MONTE VERDE/MG
O LOCAL DO FRIO, DA NATUREZA E DO ROMANCE

 
 
 
 
1 – INTRODUÇÃO
Monte Verde, em Minas Gerais, é um local muito conhecido pelo frio, pois fica encravado na Serra da Mantiqueira. Além do frio que atrai muitos turistas, casais apaixonados também buscam suas pousadas pelo clima intensamente romântico que o local oferece. O recorde de frio que fez por lá foi em 1979 quando a temperatura atingiu 14 graus negativos. Nos meses de junho, julho e agosto é comum os termômetros chegarem a zero grau (ou menos). Minha viagem para Monte Verde ocorreu em maio de 2017 e a temperatura mais baixa no período que fiquei por lá, foi de 8 graus positivos, à noite.
 
2 – LOCALIZAÇÃO E ACESSO
Fica no sul de Minas Gerais e o acesso se dá pela Rodovia Fernão Dias (BR-381), que liga São Paulo a Belo Horizonte, devendo-se entrar na cidade de Camanducaia, seguindo depois pela serra da Rodovia Agostinho Patrus (LMG-886) em pista simples e toda asfaltada por uma extensão de 30 quilômetros. Dirija com cuidado, pois, apesar de estar em boas condições, a rodovia é bastante sinuosa e com muitas curvas fechadas. Monte Verde dista cerca de 165 quilômetros da capital paulista e 500 quilômetros da capital mineira. Até Campos do Jordão – outro local bem frio – são 206 quilômetros. Aqui cabe um parênteses: há uma disputa bem humorada sobre qual cidade é mais fria, Campos do Jordão ou Monte Verde. Segundo o pessoal de lá Campos só é mais frio do que Monte Verde para a Rede Globo. E eu concordo com isso. Em Monte Verde faz frio mesmo.
 
3 – O LUGAR
Monte Verde não é uma cidade, mas sim um distrito de Camanducaia. A Avenida Monte Verde (de entrada do distrito) é o “point” e onde quase tudo acontece, com muitos restaurantes, bares, cafés, lojas de artesanatos, suvenires e chocolates, além das inúmeras lojas que vendem queijos, vinhos e cachaças mineiras. Em finais de semana e temporada de frio chega a ser difícil encontrar um lugar para estacionar o carro, mas na própria Avenida Monte Verde existem alguns estacionamentos (negocie o preço e o tempo aproximado de permanência do veículo). Várias ruas da cidade ainda são de terra (principalmente do lado direito de quem chega ao distrito), o que vira um tormento em dias de chuva. Existem pousadas que mantêm tratores para rebocar carros de hóspedes que não conseguem vencer o lamaçal que se forma.
 
 
Foto 1 – Vista geral da Avenida Monte Verde. Destaque para a araucária, árvore símbolo do local.
 
Em dias de semana e fora de temporada, boa parte do comércio só abre suas portas a partir de quinta-feira, quando aumenta o fluxo de visitantes. Algumas lojas só abrem as sextas, sábados e domingos. A única agência bancária do distrito é do Bradesco e fica na Avenida Monte Verde. Clientes da CEF podem sacar dinheiro na casa lotérica (longe do centro) e do Itaú no caixa eletrônico que fica no Shopping (Avenida Monte Verde).
 
4 – HOSPEDAGEM
Há uma infinidade de pousadas e, se ainda não conhece e pretende ir para lá, pesquise bem, pois a oferta é muito grande para vários gostos e bolsos (há pousadas com diárias acima de mil reais em dias de semana). Avalie com atenção, pois boa parte delas fica em vias de terra e, como já descrito acima, quando chove os acessos tornam-se um martírio. Há até uma que adaptou um pequeno avião para apartamento (segundo informações, diárias em torno de dois mil a dois mil e quinhentos reais).
 
 
Foto 2 – Vista de um avião adaptado para hospedagem com traços de um aeroporto. Um luxo para poucos.
 
