O Barroco no Brasil - igrejas de Olinda (Relatório)
Cinthia de Oliveira Andrade
Resumo
Este relatório tem como objetivo relatar os conhecimentos adquiridos no passeio pedagógico realizado, pela professora Heloisa Arcoverde ministrante da disciplina de Literatura Brasileira no V - período de Letras, na cidade de Olinda à respectivamente três de suas igrejas, onde verificamos a forte presença do movimento Barroco, a riqueza das peças construídas naquela, diversidade das formas e a presença da unificação do ouro.
Introdução
No dia 03 de maio de 2006 fez-se uma viagem à Olinda com o objetivo de se conhecer a estrutura arquitetônica das igrejas da cidade supra citada e ampliar-se os conhecimentos dos graduandos a cerca das influências do Barroco no Brasil (Olinda).
A saída à Olinda da FAINTVISA aconteceu às 12h10 e a chegada ao destino às 14h.
Três igrejas foram visitadas: Igreja Mosteiro de são Bento, Igreja Nossa Senhora das Neves e Convento São Francisco, Igreja da Sé-Igreja de São Salvador do Mundo.
Nessas igrejas se pode observar a marcante influência do Barroco existente no Brasil/Olinda e a riqueza das obras realizadas no período.
Será abordado neste relatório as características desse movimento, bem como suas influências e acontecimentos do século XVII.
O Barroco no Brasil - igrejas de Olinda (Relatório)
Na nossa aula passeio no município de Olinda, pudemos verificar em suas igrejas uma beleza e valor histórico incomparável. Teve-se como finalidade observar-se a pintura, a escultura e a arquitetura Barroca representadas principalmente nas igrejas, pela influência da religião na época.
Naquela época surgia no Brasil o ciclo do ouro (séc. XVII e XVIII) e iniciava-se pelo movimento sinuoso das formas, pelo jogo dos opostos e exuberância dos detalhes e ornamentos.
Costuma-se periodizar esse movimento em Barroco açucareiro (séc. XVII) produzido na Bahia, em Maranhão e Pernambuco. E o Barroco do ouro (séc. XVIII) em Minas Gerais.
Nosso enfoque se delimitará no Barroco açucareiro, macantemente representado nas igrejas de Olinda, que neste período (1676 e 1827) foi transformada na Capital do nosso estado, Pernambuco.
Olinda tem um total de 20 igrejas, o que representa a intenção que os portugueses tinham de colonizar e trazer a palavra de Deus. Então, à medida que a colonização foi progredindo a construção das igrejas refletiam essa riqueza.
Os colonizadores daquela época necessitavam da casa de Deus para agradecer-lhe tudo o que haviam conseguido, mas também havia, é claro, um forte interesse comercial, político e econômico.
Em nosso passeio pedagógico, visitamos apenas 3 igrejas:
• Igreja mosteiro de São Bento;
• Igreja de Nossa Senhora das Neves e convento de São Francisco;
• Igreja da Sé-Igreja de São Salvador do Mundo.
Igreja Mosteiro de São Bento
Observa-se que a área externa da igreja é bem simples, apresentando apenas uma torre
recuada ao lado porque é comandada por um provincial, ou seja um frade.Ao lado direito dessa igreja funcionou a 1ª faculdade de direito do Brasil -onde estudaram Castro Alves,José de Alencar Joaquim Nabuco e Rui Barbosa- e hoje é moradia de 23 monges.
Apesar da observável simplicidade externa, a igreja é ricamente ornada por dentro.
Praticamente toda a igreja é dourada (banhada a ouro) e o altar demarca a diferença entre o início do Barroco e o seu apogeu, ou seja, o auge da igreja. O altar-mor foi construído em talha folheado a ouro, totalmente restaurado em 2001 e exposto em Nova Iorque em 2002. Nele há toda uma riqueza de detalhes que totalmente diferente da sua primeira construção, pois o que está unificando agora é o ouro.
Nas colunas percebe-se que a natureza tropical é ricamente trabalhada, por exemplo, nos galhos, flores e ramos que as envolvem com várias formas (curvas, jamais retas), elas são feitas com uma irregularidade de formas onde todos os espaços são aproveitados. Essas colunas vão subindo como uns caracóis inclinam-se para frente e descem quase 1/3 do teto,dando um efeito de piso frontal.
