Assédio Moral
Vivenciar uma situação tão humilhante, como o psicoterrorismo no trabalho, desencadeia desequilíbrios, físicos e emocionais.
Na maioria das vezes o que provoca o assédio moral é a inveja, a rivalidade, a mesquinhez e a insatisfação pessoal. O agressor tenta enfraquecer a vítima, utilizando recursos cruéis e sádicos. Eros desaparece dando lugar a tanatos,o instinto de destruição.
A pessoa é agredida verbalmente, humilhada, isolada do grupo. E o agressor busca suas armas, ávido pela destruição. Armas destrutivas como a ironia, crítica e humilhação em público. Procura saber a intimidade da vida familiar e afetiva da vítima e a distorce. Literalmente é uma guerra.
A vítima encontra-se só. Que armas utilizar nesta guerra?
As armas são encontradas dentro do seu próprio ser. Armas como a tolerância, autoconhecimento e a coragem.
Por outro lado, o agressor geralmente encontra apoio no grupo.Geralmente formados por pessoas com mecanismos destrutivos. Até então, adormecidos esperando uma oportunidade para aflorar. Temos então um banquete na mão dos perversos. Uma farra!
E a vítima? Ou melhor, a outra parte solitária, deve buscar o equilíbrio dentro de si. Será isso possível? Apegar-se a poesia? Ou morrer? Ainda bem que existem os poeta, para aliviar os sofrimentos. Como bem expressa Mário Quintana:
“ Todos esses que aí estão
Atravancando o meu caminho
Eles passarão
Eu passarinho”
E a esperança se renova a cada dia : : “eu passarinho”........ O “passarinho” quer voar. Voar para longe. Buscar conhecimento e entendimento.
Reverter à situação não será fácil. As somatizações aparecem como: crise de choro, sentimento de inutilidade, depressão, sede de vingança, manias persecutórias , dores de cabeça.
O assédio moral destrói os vínculos afetivos no trabalho. Há um desencanto. Como buscar refúgio? Lembro-me de um poema que chegou as minhas mãos, em um momento que também precisava desse refúgio.
“ Quando todos parecem conspirar contra você
Quando o mundo parece desabar ao seu redor
Haverá ainda um lugar aonde ir
Lá você pode sentir chorar ,
falar da dor e esvaziar o peito cheio de mágoa.
Vem e âncora aqui seu coração
Construindo a relação de ajuda” ( Clara de Miranda)
Enfrentar “ batalhas” dentro de um grupo leva a feridas, que sangram e precisam ser curadas. As cicatrizes ficam para sempre. Fortalecer laços familiares, com amigos, a terapia, o relaxamento mental e corporal são recursos que precisam ser utilizados.
As cicatrizes, apesar do tempo, algumas vezes voltam a sangrar. E é preciso desviar o olhar. Lembro-me de uma frase, cujo autor não me recordo: “ não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram.”
Quem vivenciou a tortura do assédio moral sabe que é preciso reconstruir. O que leva inevitavelmente a uma construção mais sólida .Refazer e pintar a nossa casa interna. Mesclando cores forte e suaves. As cores suaves representam o aprendizado, a tolerância. As cores fortes refletem a coragem e a persistência . É preciso viver , não podemos modificar pessoas patologicamente doentes. Devemos prosseguir, construir outros vínculos. Partir para outras viagens. Sem abrir mão dos nossos valores que são nossos alicerces.