A Lei Seca
Sinto até constrangido em falar desta denominada “Lei Seca”, por ser diretor de uma entidade que trabalha no tratamento de dependentes químicos. Sei da dura realidade do álcool na vida daquele que é dependente, da família e da sociedade. Pode parecer paradoxo, mas a lei como está, estimula o uso, porque indiretamente com tolerância zero ela está proibida, e há um conceito que diz; tudo que é proibido é mais gostoso.
Vejamos o caso da maconha, ela é uma droga proibida, apenas 3 a 3 ½ da população faz seu uso. No entanto, estamos vendo o que está ocorrendo, uma verdadeira luta para sua legalização. Em suma, aquele que faz o uso quer ter o direito de consumi-la, já no caso do álcool mais de 90% da sociedade bebe, será que esta população vai ficar calada?
Realmente é necessário se fazer algo para conter a violência que ocorre no transito devido o motorista estar embriagado, mas quero deixar uma pergunta: será que esta grande maioria dos acidentes envolvendo motoristas jovens é devido somente o consumo de álcool? Ou é uma mistura de álcool, cocaína, ckac, maconha, etc.
Muitas famílias ainda não acordaram para a realidade das drogas, ainda mantém-se com os olhos fechados para a realidade, para se ter um exemplo, embora grande parte dos jovens tome bebidas destiladas, a maioria dos internados para tratamento de dependência química de faixa etária até os 35 anos são dependentes químicos de drogas ilícitas. Quero dizer com isto, que os jovens não estão apenas bebendo, mas se drogando e muito, esta que é a realidade. Enfim, enquanto imaginam que seus filhos apenas ingerem bebidas de álcool estão fumando maconha, ckac, cheirando cocaína, tomando psicotrópicos e por ai afora.
Como a lei está, somente duas classes sociais podem consumir sua cerveja e até mesmo embriagar-se uma é a classe A, pois estes tem seus motoristas particulares, a outra classe é dos miserável, pois esta não tem carro e beber para elas é até um anestésico devido sua própria realidade.
O que se precisa fazer em relação ao álcool para que não venhamos a sofrer a triste realidade do alcoolismo e da violência no transito está na educação seja por meio da escola ou da família.
Finalizando, todos sabem que álcool não combina com volante, sendo assim, todos aqueles que são responsáveis quando saem com suas famílias e vão para algum evento que tenha bebidas ao ingerirem álcool bebem o suficiente, pois sabem de suas responsabilidades quanto ao volante. No entanto, aqueles que são irresponsáveis fazem o contrario, ainda que saibam ser proibido dirigir alcoolizado, drogado o fazem assim mesmo. Enfim, não é a lei que os coíbem, portanto para estes a lei deve ser dura para que sejam proibidos de dirigirem, ainda que saibamos que para o transgressor não há lei.
O equivoco da Lei está na tolerância Zero que de certa forma prejudicou todos, e num país de 90% das pessoas bebe, ela não tem como pegar, tanto que o governo já começa a recuar. O autor da lei já nem deve estar dormindo, pois começa a cair na real. A intenção era boa, mas é utópica, é inviável. Ele pecou por excesso, se entusiasmou demais ou estava assessorado somente por pessoas que não bebem, isto é, a parcela dos 10%.