DESCENDO O PLANALTO CURITIBANO

Posto que me propus contar as noticias de nosso périplo sulino, por ocasião de vacância laboral, não deixarei de dar conta disso assim como eu melhor puder, ainda que - para o bem contar e falar - o saiba pior que todos fazer! Todavia, tomem vocês minha ignorância por boa vontade, a qual bem certo creiam que, sem aformosear nem enfeiar aqui não pus mais do que aquilo que vi e me pareceu.

Das singraduras do caminho não darei aqui conta porque o não saberei fazer já que o piloto tem esperteza e vivência estradina ao ponto de dispor para vendê - la a granel, se fosse isso vendido.

Portanto, do que hei de falar começo e digo que:

A partida foi de São Paulo após acomodar nossa bagagem na Doblô, na qual, por sinal, encaixou-se como uma luva sem precisar por ou faltar, partimos com destino às terras situadas no primeiro planalto curitibano.

Agora, após alguns quilômetros rodados, empanturrados de boa comida, singraremos novamente em busca do nosso destino de pousada, deixando os nossos dejetos e odores no vaso, como marco de protesto da constatação da diferença abismal que separa essas bandas do Brasilsão abastado, da realidade abestada do nordeste!...

... No próprio dia, sol-posto já, demos vista da Pousada que reservamos nos arredores de Curitiba e que nos pareceu agradável e aconchegante, pela imagem que se apresentava e o era, não fora o detalhe percebido de que a temperatura de dentro dos aposentos era a mesma da que lá fora nos castigara já na abertura das portas do nosso veículo, fazendo - nos adentrar apressadamente na recepção, sob a exclamação "ufa,que frio!" em respeito ao recinto religioso onde estávamos. Segundo o dito de nós três, menos o piloto, que falou que, por si ficaria ali mesmo, pouco se importando com o clima, posto que já mirara o vaso, cobiçando-o, no sentido de lá, dentre em pouco, depositar suas vísceras.

Sob os protestos veementes dos três outros conseguimos, por maioria rumar para outro hotel, esse encontrado após diligência cibernética em umas e outras partes, para o achar.

E assim escolhemos um novo hotel, onde chegamos e fomos dar aos quartos, não por nos já minguar, mas para nos prevenirmos aqui. Assim, fomos logo regulando o ar condicionado em 30º graus; o parvo não saiu do zero que estava. Após espera e furabuchos na recepção conseguimos mudança para um apartamento quentinho como queríamos, e cá ficamos até o trinar do interfone nos chamando para a jornada noturna de pratos e drinks numa loja de rodízio de massas.

...Após o natural estresse provocado pela "moça virgem" que empresta a voz para o GPS e, vez e sempre troca a esquerda pela outra esquerda, e após alguns gritos dirigidos ao competente co-piloto que espiava, aqui e ali, um parque ou monumento já para o dia seguinte, chegamos a um majestoso complexo de massas comandado por uma viúva com a qual trocamos prosa e provavelmente, em breve poderá ir à Tabuba lá no litoral cearense, quem sabe? Vencemos o frio que nos estalava as orelhas com vinho, massas, conversas, planos e uma corridinha até o estacionamento.

...Agora, após nos aconchegarmos e adormecermos, acordamos com dia claro e ótima temperatura.

... robusto esse café servido no hotel, sim, café...com pão, posto que o leite estava estragado e faltou a banana e a granola e outros comestíveis e houvemos por embarcar no busão circular com o fito de comprovar de jardineira, as coisa boas e belas que se apresentam nesta urbe dos pés vermelhos, de Paulo Leminski, fitando-as com o sentido comparativo aos das terras alencarinas de Iracemas e Martins.

Para dar cabo de tarefa tão relevante nos pusemos a navegar por esse rumo, para lá e para cá, para cima e para o lado, para direitura e ao torto, aos sacolejos, desde a metade da manhã. E vimos monumentos belos, teatros grandiosos, o museu Oscar Niemeyer, a ópera de arame, todos cheios de pessoas visitando- os, tal e qual o nosso centro de eventos que também e cheio... de vagas vazias para estacionamento. Apresentaram-se parques com belos arvoredos, lagos, trilhas, quadras, campos para variados esportes, onde a presença humana se faz ver; são idosos, jovens, pais e mães, filhos. Famílias inteiras desfrutando e preservando a natureza, como se vê no parque do Cocó... Só que não;

