Nordestino Sim Senhor
A rede de supermercados Bom Preço, hoje BIG Bompreco, sempre adotou como slogan "Orgulho de ser Nordestino."
E eu, no meu périplo por todas a regiões do país, procurava identificar ali um nordestino, para subsidiar capítulos do meu livro "Meu Brasil de Cabo Rabo." Na última região visitada, o Norte, a partir de Rio Branco, Porto Velho, Boa Vista, Manaus, Macapá, Belém e Palmas, em todas elas encontrei um nordestino dos mais diferentes estados. A depender de um pouco de sua história, interessava-me ouvir com maior atenção, e na hora já decidia: "essa vai para meu livro."
Em Boa Vista, na condição de proprietário de um hotel, encontrei ali um potiguar, que disse ali ter chegado nos anos 1950, ainda criança, em cuja viagem, com seus pais, levou 40 dias. E enumerou os vários tipos de transporte desde o Rio Grande do Norte até Roraima: Canoa, caminhão, navio, barco, pau de arara e o escambau, alguns com longas paradas, razão de tanta demora até sua chegada ao destino. E, por curiosidade, e considerando as facilidades da época atual, perguntou-me: "e você, quanto tempo levou pra chegar aqui?"
- Tasquei-lhe a resposta: "Apenas um dia, saindo de Maceió pela madrugada, com conexões em
Brasília e Manaus, depois direto pra aqui."
E ele, com uma gostosa risada, disse: "de soldado a general, que rápida evolução!"
E eu frisei: "nem tão rápido assim. Daquele tempo para hoje, mais de 60 anos."
Assim, de cada lugar por onde passei, vai ter sempre um pouquinho de história do nordestino que venceu lá fora, com sua garra. Por isso, como disse Euclides da Cunha em seu livro Os Sertões, "O sertanejo é, antes de tudo, um forte."