MUDANÇAS PESSOAIS E A FELICIDADE

Em verdade, se o mundo está errado, é porque nós o formatamos assim. Algumas situações têm séculos de concepção e prática diferenciadas, à revelia do que pensamos...

E cada pessoa o concebe diversamente, porque cada um é um universo peculiar. Dá pra relembrar Ortega y Gasset, que lavrou para a história do pensamento a máxima: “Eu sou eu e minhas circunstâncias!”

É desse embate de teses e antíteses que poderemos chegar à possível síntese, compondo analiticamente o processo intelectivo da Dialética, concebido por Hans Hegel, no século XIX.

É dessa descoberta pessoal, com ideações, ações coerentes e práticas que poderemos realizar as mudanças pessoais, acaso consigamos romper o circuito tradicional, consuetudinário, que é sempre a tese conservadora.

O decurso do tempo consome tudo, inclusive as idéias. Mas enquanto estamos neste mundo podemos descobrir algo novo para contribuir com o edifício do verbo, dos signos, dos cálculos, da palavra, mormente em Arte Literária.

Mudança é sempre palavra mágica: um fetiche. Dentro dela está o estado pessoal eivado de outra magna maga: a FELICIDADE. Este é o mote para as mudanças: a perspectiva de vir a ser feliz. E o vetor máximo é a sensação de ser bem quisto, bem ouvido, falar, beijar sem medos, vir a ser amado pelo outro, o devir que se deseja nunca acabe...

As eventuais modificações nos diversos planos da vida societária – inclusive no político – são conseqüenciais dessas tentativas pessoais de mudança.

Que sempre seja bem-vindo o NOVO com a sua corte de mudanças. O senhor Tempo nos dirá quantos séculos, anos ou minutos ele resistirá. Mas, por certo enquanto persistir, sobreviverão mudanças que farão exsurgir o estado de Felicidade para alguns dos “condenados a pensar”.

Porque é aos que fazem as reflexões sobre o andar da realidade que o viver coletivo dá respostas práticas, objetivas. E são os mesmos, dentre os quais os poetas, aqueles que comemoram o olho atônito do Futuro. A grande massa segura a corda que mantém o Presente, com a sua tralha de mitos, reprováveis hábitos e alguma maledicência.

É necessário ser, no mínimo, permeável ao Novo. O solidarismo e o coletivismo farão o resto. Mostrarão seus efeitos a todos os de uma comunidade, num momento dado.

Este é o momento do Brasil do início do século XXI, quando a aurora da democracia nega a regra para a América Latina, a qual se vem apresentando com a histórica supremacia da opressão estatal sobre os direitos individuais. Afinal, na cabeça das pessoas está – sempre – a ameaça dos golpes, das ditaduras de plantão...

Para mim, a humanidade se divide entre os que SÃO e os que TÊM, e os interesses são conflitantes!

Os que SÃO podem mudar os destinos do mundo. Aos que TÊM não interessam mudanças, porque estes perdem privilégios que valem poder e este produz dinheiro!

– Que se sustente a senhora Democracia!

– Do livro CONFESSIONÁRIO – Diálogos entre a Prosa e a Poesia, 2006 / 2008.

http://www.recantodasletras.com.br/artigos/1025094