Turismo antes do Google

Nos velhos tempos, na antiga TV Tupi do Rio, havia um programa de humor que satirizava o turista, quando o guia saia apontando este ou aquele monumento e ia inventando histórias inverídicas e, ao final, piscava o olho e dizia: "turista é bicho besta!"

Analogamente, na histórica cidade alagoana de Porto Calvo, onde morei entre os anos 1991 e 1992, quando fazia minhas caminhadas entre 5 e 6 horas da manhã, um parceiro de caminhada, ao passar pelo local onde Calabar foi enforcado, dizia: "o povo daqui é besta. Bem poderia colocar ali uma estaca velha e uma corda velha e dizer que foi ali o enforcamento de Calabar, como forma de atrair o turrismo." Ora, uma estaca e uma corda velhas, expostas ao sol, chuva e sereno, por quase 400 anos, resistindo a todas essas interpéries, só o turista desinformado iria acreditar.

Hoje, graças ao Google, o turista, ao traçar o seu roteiro, já faz sua pesquisa sobre fatos históricos, de modo que o guia não vai ousar inventar algo que não seja verídico. Pode ser desmascarado incontinenti , pois, na palma da mão, o turista tem ali sua maior biblioteca do mundo, o Google. Quer, "in-loco", ver o que já viu virtualmente.

A propósito, Maceió criou recentemente algumas atrações turístas, como cadeira gigante, balanço gigante, igrejinha e cruz de madeira semelhante à de Porto Cabrália, onde foi celebrada a primeira missa do Brasil, e turistas já vieram até celebrar suas bodas, alegando que viram na Internet e gostaram da ideia. Ou seja, antecipadamente, graças ao Google, já conheceram as atrações turísticas. Que o guia não venha mais com satirização, sarcarmos, achando que o turista é bobo ou, como na velha Tupi, "bicho besta."

Irineu Gomes
Enviado por Irineu Gomes em 28/03/2022
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