O teto é todo desenhado (o desenho no teto da frente representa a ordem de São Bento-único santo que morreu em pétalas, ou seja, de morte natural), aproveitam-se todos os espaços, não há harmonia, segundo nossa professora Heloisa Arcoverde “o conjunto fica harmonioso por que ao olharmos o ouro nos chama a atenção, nos atrai, mas se olharmos peça por peça percebemos que elas são completamente diferentes”. O portal, por exemplo, não tem nada em comum com as outras peças, onde se constata mais uma vez que na estética barroca as formas são irregulares, o importante é que todos os espaços sejam preenchidos.
O Barroco usava uma enorme riqueza de detalhes, no primeiro altar pode-se observar que foi usado muita madeira pesada (uma riqueza colonial nossa,brasileira); a parte inferior dos objetos também é marcante, os pés da mesa do altar por exemplo nos lembram as patas de um animal pesado (elefante, rinoceronte). Remetendo-nos a idéia de que, apesar de todo ouro, e toda beleza da arte, o Barroco não tem nada de leve, não há a leveza que se tem na arquitetura contemporânea.
Sendo sua característica essencial essa junção de conceitos paradoxais, como o terrestre (representado pelas patas do animal) e o divino (simbolizado pelo ouro).
Um outro aspecto merecedor de destaque é a quantidade de detalhes, o excesso de metáfora que expressam um estilo Rococó, também chamado de Barroco Tardio e caracteriza-se pela busca exagerada de curvas caprichosas e elegantes baseadas em elementos ornamentais (as conchas, laços, guirlandas e flores).
A essência do contraste Barroco também se percebe ao compararmos a parte original da igreja (séc. XVI), na qual se encontra um teto mais simples e com tom pastéis; e o altar (séc XVIII), onde se percebe toda a influencia do tropicalismo da terra.
Portanto, na colônia o Barroco ganhou novas interpretações, características próprias à proporção em que foi se adaptando às condições encontradas aqui no Brasil.
São Bento, como já foi dito, está pintado no teto da igreja, nasceu no século V e faleceu no século VI , sendo um dos santos mais antigos da igreja católica, apenas 5 séculos depois de Cristo.
É importante lembrar que essa igreja, que antes era quinhentista, foi incendiada pelos holandeses em 1631 e restaurada a partir de 1654. Construída em estilo Barroco em 1761 e reedificada em 1860.
Na sacristia, construída em meados do século XVIII após a reconstrução do mosteiro, destaca-se a beleza das pinturas de Francisco Eloy.
As pinturas retratam sempre as particularidades da vida de São Bento. Como exemplos podemos citar:
• São Bento indo para Roma estudar;
• O refúgio de São Bento na gruta;
• São Bento no primeiro Mosteiro, na Itália (Monte Cassino);
• São Bento recebendo dois monges (São Mauro e São Plácido)
• São Bento fazendo um exorcismo;
• São Bento fazendo a ressurreição de um monge;
• São Bento ao descobrir a farsa do rei Átila.
• Santa Escolástica visitando São Bento, ect.
Além de Francisco Eloy, no Barroco produziram-se grandes mestres que tinham um objetivo em comum: libertar-se da simetria e das composições geométricas, em favor da expressividade e do movimento.
Nas pinturas realizadas nos forros das igrejas há uma fuga dos padrões exigidos, dando a sensação de profundidade e ruptura ao misturar-se com dizeres em latim que contavam passagens bíblicas.
Nas esculturas observadas vê-se que as obras apresentavam grande expressividade, reconhece-se as expressões de dor, angústia, êxtase, alegria.
Assim como as obras do escritor Gregório de Matos (1633 – 1696). Além dele nenhum outro se destacou no Barroco Brasileiro; pois o padre Antônio Vieira, embora tenha escrito boa parte de sua obra no Brasil pertence mais a Literatura Portuguesa do que a nossa.Sem sombra de dúvidas a grande expressão do Barroco no Brasil,no que se refere à Literatura, foi Gregório de MatosGuerra.
Em meio a toda essa miscigenação de raças e idiomas em ebulição, onde o amor e a sexualidade competiam Gregório de Matos compõe suas obras religiosas, líricas (amorosas) e satíricas. Sua importância propriamente literária resulta de diversos fatores, entre os quais se destacam o pioneirismo no abrasileiramento da língua portuguesa, que ele embelezou de maneirismos. Seus poemas refletem a sociedade brasileira da época.