As universidades estão permeadas com a sociedade local e responde aos seus anseios de demandas publicas, produzindo estudos e projetos que venham ao encontro destes. É o projeto de preservação do meio ambiente com a Universidade Livre do Meio Ambiente, o Jardim Botânico da Cidade... Assemelhado assim as nossas unidades de ensino superior, trancadas em si mesmas, alheias aos anseios exógenos;

Demos conta de ver a valorização da cultura dos povos colonizadores com memoriais indígena, polonês, árabe, italiano, alemão, ucraniano .... E os emparelhamos aos nossos ícones que nos representam; humoristas, forrozeiros, caranguejadas, as tapioqueiras do Eusébio e os índios Tabebas de Caucaia com seu memorial de trapos drapejantes;

De tanto andar, marejado pelo lá e cá do ônibus demos em terra chã no meio da tarde em Santa Felicidade e aí nos fomos às saladas, carnes, massas e cerveja da casa e muita conversa com os garçons e quem mais estivesse perto com oiças para ouvir e saber responder as muitas questões formuladas.

Voltamos para o ninho e de lá saímos já noite alta,após um chocolate quente e queijo frito na cachaça. Agora bons sonos que amanhã teremos faina cedo para chegarmos ao trem que parte para Morretes, piuiiiííí!!!! ....

... É fato a qualidade e beleza das terras e o elevado nível de consciência cidadã do povo do Paraná. Rumamos ao litoral de trem. A tal litorina que a Ana Maria Braga divulgou só roda aos domingos e como a estrada de ferro está com o trecho Morretes - Paranaguá desativado no momento existe pouco fluxo de usuários para descer a serra. Por isso, os capitalistas desativaram o trecho. O trem que utilizamos possuia um vagão de luxo que também é classificado como litorina, mas ficou na estação por falta de passageiros. O trem que fomos é antigo, mas a viagem foi agradável e a guia que parecia uma matraca, falava do óbvio como se fosse detalhe, tipo: a água do rio corre no leito, passa por baixo da ponte... Em Morretes comemos o barreado num local bem agradável. Voltamos à Curitiba e à noite fomos caçar uma casa para degustar um chocolate, mas estavam fechadas e nos salvamos no Shopping Estação. De lá voltamos ao hotel mortos se cansados.

Resumo da ópera; Curitiba é linda e o povo culto e cidadão, a comida entretanto não nos encantou, assim como a mão de obra dos hotéis e restaurantes deixa a desejar. A viagem de trem é uma boa experiência, vale a experiência. O barreado é uma besteira, nada mais que músculo desmanchado na panela.

Acordamos e demos na estrada. Ótima rodovia e chegamos quase sem contratempos em Joinville, onde visitamos o mirante da cidade.

No Parque Malwee saboreamos marreco recheado, joelho de porco (eisenbahn), filé de suíno, chucrute,cerveja alemã e sobremesas ótimas. Agora, estrada e daqui a uma hora Blumenau....

... Ah! Vejam só, Blumenau apareceu! Passamos um bom tempo rodando em volta da entrada da cidade sem acertar. Avistamos uma cidade pujante e desenvolvida, com um trânsito intenso e organizado. A população é de cerca de 300.000 hab, mas tem aspecto de metrópole mesmo. É servida por várias universidades e a educação é para todos.

A Festa anual denominada Oktoberfest movimenta a cidade e é realizada em três galpões climatizados que cabem 27. 000 pessoas bebendo e dançando...

...Agora estamos em Pomerode, cidade vizinha e pra variar estamos fazendo um lanchinho "Café Colonial". Turismo gastrômico é delicioso. Os moradores de Pomerode constituem uma verdadeira comunidade solidária e cidadã, participes verdadeiros da vida da cidade que tem a economia baseada no trabalho assalariado da maioria dos habitantes, que são empregados das diversas fábricas instaladas na região, além dos impostos arrecadados decorrentes da produção dessas empresas.

A ascendência alemã e a preocupação de todos em manter as tradições germânicas, embora existam outras origens de colonização, caracterizam toda a região do vale do Itajaí, ou vale europeu, sobre a influência de Blumenau, que entendem ser esse nicho uma oportunidade de crescimento do turismo.

Pomerode conta com um bom plano turístico e disponibiliza aos turistas boas casas de "café colonial", rotas de passeios ciclísticos, estâncias típicas e uma versão da Oktoberfest

thiticobomfim
Enviado por thiticobomfim em 28/11/2017
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