S.O.S, diga não ao sexo virtual

Há alguns anos, assisti a um filme pornô - sabe como é, né? A adolescência tem dessas coisas – em que as personagens usufruíam um ciberespaço onde podiam realizar todas as suas fantasias sexuais. Para falar a verdade achei tudo muito esquisito, mas na ocasião o filme me serviu como uma luva.

Li uma matéria no “Jornal do Brasil“, e acredite se quiser, dentro de alguns anos será possível ter “relações sexuais” sem o toque, ou seja, o sexo virtual atenderá a todas as fantasias humanas.

Afirmam os cientistas: “aparelhos serão capazes de estimular o cérebro a criar uma experiência sexual sem ser necessário chegar ao toque dos órgãos genitais. Será possível desenvolver materiais eróticos que permitem criar um parceiro de certas dimensões e qualidades. Além de pode vir determinar o que dirá durante a interação. Simuladores já permitem que duas pessoas em dois computadores controlem vibradores”.

Não sou adepto do sexo somente com fins reprodutivos, nem banalizado na lógica capitalista, ou acompanhado do sentimento de culpa e autoflagelação. Na verdade, somos todos frutos de um momento de prazer. Papai e mamãe quiseram mesmo dá um belo e gostoso tapa na macaca. Resultado? Estamos todos aqui! Sexo é divino. Sexo é vida. Sexo é arte. Sexo é festa. É mais dentro de alguém que se pode estar.

Nada substitui o olhar de cumplicidade, as mãos entrelaçadas, as palavras ao pé do ouvido, a respiração ofegante, os sussurros e gemidos nervosos impregnados de gozo. Nada substitui aquela transa escondidinha na cama do quarto dos fundos, no carro, na varanda, na cozinha, no corredor, na praia ou onde mais a imaginação desejar. Claro que não falo do sexo pelo sexo – embora esse também seja formidável se não houver prejuízos para as partes -, mas falo em especial do sexo com amor. O maior encontro entre dois seres. A comunhão perfeita entre o corpo e a alma.

A ascensão do sexo virtual, em oposição à busca do orgasmo compartilhado, é reflexo de uma sociedade atomizada, onde as pessoas preocupam-se apenas com o próprio bem-estar.

Os defensores do sexo virtual argumentam que essa modalidade de “sexo” pode servir como instrumento eficaz contra a disseminação das doenças sexualmente transmissíveis que assolam o mundo. Imagine: os governos da Mãe África, não detentores de recursos necessários para luta contra o vírus HIV – responsável pela morte de um contingente de milhões em seu território -, desembolsando milhares de dólares junto às indústrias de jogos para aquisição de aparelhos que possibilitem aos seus, usufruírem um espaço virtual para realização de suas fantasias sexuais. Fala sério, né? Soa como piada de mau gosto.

As pessoas que sofrem de hanseníase, com o passar do tempo e o agravamento da doença, passam não mais considerar as partes afetadas pela enfermidade como sendo integrante do próprio corpo. O toque é fundamental para identidade do indivíduo. Em síntese, o fato de tocar e pode ser tocado assegura a nossa existência.

O confinamento da sexualidade em um espaço virtual é atestado contundente do esvaziamento das relações de gênero.

Davidson Davis
Enviado por Davidson Davis em 06/07/2008
Código do texto: T1067757
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.