar deles?

R – Ele deve se resignar e suportá-los sem lamentações, se quiser progredir; mas sempre possui uma consolação na sua consciência que lhe dá a esperança de um futuro melhor, se faz o que é preciso para obtê-lo.

Foi o que fez o gigante francês, resignou-se ante o inevitável, contudo, uma resignação sábia, uma resignação que confia no futuro, e por confiar nesse futuro, trabalha para que ele seja melhor.

Confunde-se resignação com inércia, com aceitar passivamente as coisas, nada porém, vai mais distante da realidade. Resignação de fato é aquela que trabalha pela melhoria, resignação produtiva é aquela que gera ação.

Espíritos como Braille, enxergam longe, onde o homem comum se debulha em lágrimas, almas como Braille percebem a oportunidade de fazer sorrisos.

Onde o homem comum vê motivos para reclamar, almas como Braille enxergam momentos de evoluir.

Enquanto alguns queixam-se aos quatro ventos, outros agradecem o mundo inteiro.

A alma enxerga muito além do que os olhos físicos vêem , são os olhos da alma que percebem oportunidades, são os olhos da alma que conseguem fazer frutificar esperança, são os olhos da alma que presenteiam a humanidade com descobertas desse quilate.

São os olhos da alma que imaginam!

Os olhos da alma evoluída não impregna-se com a miopia do desânimo, sua visão está desenvolvida, acurada, cristalina a procura do progresso.

Tive a felicidade de conhecer dos deficientes visuais, Ademar e Fernandinha, dois grandes amigos, amantes da literatura, e que brindam-nos com pérolas de otimismo, escritores de talento, vestem a camisa do amor e do entusiasmo por um mundo melhor.

Ademar é de Pindorama – SP, escritor com livro publicado, o leitor poderá contatá-lo através do site - http://www.cegotambemegente.com.br/ e o email -ademar@saci.org.br

Fernandinha é de Campinas e desfila seu talento pelo site Recanto das Letras – www.recantodasletras.com.br, o leitor a encontrará com o nome de Fernandinha Amiga, seu e mail é fernandinha.radio@zipmail.com.br

Duas nobres figuras que as limitações físicas não impediram de crescer, almas que assim como Braille, espalham alegria, bom ânimo e esperança por onde transitam.

Eis amigo leitor, um de nossos maiores desafios, não se abalar ante as “peças que a vida prega”, buscar o bom e o belo sempre, cultuando a alegria e a certeza de que dias melhores virão, com certeza!

Pensemos nisso!

Fonte de pesquisa

BAPTISTA, José Antônio. a invenção do braille e a sua importância na vida dos cegos. http://www.gesta.org/braille/braille01.htm. Acesso em: 15/12/2006.

KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. 50.ed. Trad. Guillon Ribeiro. Rio de Janeiro, Federação Espírita Brasileira, 1980. 429 p.

Wellington Balbo
Enviado por Wellington Balbo em 11/07/2008
Código do texto: T1075678