O IMPERADOR DA LÍNGUA PORTUGUESA
O ano de 2008 é dedicado aos 200 anos da vinda da família real para o Brasil. Mas, lembra, também, os 400 anos do nascimento do Padre Antonio Vieira, o Imperador da Língua Portuguesa. Quem lhe deu este título foi o grande poeta português Fernando Pessoa, aquele que disse: “A minha pátria é a língua Portuguesa”.
Antonio Vieira(1608-1697) nasceu em Lisboa, mas veio para o Brasil ainda criança. Em 1623, em Salvador, entrou para a Companhia de Jesus, sendo ordenado Padre em 1635.
Publicada há 90 anos, em Portugal, a “História de Antonio Vieira”, de João Lúcio de Azevedo será relançada no Brasil pela editora Topbooks.
O livro de João Lúcio divide a vida de Vieira em seis períodos: o primeiro, (1608-1640) trata da sua formação religiosa na Bahia e da reação diante das invasões holandesas ao nordeste brasileiro. O Padre Vieira combateu os invasores batavos por meio de suas pregações que o levou a produzir o célebre: “Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal contra as de Holanda”.
O segundo(1641-1650) versa sobre o seu privilegiado papel de conselheiro do rei D. João IV, em Lisboa. Nesse período Vieira atua na diplomacia e termina por misturar política e religião. Vivia num ambiente impregnado pelo sebastianismo (a fé na volta do rei D. Sebastião, desaparecido numa batalha em 1578).
O que, num primeiro momento, o projetou, mais tarde lhe causaria o declínio, pois a crença na volta do rei D. Sebastião seria censurada pela santa inquisição, uma vez que o profetismo e a crença na ressurreição estavam em desacordo com a fé católica.
O terceiro período (1651-1661), Vieira no Brasil, onde é o missionário envolvido em diversos conflitos na defesa dos índios no Maranhão e a favor deles celebra inúmeros sermões.
O quarto período (1661-1668) narra o religioso às voltas com a inquisição que o condenou. Além do apoio ao sebastianismo, pesou contra Vieira a acusação de se aproximar dos judeus expulsos de Portugal por questões religiosas por interesse em suas almas e dinheiro: queria que os judeus canalizassem recursos para a reconstrução de Portugal.
O quinto período (1669-1680) mostra um Vieira político, mas sem o prestígio na corte.
O sexto e último período (1681-1697), representa a volta de Vieira à Bahia e a revisão de sua obra.