Os segredos das catacumbas de Paris
Um passeio subterrâneo, entre o misterioso e o macabro, que faz a delícia dos amantes de História de todo o mundo.
Confesso que a sensação é estranha ao chegar neste lugar, e deparar com aquelas paredes de ossos e crânios que parecem intermináveis, mas ao mesmo tempo é interessante descobrir diferentes marcas da sociedade dos séculos passados e transformações pelas quais o mundo passou.
As catacumbas de Paris permitem uma visita turística inusitada para quem gosta de viajar no tempo e reviver a história de séculos passados. Com vasto sistema de galerias subterrâneas, o local guarda não apenas ossário de mortos de vários séculos, como também um ambiente consagrado à exploração de pedreiras. Estas datam do período de ocupação romana, que deu origem à construção de diversos monumentos e também parte da cidade parisiense.
O ambiente retrata imagens desde o século XVIII, quando os cemitérios começaram a ser insuficientes para a quantidade de mortos. O cemitério dos inocentes (Le cimetière des Innocents) foi ocupado durante quase dez séculos até se tornar um foco de infecção para os moradores das proximidades. Após muitas denúncias, o Conselho de Estado francês decidiu interditar e evacuar o local, ao transferir todos os ossos para as catacumbas de Paris, a partir do dia 09 de novembro de 1785. O processo repetiu-se em todos os outros cemitérios da cidade.
O sistema de túneis completo é oficialmente conhecido como “Les carrières de Paris” (As pedreiras de Paris ou Subterrâneos de Paris) e tem um total de 400 km de extensão, a maior parte dos quais interdito ao público – o percurso da visita aberta ao público tem apenas 2km. Estima-se que existam entre 6 e 7 milhões de ossos, organizados ao longo dos anos de forma meticulosa. Os ossos longos, como o fémur e a tíbia, foram colocados à frente, formando verdadeiras paredes de ossos, adornadas com os crânios em desenhos geométricos. Por trás destas paredes foram depositados os ossos menores e mais irregulares.
O passeio acontece 20 metros abaixo da terra, cerca de 130 degraus. Passa por caminhos bem estreitos e portas apertadas, e é necessário para chegar às catacumbas propriamente ditas. A parte dos subterrâneos ocupada pelo ossário continua preservada e é aquela à qual os turistas têm acesso com total segurança. Para completar a viagem, há também a possibilidade de ver o esqueleto de pessoas ilustres como Robespierre, Molière ou Rabelais.