No que se refere ao setor lírico e religioso de sua obra, os temas mais freqüentes fazem, geralmente parte da cosmovisão barroca. O binômio culpa-arrependimento está sempre presente, ele entra em conflito com a vontade de viver uma vida mundana e a procura pela fé:
Além desses impulsos espirituais, encontra-se em Gregório de Matos a solicitação do mundano, o pesos da sensualidade e êxtases místicos, os quais expressam um caráter fugidio das coisas do mundo. Esse traço temático presente na obra gregoriana é uma marcante característica do barroco.
Igreja de Nossa Senhora das Neves e convento de são Francisco.
O conjunto arquitetônico observado é formado pelo convento e a igreja de nossa Senhora das Neves e a capela de São Francisco completado pelo cruzeiro situado em frente ao convento. Esta cruz demarcava a área católica da profana, os negros não podiam aproximar-se da igreja.
A igreja, muito simples, demonstra a simplicidade almejada pelos franciscanos.
Possui apenas uma torre que fica recuada da faixa da igreja por ser um símbolo dos franciscanos.
Segundo o nosso guia, o convento que é o 1º convento franciscano do Brasil foi construído em agosto de 1577.
A igreja começou a ser construída em 1585. Nela moram atualmente 6 frades e estudam 100, pois ainda hoje funciona somente pela manhã a faculdade de teologia, conta-se que a doação do chão para o recolhimento de Nossa Senhora das Neves foi feita pela viúva Maria da Rosa. Observando o teto de sua área externa podemos ver a presença das três partes de telhas, ou seja, tribeirais (do dito popular eira, beira e tribeira-classe A, B e C) que significam poder, riqueza, dinheiro / prestígio (só os ricos podiam ter esse tipo de telhado).
. Sabe-se também que o convento foi parcialmente destruído após a invasão holandesa e abandonado até ser reconstruído na segunda metade do séc. XVII. Tornado-se um dos mais bonitos conjuntos existentes no Brasil.
A igreja é de estilo barroco, com nave única e uma capela lateral, as paredes são decoradas com azulejos azul e branco vindos de Portugal, os quais contam partes da vida de Nossa Senhora e da circuncisão de Cristo. Nas imagens desses azulejos vê-se que o corpo do santo é de homem musculoso, sensual, para conseguir fazer com que ele se tracendentalize; os anjos são bochechudos e tem cara de mau, o que é uma forte característica do Barroco.
Observam-se nela elementos arquitetônicos raramente utilizados na região como as arcadas e os pilares que são feitos de conchas e de óleo de baleia. Sua capela-mor é a parte da igreja primitiva. E a sala do capítulo é considerada um exemplar do antigo convento anterior ao século XVIII.
É a única parte original de todo o convento, nada foi tocado ou reconstituído, com exceção da imagem de Santana, mãe de Nossa Senhora, substituída por uma réplica, pois a original estava muito danificada.
O teto da capela dedicada a Santa Ana (capela do capitulo) é todo em alto e baixo relevo, todo pintado com algumas partes esculpias em pedra sabão. O capitulo é um lugar de orações franciscanas, onde os padres se juntavam para orar e ler a bíblia. Suas paredes quase apresentam o exagero rococó, são ricas em detalhes. Seu altar é todo folheado a ouro, com pequenos pássaros pelicanos..
Vê-se mais uma vez o Barroco tardio, exagero, acaba a literatura e só fica a arquitetura.
A sala possui paredes decoradas com azulejos em 3 cores tipo tapeçaria, retábulo preciosamente entalhado e ouro em caixotão representado o desterro da Sagrada Família.
Vemos também na sala ao lado um quadro da santa ceia-século XVII, feito em madeira jacarandá e pintado com óleo de baleia, sangue de boi, banana verde, e clara de ovos, os movéis que são do século XIX e uma pia onde os franciscanos lavavam as mãos antes e depois de comerem.
É aberta para um belíssimo claustro, lugar de meditação dos franciscanos, revestido com azulejos, portugueses, (desenhados à mão) que contam a história da Sagrada Família e a história de São Francisco. Esses azulejos foram trazidos, segundo o nosso guia, em 1735. O claustro é o antigo cemitério dos franciscanos.
