ASSISTIR

Assistir

Embora não tenha a pretensão de mudar o rumo da evolução, pus-me a meditar sobre minhas atividades diárias nos últimos tempos e reparei que o que mais tenho feito é observar.

Aliás, passamos grande parte de nossas vidas observando.

Através de uma câmera, de uma janela, tela ou do que quer que seja, e me questiono sobre a importância de assim agir.

Observar versus fazer.

Eis a questão.

O que aprendemos observando é mais importante daquilo que aprendemos praticando?

Conclui sem muito esforço que não.

Mais vale fazer pouco que assistir muito. Senão, de que adianta toda experiência adquirida.

E mais, aquilo que observamos é fonte segura para investimentos?

Minha dúvida surge justamente aí.

Considerando que nosso maior observatório está dentro de casa, aliada ou vilã,

poupa-nos calçado, tempo, dinheiro e o pior: nossa inteligência, nosso raciocínio.

Não exige o menor esforço, invade nossos lares e muda nossos hábitos, nossos costumes.

Seu nome: Televisão.

Sem generalizar, em seus canais abertos despeja diariamente uma programação repetitiva que nada ou quase nada de positivo acrescenta.

Nossa cultura será cultuada se isso for viável economicamente, caso contrário, dane-se.

Sob o pretexto de informar, faz uma baderna como bem entende e em não raras vezes de forma tendenciosa.

Compramos o pacote.

Assistimos o futebol e engolimos a opinião dos “especialistas”.

Tira-nos a capacidade de pensar enquanto ativos e afaga-nos como amigo na velhice.

Nossas crianças têm a maioridade invadida com uma velocidade espantosa.

Uma grande parte da idade criança/adolescência, vai pro brejo.

É que nem no futebol; defesa direto pro ataque, pulando o meio de campo onde o lance é pensado e de onde saem às jogadas mais bonitas.

Como observador concluí que além de termos esse péssimo hábito,

Ainda somos incompetentes a ponto de não ver tudo que é mostrado.

Senão vejamos:

Alguém é capaz de citar as vezes que uma cena de novela mostra um personagem assistindo televisão?

Um detalhe. Apenas um detalhe e talvez o mais importante de tudo que se vê.

Talvez a própria emissora reconheça o prejuízo que traz a sociedade e procura dessa forma se redimir.

Vê quem quer, ou ainda enxerga.