Exército nas ruas deu no que deu
Quando o exército ocupou o Rio de Janeiro para auxiliar na segurança pública, escrevi um artigo, onde colocava as conseqüências que poderiam ocorrer, e como já era previsto aconteceu. É importante questionar a ação do exercito fazendo segurança pública por varias razões o qual gostaria de destacar algumas.
Primeiramente, é preciso iniciar dizendo que os soldados do exercito são recrutas que estão cumprindo serviço militar obrigatório. Jovens de 18 anos que passam por treinamentos de guerra e não de policiamento ostensivo para fazerem segurança pública. Para esta função há a policia militar e a policia civil que são treinados e recebem para tal serviço. O recruta do exercito depois de um ano está de retorno as suas atividades civis, inserido no meio onde vive com seus familiares, etc.
Quem serviu as Forças Armadas conhece bem o treinamento, o regimento, regulamento e como são tratados “Sim Senhor, Não Senhor” e ai daquele que por qualquer deslize cometam um ato como deixar um dia de fazer barba, ou o coturno não estiver brilhando, já é humilhado, recebe castigo, etc. É dentro desta realidade que o soldado atua durante seu tempo de serviço obrigatório militar.
Imaginamos estes militares fazendo segurança pública, jovens treinados para combate e obediência ao extremo, sem direito a voz sob o comando de superiores arrogantes, brutos, selvagens (com excessões). Certamente serão obedientes e agirão sobre ordens. Tivemos recentemente dois jovens que por manifestarem ser homossexuais foram presos. Quem prestou serviços militares sabe que no exercito não se admite a homossexualidade, ainda há um pensamento retrógrado sobre este tema. Ainda há este tabu para ser superado dentro das forças armadas, e isto, não é apenas questão de Brasil, mas uma cultura mundial.
Pois bem, voltando ao episódio da morte dos três jovens no morro da Providência, é fundamental que o exercito se retire de lá. Acredito que o bom senso levará o presidente Lula pedir a retirada imediata por dois motivos simples um é que os militares perderam a confiança da comunidade. A partir de agora eles não são mais bem vindos, ainda que alguns moradores possam ser favoráveis. Quando se perde a credibilidade, perde-se a confiança e o entusiasmo. Segundo, pode começar haver retaliações ao exercito por alguns traficantes e levar baixas de militares e assim, ocasionar um confronto entre militares e civis. Neste caso, pode haver um desfecho trágico sem proporção.
Enfim, é fundamental deixar claro que as Forças Amadas não podem expor da forma que vem ocorrendo, pois ela ainda é uma referencial da ordem e quando começa a usá-la sem critérios como aconteceu neste triste episódio, onde 3 jovens civis foram levados por militares para serem executados mancha a instituição. O que está em questão não são os soldados com ênfase, pois talvez cumprissem ordens, e ai deles se não levassem os jovens e denunciasse seus superiores.