Sonhos e inquietações
Em meio às lutas, alegrias, há os vazios. Vazios que explicam a insatisfação de reconhecer grandes dificuldades e um aparente e contraditório desafio: aliar produtividade à competência e ao prazer de estar sempre buscando uma vida melhor para o ser humano. Muitas justificativas, algumas relexões, pequenos desabafos.
Donos de escola não percebem que a educação formal de hoje necessita de professores competentes e criativos, que possam ser capazes de buscar opções interessantes, inteligentes e não "piegas" de estimular o aluno a estudar. Para isso, é preciso ter especialistas voltados para a educação, propriamente dita, que estejam empenhados em construir, junto aos outros envolvidos, esta nova escola -- séria, mas não sisuda.
Os professores, instigados pela indiferença, pelo desrespeito e, conscientes ou não, da necessidade de sobrevivência, não conseguem empolgar nem empolgar-se pelo espírito maior de formulação e aplicação de plataformas mais ousadas. E, não constróem a conscientização ampla, necessária à transformação de cada mestre em um vigililante, cuidadoso e ativo, capaz de exigir o reconhecimento de sua importância e correspondente valorização. Apáticos, esperam unidades percentuais de aprovação de desempenho. E comemoram. E reclamam. E começam tudo de novo, a cada ano.
O aluno, que vai à escola, deseja, preponderantemente, o imediato, o descartável, o que vai facilitar o ingresso na universidade, aliás, em uma escola dita superior, que lhe forneça um documento capacitador de ações profissionais. Cabe à escola mostrar-lhe que é possível aprender para ser um profissional mais preparado, sem abandonar o projeto simples, mas primordial: ser feliz. E construir a felicidade custa caro, todos sabem. E paga quem tem. Com o que tem, com o que pode ter, com o que deseja pagar.
A escola que continua acreditando que o objetivo maior é promover a aprovação do aluno no vestibular deve estar contando o tempo de vida útil que lhe resta. As facilidades que existem para o aluno alcançar certas escolas superiores, a falta de consciência dessa situação pela maioria dos pais, o conseqüente desinteresse de grande parte dos alunos, somados à inversão de valores que permeia a sociedade, certamente, representam a receita perfeita para fazer da escola o lugar menos agradável para o estudante.
Quando confirmo o cotidiano com essa descrição e análise quase perfeita da realidade que vivo; quando percebo que todas as preocupações dos empresários do setor educacional estão concentradas primordialmente em computadores e outras gerigonças mais, desconfio: o sinal ainda demora muito para acender...
Não desisto, porém, porque também tenho certeza de que ainda há muitos educadores pensando como eu. E não concebo educação como acúmulo de notas e notas. Nem como devolução automática de informações. Nem reproduções de impressos eletrônicos, nem vistosas e modernas apostilas com informações em recortes.
Há de se pensar em vida, há de se pensar em gente, há de se pensar em felicidade, em vida digna. E há de se pensar em conhecimento, em conhecimento que propicia aprendizado real e sensação de ser útil à sociedade . Os pilares da cidadania, o bem viver de cada um e de todos não podem ser somente palavras de projetos pedagógicos -- exigem ações incentivadoras e motivacionais dentro dos prédios luxuosos, com salas modernas e atrativas.
Todas as ferramentas de que dispõem as escolas são muito bem-vindas. Ferramentas... não, obetivos.
Por enquanto ... TORCIDA!