ACONTECEU EM POÇOS DE CALDAS - MG 
 
Mais uma viagem pelo país, mais uma vez pelas Minas Gerais. Rodando pelas estradas mineiras, sem destino definido como gostamos de fazer, comentei com minha mulher: “Vamos a Poços? Faz tempo que não chegamos por lá!”. Ela concordou e lá fomos nós.
 
Era dia 18 de janeiro de 2016, uma segunda-feira de muito sol e céu azul.
 

Geralmente quando íamos a Poços de Caldas ficávamos no Hotel São Francisco, que até hoje nos traz boas recordações da época em que os filhos ainda eram pequenos. Desta vez, porém, optamos por ficar no Hotel Jóia, que também era um hotel onde já havíamos nos hospedado no passado. Na verdade, o Jóia já não é mais o mesmo. Decaiu muito: café da manhã muito modesto, almoço com poucas opções, não oferecendo mais o jantar. Aspecto de hotel velho e decadente e sem manutenção adequada. A torneira da pia do apartamento onde ficamos estava com vazamento, a porta de correr do box cismava em emperrar além da tampa do vaso sanitário mal fixada. Nas áreas comuns dos vários andares, um carpete feio e mal conservado. A garagem do hotel onde estacionei nosso carro é subterrânea e dá a impressão de que foi adaptada sem os cuidados necessários. Um aspecto lúgubre, escuro, pessimamente pavimentado e que quase me levou a desistir da hospedagem, mas como já havíamos feito o check-in, acabamos ficando.
 
Na terça-feira, 19/01, depois de todos os passeios tradicionais, retornamos ao hotel no fim da tarde, colocando o carro na tal garagem. Por volta das 20h30 começou uma forte chuva, ocasião em que liguei para a portaria e eles me disseram para ficar tranquilo que a garagem não corria o risco de inundação, principalmente nos fundos onde nosso carro estava. Acreditei. Mas a chuva não parava e faltou energia elétrica. Por incrível que pareça, o gerador fica dentro dessa garagem e as botoeiras para ligar as bombas para drenagem da água, também (esse projeto foi aprovado pelos bombeiros?). A garagem inundou completamente e nosso carro estava lá dentro (junto com vários outros). Um funcionário do hotel disse que chegou a romper uma barragem, o que teria agravado a situação. Tal fato não foi comprovado, mas como a água era muito barrenta, pode até ser verdade. Quanto ao gerador e as bombas, não ficamos sabendo se realmente existem ou é apenas conversa pra boi dormir.
 
 
Foto 1 – Vista da fachada do hotel Joia, um dia antes da inundação da garagem.
 
O que se seguiu depois foi um circo de horrores e não vem ao caso, mas a sensação de impotência é enorme e posso garantir que foi uma das piores noites de nossas vidas. Dia seguinte, o táxi enviado pela seguradora nos pegou no hotel às 11h e nos trouxe até Santos. Por uma daquelas coincidências da vida, o motorista do táxi (Francisco – um ser humano ímpar) seria o motorista do guincho que iria retirar nosso carro da garagem no dia seguinte. Aí, ficou tudo mais fácil e cheguei a combinar com ele que retirasse do carro os poucos pertences que lá estavam e nos enviasse por Sedex (o que ele fez). Não vimos mais o carro ficando caracterizada sua perda total pela seguradora que honrou fielmente o compromisso e, no prazo de 15 dias, fez a indenização devida pela Tabela FIPE. Aliado a isso, nosso corretor é um verdadeiro anjo da guarda e jamais teremos palavras para agradecer a ele tudo o que fez por nós, inclusive no lado psicológico.
 
Por outro lado, o hotel em si não deu apoio nenhum aos hóspedes e no nosso caso apenas não cobrou uma diária (a outra, pagamos). Fazemos justiça apenas ao seu gerente, Sr. Arnaldo, que foi o único que mostrou preocupação e tristeza com o ocorrido e que sempre tinha uma palavra de atenção a todos. Foi ele que manteve contato posterior informando sobre quando o carro poderia ser retirado da garagem pelo guincho. Os demais funcionários, talvez chocados pelo que aconteceu ou por desinteresse mesmo, pareciam baratas tontas, mais preocupados em limpar o hotel do que dar apoio aos hóspedes naquele momento tão delicado. Uma prova de que o que importa mesmo é somente a propaganda (mentirosa, quase sempre) e o faturamento em cima dos hóspedes. Essas propagandas mentirosas é que nos levam a dificilmente fazer reservas de hotéis e pousadas, preferindo chegar ao local e avaliar in loco o que oferecem.
 
 
Foto 2 – Vista da inundação da garagem com vários carros submersos, inclusive o nosso. Note os dizeres na parte superior da foto.
 
O que me deixa mais revoltado com esse hotel é o fato de estarem novamente disponibilizando a mesma garagem para seus hóspedes que, inadvertidamente, colocam lá os seus veículos. Essa informação me foi passada por uma amiga que passou o carnaval na cidade e, a meu pedido, foi até o Jóia checar a situação.
 
O centro da cidade virou um caos, chegando a haver vários saques no comércio, com os comerciantes tendo prejuízos incalculáveis. Portanto, indo a Poços de Caldas, informe-se bem sobre os locais sujeitos a inundação e, no caso de hotéis ou outros locais com garagem subterrânea, fuja deles. Aliás, no meu entender, a construção de garagens subterrâneas   — seja onde for — é um grande erro que traz altíssimos riscos.
 
Abro um parênteses para tecer breve comentário sobre a cidade. Sentimos nesta  mais recente visita que Poços de Caldas está decadente como pólo turístico (em termos de comércio a cidade é muito boa). Ver uma cidade que chegou a ter, orgulhosamente, o primeiro e verdadeiro VLT do país (monotrilho aéreo), ainda na década de noventa (hoje totalmente abandonado e com estações destruídas), chegar ao ponto que chegou, em termos turísticos, é muito triste. A cidade parou no tempo, para não dizer que regrediu. Informações dão conta de que a inundação ocorreu devido falta de limpeza pela prefeitura das galerias e com a falta de cuidado com os dois rios (canais) que cruzam toda a cidade. A estrada de acesso à Pedra Balão está péssima e o Morro do Cristo só vale pela vista, estando meio que abandonado.  A própria Cascata das Antas (em minha opinião, a atração maior), fora sua beleza natural, também não oferece nada. Outro aspecto negativo (que não é exclusividade de Poços) é o trânsito caótico. Dirigir hoje por lá exige muita paciência do motorista.
 
Não deixaremos de ir à cidade por esses motivos, mas uma coisa eu garanto: Hotel Jóia e outros com garagens subterrâneas, nunca mais.
 
 
******