A quase totalidade das pousadas de Monte Verde possui banheira de hidromassagem e lareira (algumas com calefação, mas, neste caso, deve-se pagar uma taxa adicional). Muitas também possuem piscina, piscina térmica e academia. Algumas têm chalés e apartamentos, outras apenas chalés e outras ainda, apenas apartamentos. A escolha é sua. Pelo que pude observar a maioria delas é de boa qualidade e um atendimento muito educado por parte dos seus colaboradores. O café da manhã faz parte da diária de todas elas, existindo algumas que também oferecem como cortesia o lanche da tarde, geralmente a partir das 16h30. Como a concorrência é grande as pousadas se utilizam de vários mimos para agradar os hóspedes (ver foto número 3).
 
 
Foto 3 – Trabalho feito pelas camareiras com as toalhas de banho.
 
 
5 – GASTRONOMIA
As fondues (carne, queijo e chocolate), sucesso no inverno, podem ser encontradas em quase todos os restaurantes da Avenida Monte Verde. Outro prato tradicional é a truta grelhada com legumes, havendo na região alguns criadouros desse peixe muito leve e saboroso. Sua pele grelhada e crocante é uma delícia (desde que bem feita). O Restaurante Tito’s Du Village, que – como quase tudo – fica na Avenida Monte Verde, serve uma truta no ponto perfeito. O prato individual custou, em maio 2017, R$ 35,00, com legumes e arroz. No jantar há a cobrança de couvert artístico, pois eles oferecem música ao vivo (bem suave – voz e violão).  Os pratos demoram um pouco a sair, mas, mesmo assim, recomendo. Outro bom lugar para ir é no Restaurante Pinheiro Velho, lá mesmo, na Avenida Monte Verde, onde há uma infinidade de cervejas artesanais. Ambiente gostoso, descontraído e sem frescuras, tanto no almoço quanto no jantar.
 
 
Foto 4Experimente a “Extremosa” (cerveja preta) que é feita em Extrema/MG, além da alemã Paulaner, uma das mais comercializadas na região.
 
Não deixe de ir ao Chopp do Fritz, que fica na Rua Rolinha, 40 (travessa da Avenida Monte Verde). Serve chopes e cervejas de fabricação própria, além de petiscos deliciosos e também pratos mais elaborados. Abre todos os dias a partir das 10h e a área de produção (ao lado do bar) pode ser visitada (informe-se dos dias e horários, pois mudam constantemente). O acesso é pago e, por vezes, o próprio dono da cervejaria acompanha os visitantes. Difícil afirmar, pois tudo é uma questão de gosto, mas talvez seja o melhor bar de Monte Verde. Tem dois ambientes bem descontraídos (externo e interno) e os preços até que não são tão extorsivos.
 
 
 
6 – PASSEIOS E ATRAÇÕES
6.1 – De jipe: Vale a pena contratar um passeio de jipe pela região. Você não arrisca as condições de seu carro e não precisa preocupar-se em encontrar as atrações. São vários deles pelo distrito e todos de confiança. Todos eles ficam na Avenida Monte Verde e é muito fácil encontrá-los. Contratei a empresa Companhia 4x4 e os motoristas de todas as empresas também atuam como guia turístico. Existem vários roteiros que você escolhe na hora em que for fechar o passeio. Negocie o preço que pode conseguir um bom desconto.
 
 
Foto 5 – Passeio de jipe.
 
6.2 – De quadriciclo: Todo o percurso de 13 quilômetros pelas trilhas é acompanhado de um monitor e o passeio dura, em média, uma hora, ao custo aproximado de R$ 100,00. O passeio ocorre na Fazenda Radical que fica a 7 quilômetros do centro.
6.3 – Megatirolesa: Ocorre na mesma Fazenda Radical citada em 6.2. Essa fazenda fica no km 24 da rodovia LMG-886, que liga Monte Verde a Camanducaia.
6.4 – Outros: Existem ainda outras atrações como o Orquidário (Avenida Sol Nascente, 1000), passeios a cavalo (na Pousada dos Marchadores), boia-cross pelas corredeiras do Rio Jaguari e o criadouro de trutas Paulo das Trutas, onde há um restaurante e uma cachaçaria artesanal, a Filha da Truta, que fica na Rua da Floresta, 810.
 
