Heroismo ou Teimosia? A linha tênue entre bravura e imprudência na guerra da Ucrania
Desde o primeiro dia da invasão russa, a Ucrânia surpreendeu o mundo com sua resiliência. Muitos previam uma queda rápida, mas o que se viu foi um país pequeno enfrentando uma potência militar com coragem e determinação. De fato, a bravura ucraniana é inquestionável. No entanto, à medida que a guerra se arrasta, surge uma pergunta incômoda: até que ponto essa resistência continua sendo uma estratégia sábia?
Atualmente, os Estados Unidos – outrora um importante pilar de apoio militar e financeiro – já não demonstram o mesmo comprometimento com a causa ucraniana, tanto que suspendeu a ajuda militar ao país recentemente. A União Europeia segue ajudando, mas cada país tem suas próprias crises para lidar. O tempo, antes um aliado da Ucrânia, agora se torna um peso. Enquanto os ucranianos lutam para manter sua soberania, as perdas humanas só aumentam – militares, civis, famílias destruídas. E um cessar-fogo já está na mesa. Por que, então, os ataques continuam?
Ceder territórios seria, sem dúvida, uma derrota amarga. Afinal, a Ucrânia já enfrentou o domínio soviético no passado e lutou para se libertar. Aceitar a anexação de suas terras pela Rússia não seria apenas perder pedaços de território – seria uma humilhação histórica. Mas qual seria a alternativa? Manter uma guerra eterna, esperando um milagre?
O maior problema dessa equação é a própria Rússia. Suponhamos que a Ucrânia aceite um acordo de paz cedendo partes de seu território. Quem garante que Moscou não voltaria em poucos anos para tomar mais? Se a Rússia vê fraqueza, avança. Foi assim na Geórgia em 2008. Foi assim na Crimeia em 2014. E por que seria diferente agora?
Além disso, o que aconteceria com os ucranianos que passassem a viver sob o domínio russo? A história mostra que a Rússia não trata bem aqueles que resistem à sua influência. A repressão aos tártaros na Crimeia é um exemplo claro disso. Um ucraniano, mesmo vivendo sob a bandeira russa, continuaria sendo visto como um "estrangeiro indesejado". Assim, mesmo que a guerra terminasse no papel, na prática a Ucrânia ocupada viveria sob tensão constante, sujeita à vigilância e à repressão.
Então, voltamos à pergunta inicial: a resistência ucraniana ainda é um ato de bravura ou já se tornou imprudência? Talvez a resposta não seja tão simples. A teimosia de hoje pode ser o que garantirá a independência de amanhã. Afinal, nenhuma nação sobrevive sem lutar por sua própria existência. A paz imposta por um invasor nunca é verdadeira paz – é apenas uma pausa antes do próximo ataque.