Contribuição Social para Saúde e as eleições
Dizem que o pior cego é aquele que vê e não quer enxergar. Há certas situações que nos deixa sem comentários. A nova é que realmente o governo diz com todas as letras que o brasileiro é ignorante e totalmente manipulado eleitoralmente. Enfim, trata o eleitor como alguém alienado.
Sabendo dos riscos eleitorais de uma derrota esmagadora nas urnas neste pleito, devido a votação da Contribuição Social para a Saúde (CSS) – a CPMF noutra sigla – o governo manipula para adiar a votação após as eleições. Enfim, deixa passar a eleição e ai com tranqüilidade manipula os parlamentares que, depois de garantido nas urnas cravam a espada no coração de seus eleitores.
Parece cômico se não fosse cruel e maquiavélico tal estratégia. O executivo já antecipa aos eleitores quais serão seus atos após as eleições. Será que nós eleitores somos tão tapados e sem cidadania a ponto de após o anunciado sermos capazes de votar nestes candidatos em que seus partidos apóiam o governo federal?
As eleições municipais são distintas das gerais, no entanto, o governo conseguiu algo interessante – que somente este governo é capaz de fazer, por ser um governo trapalhão – dar munição e argumentos para sua própria derrota. Este assunto CSS será o foco das campanhas eleitorais municipais nas grandes cidades.
Vejamos bem qual a estratégia do governo: primeiramente se acontecer que na votação a CSS seja aprovada sua base de sustentação ficará exposta e assim, saíra derrotada nas urnas, e pode ocorrer o contrario, os parlamentares pressionados pelas eleições votem pela não aprovação. Para os eleitores manda o seguinte recado: vocês são idiotas, não sabem votar, pois logo após as eleições vamos aprovar uma Lei que cria mais impostos.
Infelizmente o tiro já saiu pela culatra e agora só depende a exploração da oposição, levando a sociedade entender o que o governo disse indiretamente aos eleitores quando propõe adiar a votação da CSS para após as eleições.
Hoje o governo está numa encruzilhada, não sabe se é melhor amargar uma derrota na votação da CSS colocando-a para ser votada antes das eleições, tendo que enfrentar o desgaste da oposição que explorará em demasia ou, realmente dar prosseguidade em sua estratégia que é adiar amargando uma derrota grande nas urnas.
A ambição muitas vezes leva a derrota. O governo não pára de bater recordes de arrecadação. Tudo que o CPMF arrecadaria em um ano devido o crescimento da economia, as alíquotas que aumentou ainda não se satisfez, parece ser insuficiente devido à gastança. Quanto mais se arrecada, mais se gasta ai não há dinheiro que chegue.
Pois bem, o problema da crise da saúde não está na falta de recursos, mas no mau gerenciamento e a sociedade não pode ficar cada vez mais refém e aceitando que o governo continue gastando como vem ocorrendo. Se o governo é um mau administrador, ou se tira os recursos para que obrigue a fazer economia ou ele precisa sair.
Enfim, o governo calculou mal, sua teimosia em enfrentar a oposição por não ter aceitado a derrota quando o senado enterrou a CPMF, agora pode amargar uma derrota tanto em não ser aprovado a CSS, como sofrerá derrota também, eleitoral.