CRUZEIRO COSTA FAVOLOSA

Navegando no Costa Favolosa com destino a America do Sul, partimos de Santos, no Sábado, 20 de Janeiro as 18.00h. Só voltaremos dia 28, depois de aportarmos em Buenos Aires e Montevideu.

Da nossa cabine 9218, acomodados nas poltronas da varanda avistamos o mar. Somente o mar e nada mais que o mar. Como é grande esta dádiva do Criador em nos dar a fonte da vida. A água em que nascemos e dela bebemos pra sobrevivermos.

Fico pensando na narrativa do Gênesis, quando iniciamos no mineral que nosso espirito estagiou e no vegetal que deixamos, quando estagiado no animal, progredindo para habitarmos no hominal até  chegamos no homo sapiens de hoje. Quanta evolução o espirito já estagiamos até voltarmos a sermos  aquele princípio que nunca morrerá.  Quanta água já passou e que não há de voltar. Quanto já fomos materialmente que não voltaremos a ser. É o espirito sempre num vir a ser que não sabemos a onde chegaremos, se é que vamos um dia chegar. Certamente chegaremos no porto, desembarcando deste navio com experiência jamais experimentadas.

Assim é o nosso cruzeiro, prazeroso. Portanto tem razão Fernando Pessoa quando disse: "Navegar é preciso".

Quanta gente junta, cada um pra si, na sua individualidade, querendo se sociabilizar durante esta navegação. Assim, ao tomarmos as refeições com os outros passageiros, curiosos em saber de onde somos, cuja recíproca é verdadeira. Assim o destino nos mostra como o mundo é pequeno. De onde eles são temos  sempre algum conhecido em comum. Isto acontecia em cada refeição que nos encontramos, nas mesas ocasionalmente meio  desocupadas. Numa delas era um casal de Itaquaquecetuba, Amanda e Além. Noutra ocasião era um casal de Botucatu, João e  Irani. E assim por diante os de Suzano, Paulo e Dayse e os de São Bernardo e adjacências.

Nossa experiência em desfrutamos de uma cabine com varanda foi formidável, muito embora pouco utilizada por conta da ventania em mar aberto ou pelo clima em navegação. Mas valeu a privacidade e a liberdade do espaço disponível. Principalmente se levarmos em consideração com as nossas experiências anteriores em cabines das interna e nas externaa pelas quais  já viajamos.

Nossas paradas em terra firme pudemos encontrar uma prima da família Metzger, em Buenos Aires, numa conversa animada, cheia de galhos da árvore genealógica, desde a da mãe até os avós. Passamos por diversas ruas já frequentadas noutras viagens que fizemos. Almoçamos num restaurante na esquina da Av. Córdoba com Florida, numa casa aconchegante e de excelente sugestão do Chefe no prato do dia.

Noutra parada fizemos um tour em ônibus, daqueles com andar superior descoberto, mas que devido ao vento inconveniente, logo descemos para o primeiro piso, que também, nos demos mau, pelo gelado ar condicionado. Entretanto compensado pela turnê de duas horas e meio por lugares nunca dantes visitados, inclusive nos de outros tempos em que estivemos por Montevideo.

Esta última estada nos tirou toda má impressão que tínhamos do Uruguai, pelas viagens anteriormente desfrutadas. Aí operamos o Câmbio, adquirindo pesos para compramos os novelos de lã que precisava para continuação do tricô que a Myriam vinha fazendo.

A comilança no navio é algo digno do pecado da gula. Quanta gente obesa não deviam la estar. Entretanto, são as que mais comem e desperdiçam. O cardápio sugere um antepasto, seguido de três opções de primeiro prato, e, mais outros três sugestivos segundo prato; além de sobremesas com doce ou sem adição de açúcar e frutas da estação. Percebemos que os de sobre-peso optam por todos os pratos que vêm mo cardápio, inclusive os doces, sempre acompanhado de refrigerante ou sucos adocicados.

Nos jantares de Gala, onde o rigor da formalidade deve ser cumprido, é aí que impera a informalidade, destoante daqueles que se apresentam, literalmente engalanados, como sugerem as programações dos organizadores das Festas temáticas. Assim se sucede no jantar do Comandante, quando a etiqueta sugeri o rigor de gala, e os habitués se apresentam esportivamente trajados, como se fossem a praia ou ao estádio de futebol.

