NAS RUAS E PAREDES, A HISTÓRIA DA REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA DE 1817
Os nomes de ruas, avenidas e prédios públicos carregam histórias e muitas vezes homenageiam heróis, mártires, datas e fatos históricos. Mas, às vezes, passa despercebido da maioria da população. Quantos atentaram para o fato de que parte da história de Revolução Pernambucana de 6 de março de 1817 está à mostra, no nosso caminho?
Muitos mártires foram homenageados com nomes de ruas, pontes e avenida, principalmente na cidade do Recife. Alguns lugares representativos da capital tiveram placas instaladas, onde constam informações desse movimento libertário, que também ficou conhecido como a "Revolução dos Padres".
Na época, o clero católico aliou-se à Maçonaria, formada por liberais que defendiam os direitos de cidadania, a liberdade de pensamento e uma imprensa livre, baseados nos ideais Iluministas. A difusão dessa base ideológica do movimento anticolonial, foi feita justamente por uma Loja Maçônica, o Areópago de Itambé (Itambé - PE), e pelo Seminário de Olinda.
Unidos, romperam com o governo mantido pela família real portuguesa e declararam Pernambuco uma república independente do Brasil. A reação lusitana foi enérgica: 14 líderes foram executados (a maior parte, enforcados e esquartejados; outros fuzilados), acusados pelo "crime de lesa-majestade". Outras centenas de revolucionários morreram em combate.
A "República de Pernambuco" durou 75 dias, de 6 de março até 20 de maio de 1817. Nesse período, o "país" vivenciou as liberdades de imprensa, de consciência e de culto religioso. O governo provisório deu transparência às suas ações e instituiu o princípio dos três poderes. Também providenciou imediatamente a libertação dos presos políticos, a extinção de alguns impostos, o fim dos títulos de nobreza e o aumento dos soldos dos militares.
Essa história ainda é pouco difundida, mas o processo de construção de memória existe. No Recife há placas relatando os acontecimentos em torno da Revolução Republicana de Pernambuco, instaladas em 2017, pela Grande Loja Maçônica de Pernambuco e o Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP), com o apoio da prefeitura da cidade.
As placas estão no edifício Seguradora (antigo Quartel do Regimento de Artilharia), na esquina da Rua 1º de Março com a Avenida Dantas Barreto; no Palácio do Campo das Princesas (antigo edifício do Erário Régio e Campo do Erário Régio/Campo da Honra); no Arquivo Público Estadual (antiga Cadeia Nova), na Rua do Imperador; no Fórum Thomaz de Aquino (antigo Palácio Velho), na Rua 1º de Março (Ponte do Recife), no local onde funcionou a antiga livraria Ramiro Costa; no Forte do Brum e Forte das Cinco Pontas. Em Olinda, no Seminário, no Alto da Sé.
Alguns mártires da revolução dão nomes a vias públicas, como as ruas Frei Miguelinho, no bairro de Santo Amaro; Padre Roma (Padre José Inácio Ribeiro de Abreu e Lima), na Tamarineira; Domingos José Martins e Vigário Tenório, no Recife Antigo; Gervásio Pires, Padre João Ribeiro (Padre João Ribeiro Pessoa de Melo Montenegro) e Leão Coroado, na Boa Vista; Domingos Teotônio Jorge, no Barro; e Guimarães Peixoto (Vicente Ribeiro dos Guimarães Peixoto), em Casa Amarela; Avenida Cruz Cabugá (Antônio Gonçalves da Cruz), em Santo Amaro; e pontes José de Barros Lima, no Paissandu; e 6 de Março (Ponte Velha), na Boa Vista.
Então neste mês de março, tão significativo para os pernambucanos, por que não visitar ou caminhar por esses locais e ver o que eles nos revelam? Uma oportunidade para resgatar a história da nossa Data Magna, enquanto as secretarias de Turismo do Recife e do Estado não providenciam circuitos turístico-histórico com essa finalidade.