A necessidade de se impor

As formas de divulgação de informação sofreram considerável evolução nos últimos anos e multiplicaram-se acompanhando o ritmo global do avanço das tecnologias envolvidas com a comunicação. Esta, por sua vez, consolidou-se como uma das várias formas de designação de poder, podendo até mesmo ser considerada um componente inerente a ele. Os meios de comunicação de massa, em especial a televisão, percebendo esta relação entre poder e comunicação, reduziram as informações neles veiculadas ao caráter de mercadoria, tentando torná-las instrumento alienador do público receptor.

O poder que cerca a mídia e os profissionais que nela estão envolvidos muitas vezes descaracteriza o público. Diante do bombardeio de informações e imperativos que transformam o receptor em fantoche, o público passa, em sua maioria, à condição de aceitar toda e qualquer idéia imposta pela mídia. É claro que há tentativas (dignas de louvor) que buscam alertar o público sobre o seu estado de anonimato perante os meios de comunicação de massa. Mas os esforços passam praticamente despercebidos pelo olhar do público que ainda não despertou seu olhar crítico para o conteúdo veiculado.

Contudo, o poder que massifica e dispersa pode torna-se um aliado poderoso. Para tanto, é necessário se impor diante da mercantilização da informação e da própria comunicação. Dizer não aos tendenciosos diálogos das novelas, aos modelos marqueteiros de personalidades vendidos ou à banalização do jornalismo policial televisivo é um exemplo que o público pode dar à tentativa da mídia de homogeneizá-los. Expressar opinião própria é lutar contra esse caráter contraditório da mídia: ela seduz e atinge a todos com suas mercadorias, mas nem todo indivíduo é capaz de satisfazer-se por completo com elas, ou mesmo sequer poder adquiri-las.

A mídia é grande controladora de informação e exerce influência crucial na formação crítica das sociedades contemporâneas. É necessário estabelecer limites para essa opressão que o mundo da comunicação vive. Se a própria comunicação é responsável pela interação entre os indivíduos envolvidos neste processo e pela formação de opinião, como então fazê-los, se a mensagem, na maioria dos casos, é distorcida pelo meio antes de chegar ao destino final?