VALEU, SENADOR JEFFERSON PÉRES, VALEU!!!

Sempre que me encontro em Brasília, normalmente para estudos, faço questão de conversar com quem possa aprender, crescer, enfim, ampliar horizontes.

O senador Jefferson Péres era o primeiro. Três razões tinha para procurá-lo: Sua envergadura Política, sua vasta Cultura e seu comprometimento Ético-Moral.

Política, para ele, há de ser um jogo no qual todos os movimentos visam ao estar bem de nossa gente. Excluídos e marginalizados ocupavam o centro de sua práxis política, sem desejar a destruição dos que exploram. Acreditava, piamente, na força da dialética como instrumento de conscientização. Quando relator da “Lei de Responsabilidade Fiscal”, foi categórico: “Desempenhei minha missão consciente de que a retomada do desenvolvimento econômico, a multiplicação das oportunidades de trabalho e a superação de nossas ultrajantes desigualdades sociais e regionais, nas áreas de educação, saúde, segurança e justiça, implicam uma profunda reinvenção do papel do estado e a urgente reestruturação de sua máquina administrativa em todos os níveis e esferas, de modo que o governo, realmente, passe a servir ao cidadão e pare, de uma vez por todas, de servir-se dele como tem ocorrido ao longo de nossos 500 anos de história”.

Dotado não só de uma erudição invejável, mas de cultura consistente, enveredava, sem receios, por variados campos do saber humano. Era, acima de tudo, um intelectual a serviço da política brasileira. Seus pronunciamentos no Senado, seus artigos na imprensa nacional, seus livros, suas intervenções nos debates (onde ocorressem) atestam o que afirmo. Sem nenhum exagero, Jefferson Péres foi um sábio que muito ainda poderia nos ajudar.

No terreno ético-moral, é referência. Sabia que, sem uma faxina ética, de proporções radicais, jamais o Brasil sairá do atoleiro em que se encontra. Paz, Prosperidade e Progresso são imperativos categóricos cujos alicerces se estribam no fazer o que temos de fazer e, claro, fazermos a coisa certa. Seriedade, respeito e transparência com o que é público marcam o político com vergonha na cara. Não era à toa que andava meio desiludido, desencantado com a chamada política brasileira. Sei que era educado demais para usar a tirada forte de Everardo Maciel “o Brasil é uma cleptocracia caminhando para uma narcocracia”. Contudo, lá no fundo, ao menos quanto a primeira parte, talvez fosse o que pensasse. Lutou com o próprio exemplo, lutou com as palavras, lutou de todas as maneiras e como pode para reverter esse nefasto quadro.

Senador Jefferson Peres, canto com Bertolt Brecht: “Há homens que são bons, há homens que são muito bons, há homens, porém, que são imprescindíveis”. Mas ouso mesmo acrescentar: há homens imortais. Suas marcas são honradez, inteligência, caráter, desprendimento e realizações. Valeu, senador, o senhor é um destes, valeu!!!

Ary Carlos Moura Cardoso

Professor da UFT