GUERRA É GUERRA: OS MORTOS NÃO IMPORTAM
Israel começou o ano 2023 com uma série de protestos. Em diversas cidades, principalmente em Jerusalém e Tel-Aviv, multidões foram às ruas gritar contra o plano do primeiro ministro Benjamin Netanyahu de reformar e diminuir a capacidade da Suprema Corte, o STF de Israel. Sua pretensão era de o Executivo prevalecer sobre o Judiciário, que tem a força de revisar e até derrubar leis ou decretos julgados inconstitucionais.
Os opositores de Netanyahu afirmavam que o protesto era contra uma reforma autocrática, que visava, precipuamente, acabar com a independência do STF, implicando enfraquecimento da democracia e consequente concentração de decisões nas mãos do primeiro ministro. Tudo acabou travado na própria Suprema Corte. Em consequência, as pesquisas apontaram brutal queda de popularidade de Netanyahu, que perderia o cargo ainda em 2023.
Aí, veio a guerra contra os palestinos. Uma guerra que sempre aconteceu em menores proporções.
O que a motivou?
Enquanto a guerra durar, com absoluta certeza, Netanyahu permanecerá como primeiro ministro.
Ora, sabendo que os EUA alimentam, superlativamente, Israel com armamento de primeira linha, como e por que o Hamas iria provocar a suas própria morte?
Analisemos:
- já morreram mais de 20 mil palestinos na Faixa de Gaza;
- desses 20 mil, mais de 10 mil foram crianças (ficando caracterizado um verdadeiro genocídio);
- somente algumas centenas de Hamas foram atingidos até o momento;
- por mais que o mundo clame, a resposta do primeiro ministro (ainda Netanyahu) é de que a guerra somente terá fim quando o último dos Hamas for eliminado; ele não sabe quantos são os Hamas, no todo, nem quantos já morreram;
- Netanyahu recebe todo apoio de Biden, a quem também interessa a guerra pelo simples fato de estar concorrendo à reeleição presidencial e não poder demonstrar ao eleitorado norte-americano nenhum sinal de fracasso, como já se percebe agora na Ucrânia;
Quando o indivíduo se sente ameaçado da perda do comando, sabe que seu prestígio cessará ou diminuirá substancialmente. Daí o seu apelo para as guerras, como o fez Bush quando, motivado por uma "fake news" por ele mesmo inventada, invadiu o Iraque, em 2004, dizimando 100 mil civis iraquianos em apenas 12 dias. Resultado: recuperou seu prestígio nas pesquisas de opinião e se reelegeu presidente dos EUA.
O motivo se repete com Biden, Netanyahu ou qualquer outro superpoderoso que se veja em declínio. Para estes torturadores da humanidade, importa tão somente o poder.
Netanyahu continuará no poder, sim, enquanto encontrar mais pessoas para matar, apenas pelo hábito de ter as rédeas nas mãos.
Os mortos não importam.