Garantir o acesso à educação escolar não é suficiente
Garantir o acesso à educação escolar não é suficiente
Para o Estado brasileiro, cumprir com seus deveres a respeito da educação resume-se basicamente em oferecer o que lhe é imposto pela legislação: garantir o ensino fundamental gratuito, fingindo se preocupar com a qualidade do mesmo.
Se isso fosse suficiente, não teríamos que conviver com a triste realidade, divulgada a pouco tempo pelo INP (Instituto Paulo Montenegro) de que 75% dos brasileiros são analfabetos funcionais, ou seja, 3 em cada 4 brasileiros.
Esses indivíduos considerados analfabetos funcionais certamente passaram pela escola, tiveram seu direito ao ensino gratuito assegurado, no entanto, não receberam subsídios básicos necessários para que se tornassem seres sociais pensantes.
De nada adianta oferecer ensino gratuito e criar programas educativos que não atendem às necessidades dos educandos nem dos profissionais de educação e que em vez de nivelar a qualidade da educação, aprofundam ainda mais as desigualdades sociais.
A reforma educacional estabelecida nos últimos anos só veio a desobrigar o Estado de suas responsabilidades, atribuindo-as aos municípios que, por sua vez estabelecem dezenas de procedimentos burocráticos às escolas, como se essas fossem apenas empresas e não instituições formadoras de indivíduos sociais.
Com tanta burocracia e delegação de responsabilidades, resta aos gestores de instituições de ensino adaptar-se a essa situação em que se estabelece o modelo burocrático de gestão, porém se empenhando, em meio a todas as dificuldades, a oferecer uma educação igualitária e justa.
Em meio a essa situação o gestor educacional assume um novo papel, que vai além da supervisão e administração. O papel do gestor torna-se bem mais complexo e a este cabe agora valorizar a função social da escola e identificar a maneira mais adequada de conduzir seu trabalho, comprometendo-se com o ensino e aumentando as chances de oferecer um ensino-aprendizagem de melhor qualidade.