No teto, vêem-se as imagens de Santo Antonio e de São Francisco (séc XVI). E diversos detalhes como frutas, folhas em relevo, que já demonstram a influência do tempo, há também imagens que retratam entre outras coisas: Jesus recebendo o Espírito Santo; A família de Jesus trabalhando; José ao ter um sonho que o avisava para fugir, pois Herodes iria matar todos os bebês,…
Na escultura destacamos-se a imagem de São Francisco usando roupas em estilo camponês (séc XIV) e um cordão envolto da cintura com 3 nós, que significam pobreza, obediência e castidade. Todos os franciscanos e capuchinhos usam esse cordão.
Nos azulejos observam-se espigas de milho e formas geométricas. Isso nos faz lembra que o início de um novo estilo, o barroco que nasceu do conflito do homem antropocêntrico x teocêntrico, não significa necessariamente o fim imediato daquele que o antecedeu (Renascimento).
Desse modo, a delimitação cronológica existente entre esses estilos de época pode ser tida como um recurso essencialmente didático, havendo assim uma interdependência, por exemplo, entre as espigas de milho que simbolizam o Barroco influenciado pelo tropicalismo e as figuras geométricas que caracterizam o renascimento. As espigas de milho simbolizariam a ruptura e libertação dessas composições geométricas retas e precisas, em favor da expressividade do Barroco.
Temos nesta igreja a primeira biblioteca publica de Olinda, passou 57 anos para ser constuida, hoje privativa dos franciscanos.
Na capela de São Roque observamos uma enorme riqueza de detalhes, misturas de elementos, mistura do sacro e do profano (os homens santos e os santos homens),não há nada reto tudo é curvo ,os espaços todos preenchidos com flores,pássaros,anjos e santos.
Na igreja de Nossa Senhora das Neves encontra-se uma das mais bonitas sacristias franciscanas com objetos de madeira jacarandá, cedro e candeia. Suas pinturas mostram a influência de Luiz XV, rei francês e grande desenvolvedor das tendências artísticas que buscavam curvas elegantes, exuberantes, caprichosas.
No teto, obsermos um quadro de 4 franciscanos que se tornaram papas e passagens da vida de Nossa Senhora (o coroamento dela), Olinda sendo incendiada; Maria intercedendo pelos franciscanos; São Francisco recebendo as chagas, etc.
Como os franciscanos não podiam sair, pois viviam enclausurados eles faziam um buraco na porta (olho mágico) por onde olhavam as pessoas que passassem para chamar e perguntar o que estava acontecendo na cidade.
Na sacristia há um grande armário em madeira jacarandá, o qual contém um relicário dourado e servia para guardar as vestes dos franciscanos (das vestes expostas lá se usam hoje apenas as brancas).
É bastante curioso o mito que se criou sobre esse armário, pois se dizia que seus espelhos ficavam opacos cada vez que os religiosos se olhavam com vaidade.
A verdade é que o povo daquela época não tinha a técnica necessária para produzir um espelho mais nítido (que não ficasse opaco com o passar do tempo).
Na parede da sacristia encontramos o símbolo dos franciscanos, dois braços cruzados: o de Jesus e o de São Francisco, símbolo que representa a aliança entre dois.
Nas paredes da igreja vimos imagens da Sagrada Família, do nascimento e da circuncisão de Jesus que é um costume judeu.
Observamos a presença e exuberância dos anjos, justificável porque representam uma espécie de intermediários entre o homem e o Deus. Caminho, esse, característico do Barroco por tentar a aproximação entre o homem e o céu. Esse contrastante entre o céu e a terra, a pureza e o pecado é também observável nos poemas gregorianos, onde o poeta se mostra confiante em conseguir o perdão divino,fazendo uso do conceptismo :
Soneto
A Jesus Cristo Nosso Senhor
Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
Da vossa piedade me despido,
Porque quanto mais tenho delinqüido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto um pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido,
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida, e já cobrada
Glória tal, e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmas na Sacra História:
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada
Cobrai-a, e não queirais, Pastor divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.
O altar da igreja todo folheado a ouro expressa o esplendor do movimento e nos atrai.Observamos nele a riqueza dos detalhes (forte característica do Barroco) e a grandiosidade comumente expressa com o auxílio das hipérboles e metáforas.
Comprovamos mais uma vez a presença do “Barroco tardio”, pois o exagero que acaba na literatura ainda se faz fortemente presente na arquitetura.
