O MEDO DE FALAR EM PÚBLICO

Falar em público não é uma tarefa fácil. Requer preparação, o uso de técnicas adequadas e, sobretudo, domínio do assunto que se vai expor. Um orador não nasce pronto, embora haja pessoas que, por suas características pessoais, tendem a desenvolver essa atividade desde muito jovem com mais facilidade.

Sobre a comunicação através da fala, Osmar Barbosa, no seu livro “A arte de falar em público”, defende que “Para firmar a atenção, desenvolver o poder de concentração mental, é necessário praticar a arte de definir as palavras e os termos e de se exprimir claramente, com espontaneidade, sem artifício. Torna-se, imperioso também, saber ouvir pacientemente, quer em público ou não, para educar a memória auditiva e aprender a observar todos os pormenores com minúcia e perseverança.” Mas, e o medo de falar em público de onde vem? Por que ficamos pálidos, trêmulos e, por vezes, ficamos completamente paralisados diante da possibilidade de falar para uma multidão?

O medo é parte do instinto de sobrevivência. Toda vez que estamos diante de uma situação que a nossa mente entende como uma situação de risco, o cérebro envia uma mensagem para as glândulas supra-renais que, de imediato, deflagra uma injeção de adrenalina na corrente sangüínea do indivíduo. Esse processo provoca uma série de alterações no organismo destinadas a prepará-lo para o enfrentamento ou para fugir do perigo.

As principais mudanças orgânicas ocorridas no organismo são: palidez, em função do deslocamento do sangue da periferia para o interior dos músculos, visando aumentar a força muscular; respiração ofegante em função do volume maior de oxigênio exigido pelo organismo; tremor, suor e, às vezes, paralisação involuntária que teria a função de evitar o contato direto com o perigo.

Quando não estamos devidamente seguros para falar em público, vivenciamos as mesmas reações que citamos acima. O organismo reage como se estivéssemos diante de uma situação de perigo. É como se o público que se coloca diante do indivíduo fosse um perigo iminente.

Quem é tímido – e todos nós carregamos um certo grau de timidez – tem mais dificuldade em encarar uma platéia. O poeta Carlos Drumond se declarava tímido ao extremo: afirmava que tinha dificuldade até para atravessar uma sala na qual estivessem muitas pessoas. Os tímidos só conseguem falar em público a partir de quando tiver um mínimo de controle sobre sua timidez, aprendendo a conviver com ela.

Cabe ressaltar, entretanto, que, além das técnicas de domínio da timidez, correção da postura, controle da respiração ao falar, entonação de voz, o principal fator para se sentir seguro diante de uma platéia é o completo domínio do assunto que se vai falar. Ainda assim, estudos mostram que mesmo as pessoas mais experimentadas, menos tímidas e acostumadas a falar para grandes platéias, sentem uma pequena apreensão, uma certa ansiedade, momentos antes de iniciar a fala; a apreensão e ansiedade desaparecem tão logo inicia a palestra.