Nova York na visão de uma
Paulistana minimalista


Gabriela de Britto Maluf

agosto 28, 2018setembro 3, 2018 advogadaviajante

Quando finalmente deixei de ser workaholic, comecei a colocar em prática a ideia de tirar um ano sabático e pesquisar sobre viagens. Nessas pesquisas me deparei com a seguinte frase que adotei como lema:  Não acredite no que dizem, vá ver!
Nova York, pra mim, é o local que mais tem a ver com essa frase.
Sempre “ouvi dizer” que NYC era uma selva de pedras muito semelhante a São Paulo (minha cidade natal), que era apenas uma São Paulo melhorada e um bom lugar para fazer compras, blá, blá, blá…Bulshit!
Aliás, para quem pensa em atravessar o oceano apenas para comprar maquiagem e outros badulaques, talvez esse não seja o melhor artigo para ler.
A minha ida a cidade foi em busca de experiências e não de coisas, assim como em todas as viagens. Sorry, mas não vai ter dicas de comprinhas pois sou adepta do minimalismo, viajei apenas com uma mochila e não fiz compras.
A vontade de conhecer a Big Apple era antiga, nem sei dizer quando esse destino passou a ser meu favorito.
Lembro-me que em 2009 descobri que podia acumular milhas aéreas e o primeiro destino que veio a mente foi lá, daí pensei: preciso tirar um passaporte e assim fiz em 2010.
Os anos passaram, o trabalho aumentava e nada de férias, só sei que quando finalmente resolvi tirar o visto americano e procurei o bendito passaporte, percebi que ele estava vencido há 3 anos…
Isso me fez refletir sobre o quanto é péssimo levar a vida no automático, ficar naquela rotina trabalho almoço, trabalho jantar e não perceber o tempo passar.
Bem, lá fui eu, em 2017 tirar outro passaporte para poder tirar o visto americano e conhecer Nova York.
A primeira coisa que digo para quem quer ir para a Grande Maçã e economizar uma grana é: ande de metrô.
Há bilhetes de Metrocard que permitem pagar um valor fixo e usar ilimitadamente por uma semana ou um mês, é só comprar o “unlimited”. Não me lembro de ter visto opção semelhante em São Paulo (nem no Brasil), onde a locomoção é difícil e cara, sobretudo em locais turísticos.
Nem preciso dizer que saber o básico do inglês é essencial para ter um mínimo de interação, pedir comida ou até pedir ajuda em caso de necessidade. Viajar para um lugar desses só para ostentar fotinhas nas redes sociais e comprar maquiagem é um desperdício.
Por isso, nada de preguiça mental, é só baixar um App dentre os inúmeros gratuitos para o aprendizado do idioma, particularmente, gosto do Duolingo.
NYC conta com dois aeroportos internacionais, o JFK e o Newark (que fica em New Jersey), em ambos há inúmeras opções de transporte: transfer (shutlle) é caro, táxi mais ainda, então minha opção para economizar umas doletas, foi pegar o Air Train no JFK.
Confesso que não foi tão fácil quanto pareceu nos vídeos que assisti, passei um perreguinho, me perdi, mas no fim deu tudo certo, porque consegui pedir ajuda a locais.
Depois de 14 horas de vôo (com conexão), o raciocínio fica lento e sofro muito com jet lag, mas gastei um pouco mais de três doletas enquanto o shuttle mais barato custava dezoito dólares.
Finalmente pude constatar com meus próprios olhos que Nova York não tem nada a ver com São Paulo (pra começar o lugar é uma ilha) e oferece muito mais do que compras e  Times Square, é um pecado ir até lá com essa mentalidade.
Nova York não se resume a Midtown e Estátua da Liberdade, vejo muita gente que diz que “conheceu” a cidade e só foi a esse lugares, é o mesmo que ir na Avenida Paulista e dizer que “conhece” São Paulo.
A cidade oferece inúmeras opções de passeios gratuitos ou muito baratos e tem muitos locais onde é possível admirar a natureza, vou listar alguns abaixo:
Bryant Park;
Washington Square Park;
Liberty State Park (New Jersey) dá para ir de Ferry;
Roosevelt Island (de teleférico);
Corona Park;
Coney Island (praia);
High Line Park (é o meu preferido);
Cruzeiro Noturno que sai do Pier 83 dá para ir caminhando desde a Times Square (seguir as placas para Hudson River);
Grand Banks (restaurante dentro de um barco) especializado em frutos do mar;
Hudson River Park;
Governors Island;
Broklyn Botanic Garden;
Hamptons (praia);
Rockaway Beach (praia);
Opções também são algo que não temos muito em terras tupiniquins, mas em NYC, ao invés de ficar se engalfinhando para ver a Estátua da Liberdade numa fila quilométrica, que tal aproveitar as inúmeras opções de Ferry com passeios fantásticos, baratos e que não são entupidos de turistas?
Segue abaixo algumas opções:
Pegar o Watter Taxi e ir para o Red Hook para degustar vinhos;
Pegar o Ferry para Stanten Island;
Pegar o Ferry para Governors Island;
Pegar o NYC Waterways,
e por aí vai…