Igreja da Sé – Igreja de São Salvador do Mundo.
A Catedral da Sé foi fundada como paróquia por alvará trazido por Duarte Coelho, sob a invocação de São Salvador do Mundo. Quanto ao seu estilo arquitetônico a Catedral era totalmente Barroca antes de ser atingida pelos holandeses e hoje é uma igreja neoclássica, mas ainda há traços do barroco, tem um teto muito rico de madeira, porém é muito simples, a igreja tem um estilo colonial dos primeiros jesuítas.
A igreja é eclética, ou seja, há a presença de uma mistura de gêneros. Ela em 1540 era feita de taipa e em 1584 encontrava-se em obras, tornando-se de alvenaria e matriz de três naves com capelas laterais.
Possui duas torres, pois é uma igreja eclesiástica, ou seja, administrada pelo bispo.
Suas colunas são feitas de areia da praia, assim como na igreja anteriormente relatada também encontramos nela azulejos portugueses.
Encontramos nesta igreja um quadro com a imagem de Nossa Senhora da Conceição feita com a técnica de ilusionismo, mesma técnica utilizada na Monalisa, para qualquer que seja o lado que você vá seus olhos o segem. Vemos também a imagem de Nossa Senhora da Conceição com os anjos, a lua e a serpente.
Em uma das salas desta igreja encontramos um quadro com todos os papas que passaram, desde (o primeiro) São Pedro à Bento XVI(são segundo o guia 265 papas).
É importante destacar que todas as outras igrejas encontram-se voltadas para a Sé, ou seja, todas olham para a Catedral. Esta igreja foi destruída pelo incêndio de 1631, restaurada a partir de 1656 e inaugurada como catedral em 1677. Seus altares são folheados a ouro. Próximo ao altar principal está o túmulo de D. Hélder Câmara (ultimo arcebispo de Olinda e Recife, morreu com 90 anos), que assim como todos os arcebispos mortos de Olinda e Recife foi enterrado nesta igreja, a imagem perto do tumulo foi feita em madeira jacarandá.
Em 1537 é que foi construída a Igreja de São Salvador do Mundo (mais conhecida como igreja da Sé) que é, até hoje cartão-postal da cidade, em especial por causa de seu terraço de onde se vê, talvez, a mais linda vista da cidade: o mar, os coqueiros e os telhados dos casarões centenários.
Suas igrejas e seu casario são legítimos representantes da arquitetura barroca do período colonial. Seu estilo mais simples nos lembra as características do período Renascentista. E apesar de ter sido bem recuperada. O simples permanece no teto, na arquitetura, pois ela é toda em pedra.
Ao longo dos tempos várias transformações ocorreram nessa igreja: 1ª Sé após a restauração de 1654 – Restauração realizada depois do incêndio de 1631; 2ª Sé de 1911 – Neogótica; 3ª Sé de 1936 – Neobarroca; 4ª Sé a última restauração em 1974 a 1984 – maneirista: Resgate do traçado original quinhentista.
Após essa última restauração ainda se faz presente o passado, porém deram também um tom quinhentista e usaram um pouco de maneirismo (Rococó).
Nas igrejas de Olinda, o mistura dos diferentes movimentos é observável na escultura, pintura, literatura, arquitetura de uma escola literária (Barroco). Faz se uma fusão do velho e do novo (Idade Media + Idade Moderna) onde todas as expressões encontram-se em um eterno dilema entre o corpo e a alma.
Conclusão
Barroco, também chamado de seiscentismo, é um termo que denomina de forma genérica a todas as manifestações artísticas: literatura, música pintura, escultura e arquitetura, dos anos 1.600 ao início de 1.700. Com o significado de pérola irregular ou terreno desigual, assimétrico.
Teve início em 1601 com o poema épico de Bento Teixeira, Prosopopéia, introduzindo o modelo de poesia camoniana em nossa literatura, mas como vimos foi nas obras Gregório de Matos Guerra (o poeta que mais se destacou no período) que as características brasileiras começaram a surgir: antíteses, o duplo apelo (o material e o espiritual), o sentimento de brevidade da vida; uma consciência nítida do pecado e perdão, o conseqüente arrependimento, o espírito crítico e satírico, em fim as contradições em que se situam a escola Barroca.
