A origem da sociedade( breve histórico)
Mais de três séculos antes de Cristo, Aristóteles afirmou que o homem é um ser social. Todos os pensadores medievais e quase a unanimidade dos modernos tiveram como pacífico este axioma, segundo o qual a vida societária é um aspecto da natureza, especificamente da natureza humana.
No período moderno, surgem duas vozes divergentes, abordando a teoria contratualista: a de Hobbes e a de Rousseau. Mas, nem por isso a teoria naturalista deixou de se impor à compreensão dos filósofos e cientistas, porquanto foi reafirmado pela psicologia moderna, ao identificar no homem, como em quase todos os animais, o instinto gregário.
As duas versões clássicas da teoria contratualista são hoje expostas como simples curiosidade histórica.
Em sua obra LEVIATHAN, Hobbes afirmava que a princípio, durante a vida primitiva, os homens viviam isolados, em absoluta liberdade, que nessa interdependência, os homens se mostravam desprovidos de moral e extravasavam seu egoísmo violento num mundo prematuramente em guerra. Daí seu refrão: “homo homi ni lupos”. (o homem é o lobo do homem).
Para bloquear a autodestruição, os homens resolveram fazer um pacto – social em que todos abriam mão dos seus direitos, inclusive da sua liberdade, entregando –os à autoridade de um príncipe, - o LEVIATHAN. Assim, criava-se artificialmente, a sociedade civil, dirigida a ferro e fogo, pelo autoritarismo arbitrário, - por onde Hobbes esperava agradar a monarquia absolutista inglesa.
Rousseau descrevia um quadro oposto ao de Hobbes, para chegar à teoria de “contrato social”, - precisamente o nome de sua obra. Afirmava que o homem, originalmente, vivia livre e feliz, em contato direto com a natureza. Em certo momento, o homem reconheceu que a vida associativa lhe daria certas vantagens, embora prejudicasse sua liberdade e, conseqüentimente, sacrificasse sua felicidade. Para lograr aqueles benefícios, o homem teria feito àquele “contrato social”; mas, sua tendência é retornar ao estado primitivo e natural.
Para Hobbes, o homem nascia mau: a sociedade é que o punha nos eixos, assim mesmo sob a autoridade de Leviathan.
Para Rousseau, o homem nascia bom e feliz: a sociedade é que o pervertia, tornando-o mau e infeliz - razão pela qual recomendava o governo liberal, em que as obrigações civis ferissem menos a liberdade de cada um.
Rousseau fez uma reflexão interessante (conquanto igualmente errada), a respeito da vivência de um casal. Assim, quando se diz que ele era ante social, poder-se-ia indagar se recusaria a viver com uma mulher... Certamente não, - diria ele. Só que aí no seu entendimento, não há um fato social. Este se caracteriza pela existência de um bem comum.