Professores, alunos e pais: uma ação conjunta pela Educação
A Educação Básica no Brasil conta com cerca de 2.647.414 funções docentes exercendo atividades em sala de aula (1). Somos, portanto, mais de dois milhões de professores no país. Os estabelecimentos de ensino da Educação Básica somam 203.973, escolas essas freqüentadas por 55.942.047 alunos, sendo 8.906.820 do Ensino Médio, 33.282.663 do Ensino Fundamental, 7.016.095 da Educação Infantil, 744.690 da Educação Profissional, 5.616.291 da Educação de Jovens e Adultos e 375.488 da Educação Especial. Desses, 177.121 são de escolas federais, 23.175.567 de escolas estaduais, 25.243.156 de escolas municipais e 7.346.203 de escolas privadas (2). E esses quase cinqüenta e seis milhões de alunos têm, proporcionalmente - levando-se em consideração mais de um estudante em algumas famílias -, pelo menos oitenta milhões de pais ou responsáveis com os quais vivem (muitos dentre eles professores).
Que a Educação brasileira vive momentos difíceis não é novidade para ninguém. Um país - sabemos nós - somente pode ser bem sucedido econômica e financeiramente se tiver como base um bom sistema educacional, com conteúdos contextualizados e com a participação da sociedade. Entretanto, percebe-se que no Brasil a sociedade é, em sua maioria, passiva em relação aos problemas educacionais e, por que não dizer também, um tanto conivente com as más administrações públicas e escolares.
Os mais de dois milhões de professores - formadores de opinião - não imaginam a força que têm nas mãos se a classe se unir, trabalhar coesa e agir com coerência e bom senso, desvinculada de filosofias político-partidárias e de teorias psicopedagógicas. Por isso conclamo todos os professores brasileiros a repensarem a carreira profissional e refletirem sobre seu importante papel na sociedade, mudando a cultura de uma minoria dominante que nos acompanha há centenas de anos e que acomete a Educação brasileira desde o Brasil colônia. Alerto, inclusive, aos professores do Ensino Médio para que atentem para o fato de não existir atualmente políticas públicas concretas para o nosso antigo 2º grau, nenhuma proposta específica, a não ser o polêmico e arriscado ensino médio integrado (lembro-me da década de 1970).
Os mais de cinqüenta milhões de estudantes da Educação Básica, se se conscientizarem da importância da formação educacional básica em suas vidas, poderão mobilizar toda a sociedade para uma ação de impacto junto aos governantes, haja vista que os políticos sobrevivem de seus votos. Estudantes esclarecidos e cada vez em maior número ingressando e concluindo cursos de graduação é o maior temor desses políticos. Conclamo, portanto, a todos os estudantes da Educação Básica do país a buscarem maiores esclarecimentos sobre as "entrelinhas" das políticas públicas para a Educação e a lutarem por um ensino de melhor qualidade, principalmente na rede pública.
Os cerca de oitenta milhões de pais ou responsáveis por estudantes brasileiros, preferencialmente desvinculados das políticas paternalistas que escravizam a maioria da sociedade, especialmente a composta por pessoas de menor poder aquisitivo, podem cobrar para seus filhos uma Educação digna, que lhes dê condições pessoais, profissionais, financeiras e intelectuais de contribuir como cidadãos pelo crescimento integral do país. Conclamo, portanto, aos pais de alunos que lutem por esse ideal, recusando-se a serem enganados por políticos oportunistas.
Unidos, professores, alunos e pais, despojados de uma cultura escravagista, podem provocar uma grande revolução neste país: sem embates corporais, sem bate-bocas, sem invasões, sem badernas e sem greves.
(1) Inep/MEC, Senso 2006.
(2) Idem.
*Prof. Maurício Apolinário
é autor do livro "A arte da guerra para professores"