Opinião de Escritor – Um negro na Casa “Branca”? – Escrito em 09/06/08
A terra do irritante Tio Sam, da branquela família Clinton e de Bush (que dispensa comentários) é também a terra de 250 anos de escravidão, de 100 anos de segregação racial, de Martin Luther King e, agora, de Barack Obama, o primeiro negro a ser candidato à Casa Branca. Desde a última quarta-feira, dia 4 de junho, o mundo se volta para um velho dilema. A indicação pelo partido democrata de Obama para a presidência dos Estados Unidos reforça um debate a anos iniciado: a questão racial norte-americana.
Desde que Luther King travou uma árdua luta contra as leis americanas que, entre outras coisas, impediam negros de freqüentarem os mesmos ambientes que os brancos, a América, do sonho democrático e da liberdade a qualquer custo, se viu em um paradoxo. Como uma nação que prega a democracia, que vem exatamente da idéia de governo do povo, sem as amarras de um sistema burocrático e controlador, poderia subjugar os negros a viverem em estado permanente de exclusão? Uma vez que os Estados Unidos mudaram suas leis (ao custo da vida de Luther King), americanos e não-americanos se perguntaram: e agora, como é que fica? Os negros realmente serão respeitados? Apesar da indicação de Obama parecer um refresco para todos os que acreditam que ainda há uma certa segregação racial, não se pode levar por esse lado. O próprio Obama diz em seus discursos e em suas atitudes que não será um presidente para os negros, mas sim para os americanos.
Certo. Ele já é candidato, e terá que travar uma nova batalha, agora contra John McCain, veterano de guerra e mais experiente que Obama. Suas chances de se tornar o primeiro presidente negro dos Estados Unidos são reais? Ou a América vai mais uma vez ver um branquelo governar um dos países mais racistas que o mundo já viu? Só saberemos em 4 de novembro.
“Sim, nós podemos”, gritava Obama em seus discursos. Poder até pode. Mas, prefiro um outro lema, que já não é ouvido há anos: “Eu tenho um sonho”, disse certa vez o líder negro Martin Luther King. Todos têm esse sonho, meu caro Luther King, e não só os americanos.