7 – TRILHAS  PELA SERRA DA MANTIQUEIRA
São basicamente seis trilhas de longo percurso e todas elas exigem esforço físico, pois as subidas são íngremes e o terreno é bem irregular, com muitas pedras atuando como ancoragem da própria trilha, mas dificultando a caminhada. Cuidado para não torcer os pés. Antes de iniciar qualquer trilha faça uma análise das suas condições físicas e nunca vá sozinho, pois existem bifurcações pelo caminho que podem fazer com que você se perca. As placas de sinalização são precárias. Aproveite os mirantes para descansar e fique atento à borda dos penhascos. Fique atento também à presença de neblina na serra, pois pode ocorrer rápida diminuição de visibilidade. Use roupas leves, tênis e leve agasalhos, mesmo em dias quentes, pois lá em cima costuma fazer frio. Leve água, uma fruta e, se possível, um chocolate. Os jipeiros costumam acompanhar os visitantes pelas caminhadas. Percorri apenas a Trilha da Pedra Redonda e parte da Trilha do Pinheiro Velho. As informações das demais trilhas consegui com montanhistas e nos folhetos explicativos da região.
 
7.1 – Trilha do Platô: Acesso no final da Avenida Mantiqueira. Nível de dificuldade = Intermediário, Distância = 710 m, Altitude 2000 m, Tempo de percurso, ida e volta = 1h40. Considerada a segunda trilha mais movimentada, começa em forte aclive seguindo assim praticamente o tempo todo. O piso é muito irregular.
7.2 – Trilha da Pedra Redonda: Acesso no final da Avenida das Montanhas. Nível de dificuldade = Intermediário, Distância = 926 m, Altitude 1990 m. Tempo de percurso, ida e volta = 1h30. É a mais conhecida e movimentada da região. A inclinação do terreno exige bastante esforço aeróbico e muscular, além de favorecer escorregões. É comum ver pessoas desistindo pelo caminho. O cume da Pedra Redonda é amplo, plano, parecendo um terraço nas alturas, com uma visão de 360º do horizonte – um espetáculo. Em dias claros avista-se o Vale do Paraíba. Há uma bica de água potável no início da trilha. Encha sua garrafa se estiver vazia, pois vai sentir sede durante a caminhada.
 
 
Foto 6 – Trecho da trilha para a Pedra Redonda.
 
 
Foto 7 – Topo da Pedra Redonda.
 
