Que Educação é essa? – uma reportagem jornalística
No último dia 31 de maio de 2008, um jornal impresso de grande circulação do Distrito Federal publicou uma reportagem sobre o espancamento de um professor por ex-aluno e uma aluna adolescente encontrada armada na porta de escola em uma das cidades satélites; em seguida, uma reportagem acerca das divergências sobre o tema "violência nas escolas". Até aí tudo bem, esse é justamente o tipo de notícias que os repórteres andam à cata todos os dias em nosso país, pois provocam maior interesse a leitores, ouvintes e telespectadores. Mas o que me leva a refletir aqui é o título de capa da matéria, destacado em letras garrafais vermelhas, logo abaixo do nome do jornal: QUE EDUCAÇÃO É ESSA? Esse título questiona a educação escolar em seu todo e que, nas entrelinhas, não deixa de ter certa ironia por parte da redação do jornal.
Aí vem a minha pergunta: o que o jornal tem feito em prol da educação no em Brasília e Distrito Federal, com investimentos, apoio às escolas com distribuição gratuita numa quantidade que propicie aos professores a sua utilização em sala de aula diariamente, divulgação de projetos escolares, de ações efetivas da administração local e federal, entre outras. Outra pergunta: o que o jornal entende por educação para expor um título como esse na primeira página, bem chamativo? O jornal conhece a história da educação no Brasil desde o período colonial, passando pelo império, pela primeira república, pela era Vargas, pela ditadura militar e chegando ao período da democracia do final da década de 1980 até os dias atuais? O jornal conhece a rotina de uma escola? O jornal sabe como é a vida de um professor de escola pública? O jornal conhece o contexto social onde as escolas estão inseridas? Em que ele tem contribuído para melhorá-lo?
Além disso, o jornal deveria atentar para as políticas sócio-econômicas dos governos federal e distrital, para a falta de limites na família, para a permissividade a crianças e adolescentes, para a falência da segurança pública e para os maus exemplos expostos todos os dias nas telas da televisão, além da superproteção do ECA.
O que o jornal tem publicado para conscientizar nossos adolescentes sobre os prejuízos que a violência traz a si mesmos e à sociedade? O que o jornal tem divulgado e incentivado sobre projetos sociais em comunidades carentes e/ou regiões de grande violência? O jornal tem desenvolvido projetos nesse sentido e contribuído para com a sociedade e para com a melhoria da educação no Distrito Federal?
Deixo aqui uma pergunta para reflexão: que educação é essa que o jornal tem em seu entendimento?
*Prof. Maurício Apolinário é educador, escritor e palestrante,
autor do livro “A arte da guerra para professores”.