Percebe-se, através do conhecimento Literário e histórico; dos relatos orais e da observação das igrejas de Olinda que o Barroco caracteriza-se pela passagem: da visão da superfície à visão de profundidade, da forma fechada à forma aberta, da clareza absoluta dos objetos à clareza relativa, do linear ao pictórico, do simples ao exagero; pelo jogo do claro e escuro, assimetria, contraste, rebuscamentos, sensualismo, razão e fé, etc.
O homem encontrava-se mergulhado em uma complexidade, um mundo de dualidades. E é esse homem “dividido” e angustiado pelo confronto da vida e da morte, do divino e do terreno, que produz uma literatura contrastante, assimétrica.
Observa-se, na arte barroca, uma relevante exuberância, excesso de ornamentos e detalhes geralmente banhados a ouro; na pintura e na escultura, esse movimento tornou-se uma verdadeira expressão de liberdade, na arquitetura destaca-se a grandiosidade, as curvas, os efeitos de movimento e o exagero, resultantes de uma beleza e exuberância indescritível.
Sendo assim, o conhecimento que se adquiriu com trabalho é inigualável, pois foi construído por meio de fontes variadas, resultantes de uma relevante experiência para nós, que almejamos um brilhante futuro como profissionais em Literatura.
Tendo como principal instrumento de trabalho o conhecimento de mundo adquirido em todo o processo acadêmico bem como o desenvolvimento intelectual, moral, ideológico e estético; ou seja, a arte da palavra, a técnica de usá-las com criatividade, a expressão do ser humano e da vida, o retrato das épocas, costumes e idéias, a LITERATURA.
Referências:
TUFANO, Douglas. Estudos de Língua e Literatura. São Paulo: Moderna, 1998, p-13.
MAIA, João Domingos. Português. Série novo ensino médio. São Paulo: Ática, 2000, p- 412 a 145, 148 e 149.
TERSARIOL, Alpheu. Literatura e interpretação de textos. Rio grande do sul: Adelbra, p- 22 a 36.
DE NICOLA, José. Língua, literatura e redação. São Paulo, Scipione,1998,p-176 a 188.
SILVA, Antônio de Siqueira e BERTOLIN, Rafael. Curso Completo De Português .São Paulo:IBEP,p-114 a 126.
O barroco na internet: http://www.ciclope.com.br
Relatos orais:
Heloisa Arcoverde (Professora /Doutora)
Guias do Convento São Francisco e Igreja da Sé
ANEXO
A que correspondeu o Barroco no Brasil?
O Barroco no Brasil foi a consolidação de uma aristocracia colonial, resultante de uma serie de eventos; como: a marcante presença dos comerciantes estrangeiros, as transformações provocadas pelas invasões francesas e holandesas, apogeu e declínio da cana - de- açúcar no Nordeste, ação dos bandeirantes e descoberta do ouro, que marcaram a Historia durante os séculos XVII e a primeira metade do século XVIII.
As fases do barroco
A poesia barroca no Brasil passou por três gases.
1ª fase: a marcante influencia de Camões nos poetas brasileiros. Em especial:Bento Teixeira.
PROSOPOPÉIA
“Cantem poetas o poder romano,
Submetendo nações ao jugo duro,
O Mantuano pinte o Rei Troiano,
Descendo à confusão do Reino Escuro.” (Bento Teixeira)
2ª fase: o surgimento de uma poesia com características brasileiras, mas ainda com traços camonianos e espanhóis. Onde se destaca: Gregório de Matos Guerra, Eusébio de Matos, etc.
3ª fase: o exagero e o aparecimento das academias literárias: Academia dos Nobres, Academia dos Seletos, etc., com Manuel Botelho de Oliveira, Frei Manuel de Santa Itaparica, etc.
Os dois estilos observáveis no Barroco
Cultismo: caracterizado pela linguagem rebuscada, culta, extravagante; jogo de palavras, com notável influencia do poeta espanhol Luís Gôngora (Gongorismo)
Conceptismo: marcado pelo jogo de idéias, conceitos, racionalismo, tendo como um dos principais autores o espanhol Quevedo (Quevedismo)
As denominações do Barroco em diferentes lugares
Presente em toda Europa no século XVII o Barroco recebeu diferentes denominações em alguns países devido a grande afetação e pompa das palavras:
Gongorismo(espanha)
Marinismo(itália)
Eufuímismo(inglaterra)
Preciosismo(frança)
Silesianismo(Alemanha)