NYC pede que você aproveite o tempo, pois há muitas coisas interessantes para se fazer, além de ir a Estátua da Liberdade, que é linda, mas a fila é desanimadora.
Outra coisa, não precisa gastar rios de dinheiro se hospedando próximo da Times Square (Midtown), lá o transporte público funciona e existe uma coisa que desconhecemos no Brasil, chamada mobilidade, de metrô dá para ir a qualquer lugar, inclusive para a praia.
Praia? Sim, isso mesmo há opções de praias muito próximas em que é possível chegar em 45 minutos saindo de Wall Street, por exemplo, usando metrô, claro, é o caso de Coney Island, que também conta com um parque de diversões.
Já pensou, pegar o metrô na estação Sé em Sampa e descer direto na praia?? Que maravilha seria…
E os Ferrys então??? Moro há 40 anos em Sampa e ainda não vi nenhum na capital. Teleféricos que levam para outras ilhas que nos cercam também desconheço (ah tá não há ilhas cercando a capital rs).
Falando em teleférico o passeio para Roosevelt Island é imperdível e gratuito com Metrocard ilimitado, a vista que temos lá do alto na travessia é única.
Outro ponto que chama muito a atenção e que também desconhecemos no Brasil, chama-se manutenção. Os lugares estão sempre renovados, limpos e impecáveis, há jardins floridos e bem cuidados pela cidade, há folders explicativos e pessoas aptas a dar informações gratuitamente para turistas no Batery Park, “igualzinho” a São Paulo.
O sistema de metrô de NYC também é bastante diferente do de São Paulo, não faça como eu e vai lá achando que tá em São Paulo que vai se perder bonito.
Adoro a minha cidade natal, mas quem dera se ela tivesse metade da geografia, organização, mobilidade, limpeza, opções de lazer, infraestrutura, etc., que há na Big Apple.
Por fim, mas não menos importante não poderia deixar de falar de outro mito: comida.
Nova York é a capital gastronômica do mundo! Ir para lá e comer fast food é o maior dos desperdícios pois há mercados como o Chelsea Market e Brookfield Place que tem comidas maravilhosas, sem falar de Hells Kitchen, onde você encontra várias opções de restaurantes servindo comida do mundo todo e paga barato (em torno de 15 dólares) na hora do almoço (no jantar o preço é mais salgado). Little Italy é imperdível também.
Moral da história: não dou mais ouvidos ao que dizem, só formo uma opinião sobre um determinado lugar depois de ver com meus próprios olhos.  
Nova York não é uma cidade é um mundo e é preciso estar de mente aberta e bem informado, para aproveitar ao máximo a experiência na cidade.
Não, eu não moraria em Nova York pois não suporto frio, mas pretendo ir lá todos os verões para atravessar de novo a Brooklyn Bridge a pé debaixo de um sol de 38 graus.
Para falar um defeitinho do meu lugar favorito no mundo, fora o frio, é o barulho. Aff! Que cidade barulhenta com sirenes ensurdecedoras e em constante obras, coisas que não diminuem meu amor por ela.
Agora quando alguém começa a tecer comentários a respeito de um lugar, eu já logo pergunto: Você já foi lá? Se a resposta for negativa eu mudo de assunto… sério…essa coisa de: “…o sobrinho do meu cunhado foi e disse que…” ou então: “… eu vi na televisão que… ” ou ainda, “..eu ouvi dizer que…” que preguiça…
Dica: deixe um pouco de lado as poses e as fotos, esqueça as redes sociais por alguns dias e apenas curta a atmosfera desse lugar único.
Ah, e não acredite no que eu escrevi, vá ver!!!   



www.advogadaviajante.wordpress.com
 

 
Gabriela de Britto Maluf
Enviado por Nair Lúcia de Britto em 06/09/2018
Reeditado em 06/09/2018
Código do texto: T6441273
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.