A morte do pequeno João Roberto

O Brasil é o país do paradoxo, da discrepância e da total falta de amor ao próximo. Quem deveria proteger, agora exerce outra função, dissipa a vida humana, pessoas inocentes, de bem têm sua vida ceifadas sem dever nada a ninguém, seu único erro foi morar em um país onde atualmente impera a matança.

A cidade maravilhosa também é horrorosa, maravilhosa em seus cartões postais, belezas naturais construídas pelo Criador, hospedando inclusive uma das sete maravilhas do mundo moderno. Mas como disse, esse país é um total paradoxo! Com todas essas belezas o Rio de Janeiro vive hoje uma verdadeira guerra civil encoberta pelas autoridades, uma guerra onde o trágico está sempre do lado de quem não tem absolutamente nada com esse combate.

Nesta segunda-feira, 07 de julho de 2008 mais uma vítima inocente dessa peleja. A criança João Roberto Amorim Soares de três anos foi baleado por policiais dentro do carro com a sua mãe e seu irmão de nove meses, infelizmente João não resistiu aos tiros e veio a desencarnar. Segundo a polícia, o carro em que a criança estava foi confundido com o de bandidos que horas antes praticara furtos. Essa é a desculpa para ter metralhado o carro, isso porque a mãe de João teria encostado o carro na guia para dar passagem à polícia.

A explicação é banal, ceifar a vida de pessoas não tem justificativas que convence. Não se pode sair pela rua atirando para todo quanto é lado, se a situação do Rio chegou nesse estado é pura culpa do poder público que não soube controlar o avanço das gangues, dos comandos que mandam e desmandam, fecham o comércio, paralisam escolas, aterrorizam o povo de bem, fazem da cidade maravilhosa a cidade horrorosa, a cidade do medo onde morrem tantas pessoas quanto no Iraque que está em guerra.

Despreparo? Até quando os policiais continuarão despreparados para proteger a população? Até quando vamos aceitar essas desculpas? Em uma cidade em guerra civil escancarada onde chove tiros das seis da manhã até as seis da tarde, sete dias por semana, trinta dias por mês é um absurdo alegar despreparo, então justifique por que admitir alguém despreparado?

A voz do povo clama por justiça, os nossos heróis já não nos defendem mais, nossas vidas estão por um fio e os seres humanos já não amam mais o próximo.

Giomário Nunes Torres
Enviado por Giomário Nunes Torres em 08/07/2008
Reeditado em 11/07/2008
Código do texto: T1070042
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