PREDESTINAÇÃO
A cultura cristã ocidental desde a Idade Média alimenta crença de que os destinos de cada ser humano são prévia e definitivamente decididos por um ser supremo. Com a modernidade tal crença foi se desvanecendo, contudo, mesmo nos dias atuais ainda há a presença de resquícios dessa visão na nossa cultura.
Trata-se de uma forma de se fugir à responsabilidade que cada um tem de se conduzir no mundo e traçar seu próprio destino. Esse pensamento possui, em sua essência, um forte componente ideológico que conduz o indivíduo à submissão e à inércia política.
Essa crença aparentemente não traz nenhum dano à sociedade como um todo. Ledo engano. A idéia de “o que tiver de ser, será” ou “se tiver de acontecer, acontece”, além da apatia e indolência participativa que produz, serve de base também para comportamentos negligentes e imprudentes que geram acidentes e crimes. Em alguns casos representa o arcabouço de uma personalidade suicida em potencial.
Outro detalhe interessante envolvendo a idéia da predestinação é a contradição que ela encerra: a maioria das pessoas que acreditam no destino prévia e determinantemente traçado, costumam pedir proteção ao mesmo ser supremo a quem atribuem a predestinação definitiva – ou seja, pedem a quem toma decisões tidas como imutáveis que mude suas decisões.