Os elevadores com capacidade até dezoito pessoas, não os comportam mais da metade para o fim do cruzeiro. Aliás, a bem da verdade, nem no começo do cruzeiro, pela população de obesos que iniciam a viagem, limitados pela acessibilidade de que se encontram, quer seja por serem cadeirantes, ou pelas poltronas que os limitam nas assentadas, pelos braços que os impedem na largura das suas cinturas. Cinturas estas nunca inferiores a dois metros.

O navio disponibiliza as atividades para todas as idades e gêneros, cobrando dos passageiros as participações, chamando-os pelos auto falantes ou pelos boletins de bordo.  Mas mesmo assim têm àqueles que preferem se hidratarem nas piscinas e nas jacuzzis disponíveis na popa e na proa do navio.

As noites temos shows das mais variadas espécies artísticas, com renomados profissionais  internacionais.

O Cassino com seus caça-niqueis são convidativos aos marujos mais desprendidos. E os desafortunados se socorrem da sorte nas roletas, no pocker's e nas mesas dos vinte e um.

Mas, como não falta a onde gastar, existem as boutiques com artigos de grife, tanto importados como os italianos para serem pagos em dólares. E para isso formam extensas filas indianas que andam a passos lentos, tempo suficiente para passarem atarde sonhando no que comprarem, mas compram do que não precisam, adquirindo só porque é barato.

Sem falar nos paparazzis que nos pegam de surpresa nos jantares e as vezes até convidando a posarmos para a fotografia. Depois  nos oferecem as fotos, tecnicamente produzida e emoldurados, com o tema do cruzeiro, como lembrança da viagem.

A final o barato sai caro, ultrapassando o orçamento dos mais  econômicos, os perdulários hão de se ver, com seus gerentes bancários e administradores de cartões de crédito.

Mas se alguém está pensando na paz e harmonia que deve reinar entre os passageiros, estão muito enganados. Fiquei sabendo de um casal que brigaram, a ponto de mulher jogar ao mar a mala com roupas e outros pertences do marido. Mas foram punidos com o desembarque na Argentina, sem direito ao retorno, tendo que se virarem para resgatar suas coisas e conseguirem voltar ao seu lar.

No Café da manhã pode-se usufruir-lo o bandejão através do self-service, e procurar uma mesa com cadeira para o seu desejum, ou, ir ao restaurante e ser servido pelo garçom. Houve um passageiro, que queria porque queria, que o garçom deixasse à mesa o bule e a leiteira à sua frente, o que fugiria as normas do serviço, pois os garçons estão apostos para servi-los. Como não fora atendido no seu intento, foi a traz do serviçal catando-o pelas orelhas, num corre-corre até a intervenção dos seguranças e da turma do deixa disso. Mas como só ouvi falar, não sei qual foi o desfecho desta contenda.

Sempre tem um novo-rico que humilha os pobres. Assim teve um desses que dizia em alto e bom som, a quem pudesse ouvi-lo, de que este cruzeiro só tinha pobre comprando passagem em dez prestações, porquanto ele comprara a vista, e os pobres gostam de fazer fila pra comprar presente barato e perfume de quinta categoria.

Mas, tirando os obesos, os maus educados, os agressivos, e os marujos de primeira viagem, correu tudo bem como era esperado, com comida de primeira, serviço a francesa, escolha a la carte, muito bem equilibrado pela dieta gastronômica.

Tivemos show's com artistas internacionais todas as noites, que entretinham os hospedes dos primeiro e segundo turno do jantar.

O serviço de embarque e desembarque sem correria, tudo na hora certa e prevista para acontecer.

Vale a pena fazer um cruzeiro, principalmente com quem esta no ramo a mais de 70 anos servindo aos brasileiros e seus emigrantes da Linha Costa.

Não é atoa que Fernando Pessoa vaticinou dizendo que Navegar é preciso.

Chico Luz

CHICO LUZ
Enviado por CHICO LUZ em 29/01/2018
Reeditado em 18/02/2018
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