A PROVA OPERATÓRIA COMO APROVAÇÃO COLETIVA DO CONHECIMENTO

Diversos autores preconizam que a compreensão e significação existenciais, estão intrinsecamente ligadas ao processo ensino-aprendizagem e, todavia, na inserção e avaliação das dimensões relacionais, no coloquial do aluno com o mundo, na leitura e escrita e, por fim, no contexto da “aula operatória”, uma vez que a observação da nossa realidade, mostra-nos que grande parte dos professores sente inúmeras dificuldades na avaliação da prova operatória, na indução ao contexto da produção e conseqüentemente na aprovação coletiva do conhecimento.

Por outro lado, esses mesmos autores reforçam concomitantemente a importância da avaliação, como instrumento de apoio às ações e premissas educacionais. Desde a observação de uma criança na escola de educação infantil (seus primeiros passos), passando pela discussão da possível reprovação de um aluno num conselho de classe, o processo de avaliação é deveras angustiante, porque se vê de certa forma, acompanhado de dúvidas, incertezas e muitas vezes da própria incoerência dos envolvidos, até porque, requer algumas reflexões que tem como objetivo crucial: a apresentação de propostas inerentes à prática pedagógica, no que se refere a uma das dimensões desse amplo processo: a elaboração e aplicação de provas.

Como auxílio a professores, orientadores e diretores, no sentido de repensarem as experiências do cotidiano, a análise da prova é vista como um dos úteis e possíveis instrumentos de avaliação; pois, a prova é capaz de oferecer subsídios ao professor, para que o mesmo possa entender como está se processando a organização do conhecimento e desenvolvimento dos pensamentos do aluno e, a sua relação com esse mesmo conhecimento.

Portanto, a vedete acadêmica reforça que a Educação, em geral, e a Escola, essa mesma, em particular, pouco avançaram, já que não houve, em comparação a outras áreas das atividades humanas, a esperada e necessária evolução. Ou seja, o cotidiano da escola ainda é o mesmo de anos; Os recursos tradicionais como a lousa, o giz, o professor falando, o aluno escutando, as classes em dia de prova, divididas em turnos “a” e “b”, as notas, a caderneta, etc., etc., são ainda no universo escolar deste país, as principais ferramentas de acesso à realidade educacional, no contexto ensino-aprendizagem.

Comumente, a prova ainda é vista como instrumento de cobrança, pois, passa a ser tida como fator ocasional em que o professor excedendo o vínculo com determinado conteúdo ministrado, irá verificar o que aluno realmente aprendeu. No entanto, nessa condição, existe um ritual de preparativos, pessoas, coisas e, logicamente dentro de um aspecto conjuntural.

É neste momento repleto de expectativas que as ações modificam o cotidiano da escola, impondo-lhe um ritmo diferente e alterando até o espaço físico da sala de aula.

Face às possíveis razões que justificariam tais desvios, uma delas é imensamente triste: em meio à tempestade da supervalorização do ter e da depreciação do querer, o ser humano é relegado face ao ensino-aprendizagem a um segundo plano, isso apenas justifica a desvalorização da cultura e das ciências, num desprestígio inequívoco do aparato econômico, cultural e social do estudo, da escola e principalmente do professor.

Os problemas são sempre formados por uma ou mais palavras operatórias. Elas indicam qual a habilidade operatória que se quer observar ou a resposta que o aluno venha a dar. Para isso faz-se interessante: analisar, classificar, comparar, levantar hipóteses, justificar, explicar, interpretar, descrever, reescrever, opinar, calcular, determinar, comentar, expor, construir, relacionar, sintetizar, dentre outros fundamentos não menos importantes.

A prova operatória e a relação coloquial podem servir como mecanismos de descontração, ajudando a diminuir a tensão, que histórica e culturalmente, é imposta nos momentos de avaliação. O tratamento coloquial mobiliza o aluno, chama-lhe atenção, estimula a ação da percepção, pois “...a prova operatória nada mais é que uma conversa permeada pelo respeito e a consideração”.

Enfim, o coloquial envolve a estrutura cognitiva do aluno, oferecendo-lhe a oportunidade de organizá-la. Desta forma, a prova operatória, é nada mais que a relação aluno-mundo, numa compreensão quase imediata do universo que o cerca, a partir de uma visão macro, tendo como resultado a análise do conhecimento, acreditando-se no desempenho satisfatório.

A teoria de Jean Piaget quanto ao desenvolvimento humano infere claramente que o afeto é tido como um motor da ação. E, nós, sem o menor risco de contraí-lo, aumentamos esta percepção: inundado pela relação sociocultural, esse afeto é mais que um motor da ação, é o regulador da operação.

Este relacionamento afetivo será também reflexo do que o professor e alunos entendem como “relação interpessoal”, ou simplesmente, o reflexo de como se enxerga a PESSOA HUMANA.

A aula, por sua vez, é um momento extraordinariamente importante. E a relação interpessoal que a condiciona e a envolve, mais ainda.

Alfabetizar uma criança, respeitando a sua individualidade e pensando-se na diversidade, é tão importante como qualquer ação de cunho político, social, cultural e/ou econômico. É o compromisso da ação e reação, na interação e no uso de dinâmicas, técnicas e metodologia ampla e diversificada, polarizando o pensar e o operar.

Haja vista, o vocacionado professor, capacitado e apto a interagir com os alunos, embasado no conhecimento que lhe é peculiar, é o agente causador das transformações, uma vez que dissemina o conhecimento, na condição de líder absoluto e partícipe no processo. Essa é uma demonstração sapiente da sua importância na construção da liberdade, autonomia e independência.