AVENTURA NA BOLÍVIA E NO PERU


LETICIA BOSCATTO 
27/05/2005 

Durante 6 meses, eu e o fotógrafo Fabrício Schuler, 33 anos, planejamos nossa viagem de mochila pela Bolívia e o Peru. O destino principal: Machu Picchu. No roteiro, cidades como Santa Cruz de La Sierra, La Paz, Copacabana (na Bolívia), Puno, Cusco e Águas Calientes (no Peru). Com U$ 600,00 viajamos por 17 dias presenciando cenas inusitadas, de ônibus e trem, incluindo o famoso Trem da Morte, que ganhou este apelido motivado pelas histórias contadas e aumentadas por aqueles que faziam a viagem através da Bolívia. O que vimos foi um trem muito bem equipado, com DVD, ar condicionado e segurança, bem diferente de todos os relatos que pesquisamos. 
Na época que chegamos na Bolívia, em abril, não havia os protestos que existem atualmente. Em La Paz, passeamos tranqüilamente na Praça Murillo, onde fica o setor político, com o Palácio do Governo, o Congresso Nacional e a Catedral Metropolitana. Também conhecemos a montanha Chacaltaya, com seus 5.800 metros de altitude. Ali, eu e o Fabrício sentimos os primeiros efeitos da altitude. Para completar o cenário perfeito começou a nevar na hora que chegamos no pico. Esse passeio é realmente imperdível. A cidadezinha de Copacabana merece um capítulo à parte. Foi ali que tivemos o primeiro contato com o Lago Titicaca, que de lago não tem nada. Parece um verdadeiro mar! Conhecemos a Isla del Sol. Valeu pelo passeio no lago.
No Peru, paramos em Puno para conhecer a Isla de los Uros, conhecida como Ilhas Flutuantes , feitas de totora. Os índios fizeram a festa quando chegamos. Fomos de uma ilha a outra num barco de totora, bem ao estilo Inca. Nós e um monte de estrangeiros cantando um rock árabe. São 32 ilhas e em algumas existe até telefone público (por satélite). Depois de Puno, Cusco. Tivemos que andar em torno de 20km a pé com a mochila nas costas antes de chegar a Cusco devido um protesto. Cruzamos com a tropa de choque peruana, pegamos carona em caminhão, foi o imprevisto mais divertido da viagem. Já em Cusco fizemos o city tour, onde conhecemos a Catedral e alguns museus; e o Vale Sagrado, onde conhecemos Pisaq e Ollantaytambo. É impossível conhecer tanta história e beleza em menos de 4 dias. A vida noturna em Cusco também é intensa. A dica é o Bar Mama África, o ponto de encontro de mochileiros do mundo inteiro. 
Optamos por pegar o trem de Ollantaytambo/Águas Calientes ao invés de Cusco/Águas Calientes, pois é a metade do preço, U$ 40,00. De Águas Calientes partimos para Machu Picchu, às 6h30min da manhã. As nuvens escondiam tudo. Parecia que estávamos no céu. A energia de Machu Picchu é única. No final da manhã, foi como se as cortinas se abrissem pra nós, revelando a paisagem mais fascinante das nossas vidas. Olhávamos deslumbrados tudo aquilo e fomos descobrindo a cidade perdida dos incas aos poucos. O rio urubamba lá embaixo, as ruínas 90% intactas e as montanhas ao redor formam uma paisagem perfeita a 2450 metros acima do nível do mar. Me perdoem os portoalegrenses com o Guaíba, mas foi o pôr-do-sol mais lindo da minha vida. Além de mente aberta para absorver a energia do local, é preciso muito preparo físico para conhecer toda a cidade. Caminhamos muito. Queríamos descobrir cada cantinho. Na bagagem de volta, além de compras e 16 rolos de filmes, muitos amigos mochileiros, companheiros de “indiadas” e história pra contar. Esses são os ganhos de quem viaja de mochila.

Letícia Arraldi Boscatto, 28 anos, Relações Públicas, Caxias do Sul/RS (leticiaboscatto@hotmail.com)