O que pode e o que deveria não poder...
As emissoras de TV, na região de Mato Grosso, Rondônia e Acre, estão em pé de guerra com os governos, no sentido de que estão sendo prejudicadas com os problemas de fuso horários e as “proibições” impostas pela classificação de programação.
Na eterna confusão do que seja o lícito e o ilícito, os meios de comunicação e principalmente a TV, não querem ter parâmetros para a sua distribuição de “cultura”.
O que gerou a implantação da classificação da programação foram os abusos que vinham sendo cometidos pela TVs no sentido da exibição indiscriminada e criminosa de cenas de sexo praticamente explícito, nudez e programas usando palavras de baixo calão nos horários em que as crianças ainda estão nas salas das casas. O que está acontecendo é que agora as cenas de sexo continuam aparecendo, um pouquinho mais tarde, o que não adiantou muita coisa, o que precisa ser mudado é a mentalidade de quem faz a programação.
A partir da implantação da nova Democracia no Brasil, em 1988, muita gente vem confundindo liberdade de imprensa e expressão, com bagunça, baderna e outros termos que significam um acinte à moral e aos bons costumes das famílias brasileiras.
Num total desrespeito às liberdades individuais de cada cidadão, nós brasileiros, somos obrigados a ver diariamente na TV, cenas de sexo, piadas nojentas, palavras de baixo calão e gestos obscenos, musicas de péssima qualidade e programas que discutem absolutamente nada, toda essa programação, acrescenta “nada” a nossa cultura e só serve para que alguns grupos ganhem “rios de dinheiro”.
Na busca pela audiência, os autores e diretores de novelas, têm apelado para todo tipo de excessos, pseudo-religiosos, cenas de sexo explícito, apologia a homossexualidade, exposição de drogas e armas, dramatização de estupros, roubos de carros, assassinatos, dramatização de cenas com gangs e bandidos consumindo bebidas e drogas, gente urdindo planos maquiavélicos para, matar, mutilar e exterminar pessoas e muitas outras coisas totalmente desnecessárias.
Quem pensar que assistir a este tipo de “programa” não influencia as outras pessoas à prática de atos parecidos, ou é um hipócrita ou muito burro. Os principais atingidos são as crianças, haja vista, que a exibição de desenhos animados com cenas de violência influenciam as crianças a praticar tais violências e a quererem ser iguais aos seus heróis violentos e até aos vilões desses desenhos.
Tudo na TV é apelativo, o apelo sexual está ligado a qualquer propaganda ou programa que a gente assiste. Em tudo tem mulher pelada ou com pouca roupa, muitas vezes em comerciais que não tem nada a ver. Nos programas de auditório, por exemplo, sempre tem um bando de mulheres com pouquíssima roupa, dançando por trás do apresentador, uma coisa totalmente dispensável e que nada acrescenta ao programa.
Agora mesmo apareceu na TV que está ligada, uma propaganda de um inseticida, onde uma menina de uns oito ou nove anos diz: “Eu estou apaixonada por fulano, ninguém sabe, como a minha mãe descobriu?”. Isso lá são palavras para estarem na boca de uma criança dessa idade?
Como pode uma criança, estar apaixonada? Sem contar a apologia que faz de esconder atitudes dos pais e a mentir.
Algumas propagandas de produtos para crianças, loções, sabonetes e outras coisas, apresentam uma mulher com poucas roupas e um homem que beija seu corpo sensualmente. Que necessidade há disso?
Como podem as propagandas de refrigerantes, serem ligadas à prática de esportes, se refrigerante engorda e atleta nenhum pode ser gordo?
A única ligação que há de cerveja com futebol e outros esportes, são os crimes e excessos cometidos após as partidas, pela ingestão exagerada de bebidas alcoólicas.
Queremos diminuir a violência, mas mostramos nas telenovelas e programas televisivos, cenas de violência doméstica, estupros. No caso mais recente, da novela Duas Caras, o excêntrico Juvenal Antena, governa com mão de ferro uma favela, mantendo a população debaixo do tacão da sua bota e cobrando propinas e sendo sócio de diversos negócios, mantendo uma espécie de milícia armada para dar “proteção”.
É uma violência e uma truculência gratuita que não precisa ser mostrada na TV, no horário nobre e o é, só pelo muito dinheiro que envolve.
Chamar o que passa na TV brasileira de Cultura, seria o mesmo que gostar daquelas velhas pornochanchadas italianas dos anos setenta.
A pior aberração, com direito a “parte II” é a novela dos mutantes, uma coisa totalmente fora da realidade, sem nenhuma possibilidade de acontecer e que mexe com a mente das pessoas, como o brasileiro não é muito culto, muitos podem até achar que aquilo é mesmo capaz de acontecer. O sexo, as intrigas, as falcatruas, a violência são a tônica dessa novela, a aberração não são os monstros apresentados, é a novela em si.
A TV é formadora de opinião, “deveria” levar informação e cultura para quem assiste. O que vemos é exatamente o contrário, muitos programas levam para dentro de nossas casas a anti-cultura.
Artistas, jornalistas, comentaristas, publicitários e todos os envolvidos com a mídia, certamente me odiarão por este artigo, mas o que é realidade tem que ser dito. Há uma confusão enorme entre o que é cultura e o que não é nada.
Há confusão entre liberdade e libertinagem.
A Democracia nos garante o direito de expressão, de dizer o que quiser, de fazer o que quiser.
Mas será que isso nos convém?
Está sendo veiculada uma propaganda da ABERT, dizendo que eles controlam a programação, mas a decisão é dos pais. Claro que a gente sempre pode tentar fugir dos programas ruins, desligando a TV, mas isso cercearia o meu e o seu direito de ficar com ela ligada e de ter uma programação de qualidade.
Quer dizer que para não contaminar a minha casa e as minhas crianças, tenho que manter a TV desligada?
Quem tem jovens adolescentes em casa sabe que é muito difícil controlar o que eles vêm na TV. Eles têm TV em seus quartos e assistem ao que querem e não vão dormir as nove da noite, imaginar que isso aconteça é de uma imbecilidade ímpar.
Obviamente, somos contra a censura, principalmente a jornalística, o que mais se precisa no Brasil é de informação, mas tem programas de TV, que não deveriam passar antes da meia-noite e as novelas, principalmente, poderiam apelar um pouco menos para o sexo, consumo de bebidas e drogas, fumo, violência, truculência e tantas outras coisas que já temos gratuitamente no nosso dia-a-dia.
Proponho a algum parlamentar, que faça um projeto de Lei, que institua um plebiscito sobre duas coisas que não deveriam passar mais na TV. Sexo e violência explícitos.
Com certeza as autoridades se surpreenderiam com o resultado e se cumprido, nossa TV seria um pouco mais útil para as famílias.
Faz-se necessário que o governo deixe de ser hipócrita e tome algumas atitudes, mesmo que sejam desconfortáveis ou politicamente incorretas de proibir por Lei, algumas coisas, sob pena de em breve as pessoas decentes deste país, não terem mais o que ver na TV, o único meio de diversão e lazer do brasileiro.