Apresentação
Então, como se ouvisse a chegada do sol, a moça escolheu uma linha clara. E foi passando-a devagar entre os fios, delicado traço de luz, que a manhã repetiu na linha do horizonte.
(Marina Colasanti. A moça tecelã)
A publicação deste número 1 da Teia Literária é a realização do desejo de se editar uma revista que pudesse ser um novo espaço para o encontro de idéias, possibilitando sempre um diálogo no encontro entre a Literatura, o seu tempo e a crítica que a revivifica. A Língua Portuguesa é o nosso tear. A Literatura, o nosso fio. E cada um de nós, o tecelão. Com os fios desta Teia urdimos a revista que ora apresentamos.
Se o texto é, como conceitua Roland Barthes, “o tecido dos significantes”, cada um dos fios desta Teia constitui um caminho de leitura para aquele que é o objeto do nosso prazer: o texto literário. Eis que assim se tece a Teia Literária, uma revista de estudos culturais que divulgará investigações acadêmicas no âmbito das Literaturas de Língua Portuguesa. Brasil, Portugal e África emergem, portanto, como epicentros dos textos que aqui encontram lugar.
Nesta edição, focalizando o tema: MODERNO, MODERNISMO, MODERNIDADE, os textos de Carmen Lucia Tindó Ribeiro Secco, Cláudia Cristina Couto, Jorge Valentim, Leandro Garcia Rodrigues, Mariana Custódio do Nascimento, Raquel Cristina dos Santos Pereira, Renato Nunes Bittencourt, Rita Barbosa de Oliveira, Roberto Nunes Bittencourt e Sheila Khan contemplam, de forma instigante, provocante, em fluxos e refluxos de um exercício intelectual, na diversidade das leituras, o conjunto coeso de textos da Teia Literária.
Pensando na dialética entre a tradição e a ruptura nas Literaturas de Língua Portuguesa, perpassando por diversas épocas, lançamos um desafio: “De que forma os conceitos de Moderno e Modernidade se inserem em uma obra literária?”. Jorge Fernandes da Silveira, Jorge Valentim e Simone Caputo Gomes apontam possibilidades de resposta para aquela que se torna a questão fulcral deste número 1 da Teia Literária.
Fecha este volume a seção de resenhas. Jorge Valentim realiza uma apurada leitura de duas das mais recentes obras do crítico, tradutor, ensaísta e poeta português Albano Martins: o livro de versos Palinódias, palimpsestos (Porto: Campo das Letras, 2006) e A Letra e as Tintas (Vila Nova de Famalicão: Edições Quasi, 2006), livro de ensaios escritos pelo autor em um período que abarca os anos de 1980 a 2003. Roberto Nunes Bittencourt encerra esta edição com A primeira pedra (Rio de Janeiro: 7Letras, 2006), terceiro livro de poemas do professor de Literatura Portuguesa e ensaísta Sérgio Nazar David.
Cumpre-nos agradecer aos professores, pesquisadores, amigos e mestres – na mais terna acepção da palavra – que, tendo fé no nosso trabalho, aceitaram participar do Conselho Editorial da Teia Literária. Agradecemos, igualmente, àqueles que tornaram possível a concretização desta revista, em especial aos ensaístas que se dedicaram e contribuíram com os textos que integram o todo da Teia. Não nos esqueçamos de mencionar, também, Francisca Ferreira de Oliveira, secretária de pós-graduação em Letras da PUC-Rio, a quem devemos muita gratidão por todo o incentivo para que esta revista se concretizasse.
Aos nossos leitores, deixamos os votos de que este espaço, que ora desponta no cenário acadêmico, seja de agradáveis e enriquecedoras leituras. Nosso cordial abraço e muito obrigado pela companhia.
Jundiaí, outono de 2007.
Raquel Cristina dos Santos Pereira
Roberto Nunes Bittencourt