Mitologia e Doutrina Espírita
Segundo a mitologia grega, a Terra fora governada por Urano durante muitos anos e seu filho Cronos, Rei dos Titãs, acabou por destroná-lo ,assumindo o poder. Urano, então, atirou uma maldição em Cronos: Seu próprio filho o destituiria.
Com medo de que a maldição se concretizasse, Cronos devorava todos seus filhos, porém, sua esposa Réia, quando do nascimento de Zeus, enganou Cronos, escondendo a criança e dando-lhe um potro. Cronos, achando que o potro era seu filho, acabou por devorá-lo.
Nesse ambiente cresceu Zeus, e aterrorizado com as barbaridades do pai, prometeu-lhe vingança, ao conhecer seus irmãos Hades e Poseidon, armou a batalha para cima do pai e dos Titãs.
Após grande combate, a profecia se cumpriu, Cronos, foi destituído, os Titãs, atirados ao Tártaro, uma espécie de inferno mitológico, e Zeus e seus irmãos, Hades e Poseidon, dividiram o reino.
Zeus, ficou com o céu, Poseidon, com os oceanos e Hades com o reino dos Mortos.
Zeus, casou-se com sua irmã Hera e com ela teve Hefesto, deus do fogo e Hebes e Ares, deus da guerra, porém ,antes fora pai de Atena fruto de sua união com Hera, já com sua irmã Démeter, foi pai de Perséfone.
A mitologia grega demonstra que o homem traz latente, inato, a certeza de que algo além de sua capacidade de discernimento governa os rumos do universo.
A Doutrina Espírita, joga luz sob esse assunto, nos mostrando as razões das crenças politeístas.
Na questão de nº 667 – Lei de Adoração – Kardec questiona os sábios da espiritualidade:
P - 667 Por que o politeísmo é uma das crenças mais antigas e divulgadas, apesar de ser falsa?
R – O pensamento de um Deus único só poderia ser, para o homem, resultado do desenvolvimento de suas idéias. Incapaz, em sua ignorância, de conceber um ser imaterial, sem forma determinada, agindo sobre a matéria, deu-lhe o homem as características da natureza corporal, ou seja, uma forma e uma figura. Desde então, tudo o que parecia ultrapassar as proporções da inteligência comum era uma divindade. Tudo que não compreendia devia ser obra de um poder sobrenatural, e daí estava a um passo de acreditar em tantos poderes diferentes quantos eram os efeitos que observava. Mas em todos os tempos houve homens esclarecidos que compreenderam que governar o mundo com essa multidão de poderes seria impossível sem uma direção superior e conceberam o pensamento de um Deus único.
Hoje, mais aptos a compreender os desígnios do Pai, sabemos que Deus, inteligência suprema e causa primeira de tudo e todos, é único, imutável e perfeito.
Nós, seus filhos, ainda aprendizes da arte de viver, vamos neste planeta moldando-nos como sua imagem e semelhança através das provas do dia a dia.
Porém, em nossos arquivos, ainda trazemos os resquícios daquela época politeísta, onde deuses antropomórficos transitavam pelos palcos do mundo.
E de forma sutil, deixamos escapar esses resquícios que teimam em acompanhar nossa forma de pensar e repercutem em nossa maneira de agir de duas formas:
1º Quando acreditamos que somos Deus.
2º Quando endeusamos pessoas.
Quando acreditamos que somos Deus, como os da mitologia, julgamo-nos acima de tudo e todos e recusamo-nos a descer do Olimpo de nosso ego.
Extravasamos todo egoísmo e cremos que o mundo gira em torno de nós mesmos.
Humilhamos com palavras rudes e manipulamos com o poder.
A semelhança de Cronos, devoramos aqueles que julgamos atrapalhar nosso caminho.
Aliás, a atitude de Cronos demonstra o demasiado apego pelo poder que vai na alma humana.
Em todas esferas de atuação da humanidade, vemos que pessoas que conquistaram o poder lutam a todo custo para perpetuá-lo em suas mãos. Debatem-se em estratégias mirabolantes para não deixarem escapar a oportunidade de comandar.
Corrompem, enganam, usurpam, tudo para continuarem no comando das ações, ditando as regras do jogo.
Até que a morte, essa despertadora de ilusões, vem dizer-lhes:
Deus é único, tu és somente um de seus filhos. Venha, vamos embora, esta na hora de acordar dessa fantasia!
Alguns ainda tão atrelados ao poder terrestre, inconformados com o fenômeno da morte física, se recusam a seguir caminho e permanecem por aqui, associando-se a criaturas encarnadas que guardam afinidade com suas idéias.
Por sentirem-se Deus, marcam passo na senda da evolução!
Há também o endeusamento de pessoas, criaturas humanas, que são içadas ao patamar de ídolos.
Cobradas, invadidas em suas intimidades, são julgadas pela opinião pública sem piedade.
Ao agir assim criamos deuses de barro que facilmente se quebram, porquanto, são humanos, espíritos que como nós, estão em processo evolutivo. Como exigir-lhes perfeição?
Como cobrar-lhes em demasia se assim como nós são também frágeis?
Imaturo é o homem que exige perfeição de seu semelhante e não respeita seus limites.
A Doutrina Espírita oferece nesse particular profundos subsídios para que não venhamos a nos iludir.
Nos informa que somos alunos do educandário terrestre, espíritos em busca das virtudes que nos conduzirão ao altar da perfeição relativa. Pensando dessa forma, dificilmente nos enredaremos pelos tortuosos caminhos da arrogância que noz faz achar que somos Deus, ou pelos caminhos da ingenuidade que noz faz ver em seres humanos como nós, uma réplica da divindade.
Pois perfeição absoluta, só Deus a possui.
Pensemos nisso!
Fonte de pesquisa
http://www.wikipedia.org/Wiki/Mitologia_Grega. Acesso em: 15/12/2006.
KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. 50.ed. Trad. Guillon Ribeiro. Rio de Janeiro, Federação Espírita Brasileira, 1980. 322-323 p.