Perdão e seus efeitos colaterais
O Perdão e seus efeitos colaterais
Hoje em dia muito se fala sobre o Perdão e o poder que ele exerce, interferindo em nossa qualidade de vida.
A esse respeito, acho interessante que se coloquem alguns pontos em evidência, para que este conhecimento possa produzir benefícios consistentes na vida de quem por ele se interessar.
Definir o perdão se faz necessário, uma vez que precisamos entender do que estamos falando. Deixemos de lado a idéia religiosa ligada a ele, e tentemos compreender o que significa o perdão em termos de comportamento.
No dicionário Aurélio, encontramos a definição de perdão da seguinte maneira: Remissão de pena; desculpa; indulto. Podemos dizer que cientificamente a ação de perdoar implica esquecer; não mais considerar algo relevante; compreender que algo não tem mais poder algum sobre nossa vida, enfim, encarar uma situação de modo a desvinculá-la do significado emotivo que ela contém.
Em meu trabalho é comum ouvir das pessoas: Eu perdôo, mas não esqueço! E isso, meus amigos, dito com uma carga de emoção que não deixa dúvida de que, o que está na memória desta pessoa não é o fato em si, mas a emoção que este fato provocou em seu coração.
Quando dizemos que o perdão é um ato de esquecimento, na verdade nos referimos a diluição da emoção negativa que experimentamos por ocasião do evento que gerou a mágoa, raiva, rancor, ressentimento, enfim, todo tipo de energia destrutiva que nos faz mal.
Li em algum lugar uma observação que achei valiosa. Dizia que o rancor, o desejo de vingança, era o mesmo que alguém tomar veneno e esperar que o outro morresse. Esse pensamento favorece o entendimento do efeito negativo e fatal que pode gerar, em nossa própria vida, esse tipo de emoção. Tão ilógica quanto ele, é qualquer tipo de ação que vise devolver ao outro a mesma emoção negativa que se experimentou ao viver uma situação.
Um dos aspectos que mais me atrai na filosofia é o fato dela instigar que indaguemos e caminhemos cada vez mais, em nossa compreensão relacionada à vida. Não pretende dar respostas, mas instigar questionamentos que nos levem a descobertas, o que considero saudável, desejável e fundamental para a evolução de nossa consciência.
Podemos inferir que o perdão é antes de mais nada um ato de vontade. Uma decisão racional de buscar desvencilhar-se de sentimentos nocivos que nos roubam energia e nos enfraquecem, podendo degenerar nosso organismo.
Hoje sabemos que em diversos países, laboratórios pesquisam os efeitos físicos que o perdão provoca no corpo humano. Descobriu-se que ao perdoar uma pessoa apresenta alteração em seu sistema imunológico. Seu organismo comporta-se de maneira mais harmônica e há considerável melhora em seu funcionamento.
Essa informação abre possibilidades que podem mudar radicalmente a própria conduta dos profissionais da área de saúde. É possível que se descubra uma fonte de energia que pode ser acionada por nós mesmos, através de uma conduta adequada.
Assim, o homem vai pesquisar para criar em laboratório algum medicamento que atue no funcionamento de seu organismo, provocando o mesmo efeito que o perdão causa. Não é curioso, sendo que ele mesmo tem a capacidade de gerar este funcionamento, através de uma consciência mais clara e racional?
Sabemos da dificuldade que há em lidarmos com as emoções. Particularmente, acredito ser este o grande desafio que temos nesta dimensão. O que proponho é que, enquanto a ciência se dedica à pesquisa deste “medicamento”, quem sabe, cada um que se interessar pelo assunto, possa pesquisar em sua própria vida, aproveitando-a como um laboratório, os efeitos que o perdão provoca em si mesmo. Quem sabe possa beneficiar-se com esta atitude e através de seu exemplo, colaborar para que outros também assim procedam!
Podemos ter muitas surpresas, e agilizar os benefícios que o perdão nos traz. Independente da crença, da religiosidade, não se pode negar uma verdade. A bíblia aponta o perdão como um lenitivo ao sofrimento e uma oportunidade de recuperação (resgatar algo que se perdeu, ou se deteriorou).
Algumas vezes, a humanidade se deixa levar por convicções, idéias, conceitos e interpretações, pessoais ou de grupos, que terminam por causar-lhe mais mal do que bem. Talvez, só talvez, seja hora de pensarmos de modo universal, buscarmos entendimento dentro da esfera da coletividade, e então poderemos, quem sabe, compreender melhor a dinâmica da vida nos domínios do relacionamento humano.
Acredito que vale a pena pesquisar essa questão que diz respeito a nossa felicidade e a possibilidade de ainda experimentarmos um mundo melhor, onde a paz seja a tônica predominante na sociedade, tornando-a mais proativa e fraterna.