UM CONTO SEM PONTOS...
...para o Brasil, infelizmente.
Hoje, num desses encontros fortuitos da vida, conheci uma senhora de setenta e tres anos, de boa conversa, que me dizia embarcar no próximo sábado para o seu país de origem, em férias coma a família, um país pertencente à comunidade européia.
Dizia-me que há anos emigrou para o Brasil por motivos de força maior, mas que no seu país trabalhara por quinze anos como professora primária.
Assim que aqui chegou, ainda por um ano, voltou ao seu país para cumprir um pequeno tempo de trabalho o qual lhe daria direito a uma aposentadoria proporcional ao tempo de serviço PELOS QUINZE ANOS, vejam só!
Bem, conseguiu a aposentadoria de lá,e aqui e se estabilizou como comerciante em negócio próprio, sempre recolhendo todos os impostos, inclusive os fundos previdenciários.
Então hoje desabafava: O seu marido,mais idoso e falecido a um ano, se foi sem nenhum benefício DAQUI, mesmo tendo se naturalizado brasileiro. Não obtive maiores informações do porquê.
Dizia que viveram um bom tempo da terceira idade deles, depois de findo o trabalho, graças à aposentadoria de lá, pois por aqui, mesmo depois de ter contribuído à previdência, foi vendo seu também benefício encolher a cada ano, até o atual de um salário mínimo.
Aí não me contive.Fui extremamente mal educada, pedi licença e lhe perguntei o valor de sua aposentadoria européia PROPORCIONAL pelos quinze anos de trabalho como professora "primária".
Senti que teve prazer em me dizer.
Se algum professor estiver me lendo, já vou recomendar: proteja as coronárias...muita calma nessa hora! Quase mil euros, reajustáveis a cada ano! E com o real "valorizado" o que pra ela não é bom negócio!
Alguém poderá achar pouco, mas a relatividade é com o salário base do nosso professor da rede pública do ensino fundamental, ou mesmo o bruto, que está bem longe dessa tal quantia.
E nem falo só de aposentadoria. Não existe mais política salarial no setor público.
Nada! Nenhum poder que defenda o valor do trabalho de quem serve o "Estado", seja a nível minicipal, estadual ou federal!
Fica ao bel prazer da gestão pública reajustar ou não os salários, e o servidor, totalmente refém da vontade política.
Bem, acho que não preciso relativizar mais nada.
O que eu gostaria de lembrar, é que outra reforma previdenciária já acena por aí. Só não saiu ainda porque é ano eleitoral, é o que acho!
E com aumento da idade mínima e do tempo de contribuição à previdência.
Acho isso calamitoso.Vide o exemplo que dei acima.
Longe de querer comparar nossa saúde previdenciária com país de primeiro mundo, mas a diferença é chocante para um Brasil que arrecada como o nosso!
Quem lida com pessoas como eu lido, sabe que a terceira e quarta idade no Brasil não é como se canta por aí.
Vivem na grande maioria do mínimo que não sustenta ninguém!
Não vale comparar a situação atual, que é ruim, com as anteriores que eram piores.
Temos que nos comparar com o melhor!
A terceira idade brasileira não chega com a qualidade em saúde física e mental de país de primeiro mundo!
Simplesmente porque a vida por aqui não é de primeiro mundo! Simples.
Chegam sim, MAS NA SUA GRANDE MAIORIA MUITO DOENTES!
Usa seus parcos benefícios DE APOSENTADORIA para remédios, poucos alimentos e para sustentar os desempregados das suas famílias!
Quase nada mudou, se é que mudou.
Eu espero sinceramente que os parlamentares coloquem a mão na consciência para decidirem sobre a próxima reforma previdenciária.
Deveriam sim, é lutar para que o dinheiro da previdência não vá ralo afora desviado pelos tantos dutos subterraneos que existe nos governos. Dignidade a quem trabalhou, contribuiu e que precisa continuar VIVENDO!
Estamos aí com mais uma votação da CSS, uma maquiagem da CPMF.
Sinto vergonha.Se isso passar na bancada, deixo minha esperança vagando pelos cosmos em busca da seriedade e um bocado de óleo de peroba!
Assim...já é demais! É muita cara de pau!
Brasil...que tal acordar, hein?