7.3 – Trilha do Chapéu do Bispo: Acesso no final da Avenida das Montanhas. Nível de dificuldade = Fácil, Distância = 710 m, Altitude 2030 m, Tempo de percurso, ida e volta = 1h. Chegar até a base da pedra é uma coisa, chegar ao cume é outra. Há duas formas de fazer isso. A primeira é contorná-la pela esquerda até encontrar a pedra que serve como degrau para alcançar uma barra de ferro fincada; agarre-se à barra e, cuidadosamente, escale até o cume. A outra é pela frente da pedra, utilizando uma pequena rampa bem inclinada que, dependendo da aderência do seu calçado, o conduzirá por uma abertura que sai no cume. Vale a pena o esforço, pois o visual é maravilhoso.
7.4 – Trilha da Pedra Partida: Acesso no final da Avenida das Montanhas. Nível de dificuldade = Avançado Jr, Distância = 1,9 km, Altitude 2050 m, Tempo de percurso, ida e volta = 2h45. Para muitos a trilha mais bonita da região. Caminha-se pela crista da Mantiqueira através de um piso muito irregular que, em certos locais tem poucos metros de largura, passando por abismos de 1000 m. Trilha estreita com muitas subidas e descidas. Em dias claros avista-se a Pedra do Baú, em Campos do Jordão. Trilha longa e alta, muito cansativa e um tanto perigosa. Se não estiver com confiança, não se aventure.
7.5 – Trilha do Selado: Acesso no final da Avenida Mantiqueira. Nível de dificuldade = Avançado Jr, Distância = 4,5 km, Altitude 2083 m, Tempo de percurso, ida e volta = 4h. Tem início num bosque, passa por locais belíssimos e chega a um platô com uma bela vista. Esta trilha é pouco utilizada, portanto vai aqui o reforço para que você não se aventure sozinho. Trilha muito fechada, portanto fique atento para não perder o caminho. Na dúvida, retorne imediatamente. Use calça, pois há trechos de plantas com espinhos. Uma trilha apropriada para montanhistas e não para marinheiros de primeira viagem. Assim como a Trilha da Pedra Partida, esta também é longa (a mais longa) e alta (a mais alta da região), muito cansativa e um tanto perigosa. Se não estiver com confiança, não se aventure.
7.6 – Trilha do Pinheiro Velho: Uma trilha fácil, apropriada para iniciantes, que leva até o aeroporto de Monte Verde, a 1560 m de altura e considerado o aeroporto mais alto do Brasil. Pelo caminho, muitas árvores centenárias (araucárias) incluindo a mais antiga araucária de Monte Verde, com 500 anos de idade (foto 8).
 
 
Foto 8 – A mais antiga araucária de Monte Verde – 500 anos.
 
8 – COMPRAS
Em termos de compras há desde as cachaças, queijos e doces mineiros até os famosos chocolates de Monte Verde (realmente deliciosos). A Sabor de Chocolate (Avenida Monte Verde) vende também chocolates diet e atua como cafeteria.
Diversos tipos de artesanatos também são encontrados por lá.
Na Alpina (Avenida Monte Verde) é o ponto ideal para a compra de kits de banho e sabonetes artesanais (não deixe de levar o de maçã verde), além de peças de cerâmica e porcelana.
 
9 – ATELIÊ
A Unger’s Pottery House, mostra os trabalhos da artista Paula Unger. Voltada para a arte contemporânea, a Galeria expõe peças de jardim e interior. Lá você encontra obras de arte, objetos decorativos, utilitários e peças especiais para jardim, como fontes, tocheiros, banheiras e comedouros para passarinhos. Os totens formados por esferas e discos sobrepostos ficam espalhados pelo amplo jardim da Galeria e podem chegar a valores de 3 mil reais. Local: Rua da Represa, 1307. Alguns passeios de jipe incluem uma parada na Galeria.
 
 
Foto 9 – Totens pelo jardim da Galeria.
 
 
Foto 10 – Peças expostas no interior da Galeria.
 
 
10 – COMENTÁRIOS FINAIS
Monte Verde é um local que merece ser conhecido, não apenas pelo frio e o romantismo que emana por todos os cantos, mas também pelas belíssimas paisagens proporcionadas pela Serra da Mantiqueira, com seu verde exuberante.
Com uma ótima gastronomia que vai desde as comidinhas de boteco até os pratos mais elaborados, um povo simpático e acolhedor, pousadas confortáveis para todos os gostos, passeios atraentes que proporcionam um contato íntimo com a natureza, o distrito é destino certo para quem está de bem com a vida e também para aqueles que procuram momentos de paz e desligamento da correria deste mundo moderno e cibernético. Lá não se tem nem vontade de olhar um computador e até mesmo um celular (a menos que seja para fotografar suas infinitas belezas). Em Monte Verde a natureza dá o tom e faz com que nossa alma se aquiete.
 
LEMBRETE: Não subestime o frio de Monte Verde.
 
 
 

 
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