ABORDAGEM GERAL SOBRE TURISMO RURAL E AS SUAS POTENCIALIDADES EM LUÍS CORREIA

Adrião Neto

Comparado com outros segmentos do turismo, o turismo rural é uma atividade relativamente recente, que vem crescendo significativamente em todas as regiões do país, sobressaindo-se como uma atividade não-essencialmente agrícola com enorme potencial para alavancar e dinamizar o desenvolvimento econômico e social das áreas rurais.

Trocando em miúdos, o turismo rural é um conjunto de atividades voltadas para o turismo, semelhante ao tradicional, no entanto é realizado nas áreas rurais, envolvendo atividades diversas, visando proporcionar a todos, um contato direto com a natureza, com a atividade agropastoril, com a cultura, as tradições e os costumes locais, em perfeita harmonia com os nativos e com o meio ambiente.

Além de ser um gerador de desenvolvimento, esse ramo do turismo tem o condão de permitir aos produtores rurais uma alternativa de renda e sustentabilidade, dando-lhes condições econômicas para a permanência na propriedade.

Dentre as alternativas de renda, além dos produtos alimentícios de origem animal e vegetal como manteiga de nata, linguiça, chouriço, queijo, doce de leite, cajuína, castanha, doce de caju e de outras frutas regionais; melancia, milho, bolos, pamonha, canjica e outros produtos derivados do milho, os produtores rurais e seus familiares, podem agregar valores ao artesanato e a outros produtos e serviços característicos do lugar. Podendo ainda resgatar e promover patrimônios culturais, naturais e sociais e explorar o ramo de hotelaria, oferecendo hospedagem e alimentação em ambiente domiciliar.

Em Luís Correia, apesar das suas potencialidades, praticamente não existe turismo rural. Por falta de informação, infraestrutura e incentivo, os turistas procuram apenas as atrações do litoral. Mesmo assim, ainda falta publicidade e a construção de alguns equipamentos turísticos na orla e em outros pontos como no Lago do Sobradinho, no povoado de mesmo nome e na Lagoa Grande; no centro da cidade, que poderia ser urbanizada com calçadões, quiosques, pista de caminhada, playgrounds, toboágua, quadra esportiva e iluminação pública, onde também poderia ter pedaletes e outras atrações.

Também seria interessante se o poder público local revitalizasse o Farol de Atalaia e fizesse uma réplica desse importante monumento no centro da cidade para servir de atração turística e como prova de que a municipalidade tem compromisso com o resgate histórico dessa relíquia, que já foi imortalizada em poemas e se encontra estampada na bandeira municipal.

Em matéria de potencialidades de turismo rural em Luís Correia, destacamos as inscrições rupestres das localidades Quicé (próximo da fronteira com Bom Princípio), onde existe uma pedra com duas pinturas; Rufo (próximo da divisa do Piauí com o Ceará), onde, em um paredão de pedra existem três a quatro conjuntos de inscrições bem detalhadas; Mocozal nas proximidades do povoado Campestre e “Seu Lisboa”, situado na localidade Riacho, contendo inscrições de menor expressividade.

Além dessas inscrições registrando cenas do cotidiano do homem primitivo na região, alguns “artefatos” encontrados nas redondezas corroboram com a tese de que a hinterlândia luís-correiense foi habitada por “civilizações” indígenas e pré-históricas.

Dentre os artefatos de “pedra polida” encontrados, destacamos uma “machadinha” de aproximadamente 15 centímetros de comprimento, uma espécie de “combuca” ou “gamela” resgatada do leito arenoso do riacho Cajazeiras, medindo aproximadamente 30 centímetros de comprimento por 20 de diâmetro e peso estimado de mais ou menos 5 quilos, e ainda uma “pedra ovalada” mais ou menos do tamanho de um ovo de galinha. Todos esses “artefatos”, encontram-se na comunidade Campestre sob a guarda e fiança do professor e escritor Antônio José Sales, para futura doação a um museu ou para uma universidade do Piauí.

Como atração turística, temos também os “Tanques de Vidal”, que durante o período chuvoso transforma-se em excelentes balneários, assim também como a lagoa do povoado Lagoa do Camelo, onde além do banho, poderia ter uma estrutura para o turista usufruir de passeios de caiaque, de pedalete e praticar a pesca esportiva.

Bem que algumas das fazendas e vacarias do município, especialmente da região do Brejinho, onde existe uma expressiva bacia leiteira, poderiam se estruturar para explorar o ramo de hotelaria, oferecendo hospedagem e alimentação em ambiente familiar. Podendo ainda fazer com que o turista acompanhe a rotina do funcionamento da fazenda desde o alvorecer, com o início da atividade de ordenha das vacas e degustação de leite mugido até o encerramento de todas as atividades, passando pela rotina de labuta e manejo do gado, o preparo da coalhada e a “fabricação” do queijo. Além do mais, os proprietários poderiam explorar outras atividades como trilha e passeios de cavalo.

Outros potenciais que poderiam ser explorados, seriam as farinhadas, o processo de fabricação da cajuína e doce de caju.

Misturando um pouco de turismo rural com turismo religioso na zona rural, o poder público municipal poderia incentivar e apoiar o pároco da Paróquia de Nossa Senhora da Assunção, sediada no povoado Camurupim, para promover uma grande festa religiosa, com o encontro e a procissão dos santos padroeiros de todas as comunidades interioranas. Esse festejo poderia ser realizado no dia 15 de agosto, data em que a Igreja Católica celebra a assunção da Virgem Maria, mãe de Jesus, aos céus.

No entanto, a atração de maior expressividade para a exploração do turismo rural em Luís Correia e especificamente na região de Brejinho, é a Pedra do Sino, assim denominada por se tratar de um fonólito - rocha que emite vibrações sonoras semelhantes as que são produzidas por um sino de igreja.

Essa atração fica praticamente escondida numa das cavidades de um grande morro, resultante do afloramento de “gnaisse” com rochas sobrepostas naturalmente formando, em seu interior, um conjunto de galerias, grutas e cavernas.

Estudos geológicos indicam que a Pedra do Sino originou-se de uma erupção vulcânica ocorrida no período Paleoproterozóico, há aproximadamente dois bilhões e duzentos mil anos.

Mas reza a lenda que na metade do século 18, os índios de um aldeamento da região de Brejinho mataram e se alimentaram com a carne de dois dos três padres da missão jesuítica alí existente e incendiaram a igrejinha de palha, onde eles faziam suas celebrações. No entanto para a surpresa de todos, quando o fogo apagou e tudo havia se transformado em cinza, o sino sumiu, mas graças a um milagre realizado pelas almas dos dois sacerdotes assassinados, ele se encantou numa pedra situada no alto de um morro, que ao ser batida por outra, emite vibrações sonoras, reproduzindo o som de suas badaladas.

E foi assim, que aquela pedra misteriosa se transformou numa lenda, passando desde então a ser conhecida como Pedra do Sino.

Adrião Neto – Dicionarista biográfico, historiador, poeta e romancista com vários livros publicados. É o autor da ideia da inclusão da data histórica da Batalha do Jenipapo na Bandeira do Piauí e da proposta exitosa para homenagear, com estátuas, os vaqueiros e roceiros no Monumento Nacional do Jenipapo em Campo Maior, PI.

ADRIÃO NETO
Enviado por ADRIÃO NETO em 13/10/2021
Reeditado em 23/10/2021
Código do texto: T7362515
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