MST - POBRES SEM TERRA OU QUADRILHEIROS

Embora o título pareça forte, somente aquele que já foi vítima desta famigerada entidade tem capacidade de entender e falar sobre ela com propriedade.

Dia 29 de março próximo passado, eu recebi um telefonema de uma das vítimas do grupo. Durante nossa conversa, ele solicitou minha presença em sua cidade para que pudéssemos agir dentro da legalidade, para recuperar o domínio sobre seu patrimônio, conseguido durante mais de quarenta anos de trabalho.

Em razão de trabalho, somente no dia 3 de abril desloquei-me até a região onde residia a vítima do esbulho e, lá chegando, fiquei sabendo do que havia ocorrido.

No dia 25 de março sua fazenda fora invadida por diversas pessoas pertencentes ao MST. Depois da invasão, os elementos construíram barracas e nelas se alojaram. No dia seguinte foram até a sede da fazenda e deram um ultimato ao proprietário desta, através do seu peão. Mandaram que ele desocupasse a propriedade até o dia 06 de abril, senão eles seriam expulsos a força e depois destruiriam tudo.

No mesmo dia o responsável pela fazenda ligou para o patrão e expôs os fatos e as ameaças que foram feitas pelos invasores.

No dia 04 de abril eu conversava com o proprietário do imóvel invadido, em seu estabelecimento comercial, quando chegou um elemento do grupo invasor dizendo que queria “negociar” a retirada do seu grupo, mediante um “acerto”, por fora, extrajudicial.

O proprietário que já sabia de outros casos semelhantes, ocorridos na região, dispôs-se a negociar, uma vez que, segundo ele, ficaria mais barato e mais rápido que através da justiça.

Enquanto a conversa transcorria, o invasor, que não me conhecia nem tampouco sabia o que eu fazia ali, retirou do bolso um telefone celular de última geração e passou a manuseá-lo, com intuito de gravar a conversa que mantinha com o proprietário do imóvel ocupado.

Na conversa, ficou acertado que no sábado iríamos até a sede da fazenda a fim de acertar os detalhes da negociação bem como saber quanto eles queriam para saírem do local.

Embora tenhamos ido no sábado até a sede da fazenda e esperarmos além do prazo marcado, eles não apareceram.

Como tinha havido pré-disposição do proprietário em negociar, eles não obrigaram os peões a desocuparem a sede da fazenda. Durante a semana seguinte, quase todos os dias, o proprietário do imóvel invadido negociou com o chefe dos invasores. Este outro “chefe” faz parte de uma entidade de classe, localizada na cidade.

No dia 01 de maio voltei à cidade e fiquei sabendo que o fazendeiro havia feito um acordo com os invasores. Ele havia acertado a retirada deles por trinta mil reais.

No dia 04 pela manhã, ele teve a notícia de que os “invasores” acabavam de sair da sua propriedade. Ele respirou aliviado e desabafou:

- É muito triste viver assim, trabalhei a vida inteira para conseguir meu patrimônio, fui espoliado e não posso fazer nada.

Neste momento perguntei a ele:

- O chefe divide o dinheiro com os outros?

Então ele me respondeu:

- Não, ele dá algumas cestas básicas e o resto do dinheiro coloca no bolso para financiar sua campanha política para vereador.

E eu ainda tive a coragem de perguntar:

-Vereador? Por qual partido?

Ele sorriu e respondeu:

- É preciso falar?

De tudo que vi e acompanhei ficaram as seguintes perguntas:

1) Até quando ainda teremos que conviver com a insegurança? Somos vítimas de chantagem e não podermos fazer nada.

2) Por que através da via judicial não se consegue a retirada de invasores em tão pouco tempo?

3) A quem interessa essa insegurança toda no sistema jurídico organizado?

4) O que vai acontecer se todos que não têm casa, carro, terra, começarem a tomar de assalto aqueles que têm, alegando qualquer absurdo?

Vivemos dias difíceis e perigosos. Nas cidades, o crime tomou conta de tudo; no campo, outros criminosos invadem, destroem, intimidam, matam e nada lhes acontece.

Além destas perguntas, todas pertinentes, cheguei à conclusão de que existem “quadrilhas organizadas” que se valem de alguns pobres coitados para auferir lucro através da intimidação, da chantagem, do esbulho e outras práticas criminosas.

Geralmente a vítima paga e fica quieta, com medo de uma possível retaliação, afinal somente perde aquele que morre.

Nesta hora, quando se instala a anarquia e o desrespeito às leis, todo sistema jurídico ordenado fica impotente para agir, uma vez que o executivo serve de exemplos para essas bandalheiras.

Quando algum proprietário é assassinado, ninguém fala nada; quando, no entanto, morre algum invasor, a imprensa procura fazer do fazendeiro um culpado e todo invasor é sempre vítima, mesmo que este tenha praticado vários crimes.

O que fazer?

Respondam...

05-05-08-VEM

Vanderleis Maia
Enviado por Vanderleis Maia em 13/06/2008
Reeditado em 27/09/2010
Código do texto: T1032340